Pov Camila
Sonho on
Meu garoto misterioso me levou para casa depois de todos os acontecimentos da praia. Assim que tranquei a porta escorreguei pela mesma e deixei um suspiro escapar. O que ele faz comigo? Tô parecendo uma completa boba romântica, que ridículo. O melhor a fazer agora é levar tudo isso na normalidade, né? Bom, eu acho que sim, então por enquanto vou ignorar tudo isso e depois penso sobre. Meu pensamento é interrompido pelo meu celular tocando. Quando vou atender eu acabo pegando no sono, mas mesmo assim continuo escutando o barulho.
Sonho off
Acordo um pouco suada e surpresa por tudo que aconteceu. Deixo que meu corpo caia novamente pelo colchão e fico tentando assimilar as coisas. É impressionante como esses sonhos e a realidade são parecidos, seria cômico se eu contasse pro Felipe, mas aí eu acho que ele pensaria que eu tô birutinha e não quero deixar essa impressão de forma alguma, quero parecer alguém minimamente equilibrada e contar pra ele de um sonho romântico que pareceu com o nosso beijo ontem é o contrário de parecer normal.
Me dirijo ao banheiro faço minha higienes matinais, me troco e desço para a cozinha, ao chegar lá vejo Felipe e sua mãe. Sorrio, coloco minha mochila nas costas e entro no cômodo recebendo sorrisos dos dois, em especial do Lipe, mas ignoro esse fato e apenas respondo o bom dia que a mulher ao seu lado acabou de me dar enquanto sento-me a mesa, aproveitando o café da manhã delicioso que ambos fizeram. Essa família e a cozinha são muito próximos porque tudo que eles fazem e eu como é incrível, pelo amor, como é possível ser tão bom assim em algo? Eu não sei, só faço questão de tirar proveito disso.
- Bora? - Pergunto logo depois de ver que precisávamos ir agora ou não pegaríamos os portões abertos. O garoto na minha frente só balança a cabeça positivamente, dá um beijo na cabeça da mãe e sai do lugar com uma torrada na boca. - Tchau, tia. - Falo enquanto a abraço e recebo um pacote com duas panquecas doces o que faz um enorme sorriso brotar em meus lábios. - Brigada. - Falo com um pouco de vergonha lembrando que eu praticamente invadi a casa dela, beijei o filho dela e agora tô saindo com doces que ela faz como se fosse a coisa mais lindinha do mundo. Chego lá fora e o vejo me esperando.
- Então...Sobre ontem. - O olho com dúvida. - Não dá pra deixar isso de lado principalmente porque somos tão próximos, Camila, você sabe que eu tô certo, vamo faltar a primeira aula. - Diz e fico um tanto indecisa sobre o que fazer. - Precisamos conversar, urgentemente. - Finaliza fitando meus olhos tão fundo que parece conseguir ver a minha alma e entender o motivo de eu estar tão receosa. Apenas assinto com a cabeça e sinto o mesmo me puxar pra um parque, eu nem prestei atenção em onde estávamos, estava completamente absorta em meu pensamentos. - Camila? Camila, cê tá aí? - Ouço Lipe me chamando e finalmente saio de meus devaneios.
- Oi, tô sim. - Respondo o mais rápido que posso, tentando passar uma confiança inexistente em meus olhos e em mim. O acompanho até um banco na parte mais afastada do parque, ou ele quer me beijar de novo, ou quer gritar ou quer o máximo de privacidade. Acho e espero que seja a segunda opção. - Então...Pode falar. - Digo para tentar encorajá-lo assim que noto o nervosismo dele.
Felipe pov
Assim que ela disse que eu podia falar eu travei, foi como se toda a conversa com a minha mãe tivesse escapado da minha mente e só consegui pensar sobre a noite anterior e se eu estava sendo ridículo, nós somos maduros para evitar que isso interfira na nossa amizade, mas precisaríamos de um tempo pra nos adaptarmos a tudo. Eu não quero me afastar dela, é uma das pessoas por quem tenho mais carinho atualmente. Respiro fundo me acalmando e começo.
- Eu não gosto de você como mais que amiga e nem você de mim, isso é um fato. - Começo e a garota me olha intrigada, achando que já havíamos passado dessa parte do processo. - Mas isso não quer dizer que eu não goste de beijar você ou que você não goste de me beijar. - Nesse momento ela pareceu entender onde eu queria chegar e arregalou os olhos. - Então eu pensei que podíamos ficar, sem compromisso, só avisando se fosse ficar com outra pessoa pra ter um controle do que rola. - Finalizo nervoso e encarando meus dedos que brincavam uns com outros, nesse momento eles parecem muito mais interessantes, ouço a menina ao meu lado tentar falar algumas vezes.
- Uma amizade colorida? - Pronuncia quando finalmente consegue falar, eu apenas assinto e continuo com os olhos em meus dedos. - Você joga essa bomba e nem olha pra mim? - Forço minha cabeça para cima e meus olhos são presos pelos dela, tão lindos... - Olha, isso foi muito rápido, eu nunca te vi assim antes e agora você me propõe isso. Eu sei como essas coisas terminam e não é bem, elas terminam com alguém se apaixonando e se magoando e eu não quero ser a pessoa que se magoa dessa vez. - Fala tão rápido que quase não entendi o que ela falou. - Eu preciso pensar nisso, não posso te responder agora. - Responde por fim e saí do lugar o mais rápido que pode, mas sem correr.
- Camila! - Grito por ela, mas a mesma nem me olha. - Merda, merda, merda. Eu sou um estúpido. - Digo batendo a mão no banco, pelo menos eu sei pra onde a garota tá indo, acho melhor nem ir atrás dela, só vai deixá-la brava e isso é o que eu menos quero no momento. Eu preciso falar com o Harry, mesmo que ele me odeie é a única pessoa que realmente vai me dar um conselho bom nesse quesito. Sento-me embaixo de uma árvore e fico olhando o "riozinho" do parque.
Narradora on
O que o medo faz com as pessoas? De um lado o garoto com medo de que ela nunca mais fale com ele e do outro uma garota com medo de se apaixonar novamente. Ele tem medo de tudo que possa acontecer e ela de tudo acontecer de novo. Tudo seria mais fácil se eles soubessem quem são as pessoas de seus sonhos, se eles soubessem o que sentem, se soubessem mais do que sabem. Mas quem pode culpá-los por complicar tanto as coisas? Afinal eles são só adolescentes e até mesmo os adultos são muito complicados no quesito amor. Afinal, eles não tem todas as informações.
Enquanto seguia para a escola sua cabeça martelava cada bendita palavra que saiu dos lábios de seu amigo. O que ele queria com aquilo? Ou melhor, o que tinha sido aquilo? Uma dúvida que tomava conta da cabeça de Camila enquanto andava pelas longas calçadas de Salvador. Quem poderia julgá-la? A menina acabara de sair de um relacionamento onde houve traição, não teve nem tempo de esquecer seu ex e o garoto dos sonhos apareceu, mas pelo menos ele não era real, ou ela achava que não era e agora seu amigo veio lhe propor uma ideia que sempre considerou estúpida. O que ela devia fazer? O que ela ia fazer? Nem a própria tinha a resposta para tais perguntas.
Já Felipe, coitado, estava com a cabeça embaralhada, a garota dos sonhos era por quem estava louco, mas ela não era real, ou era? Ele preferia crer que não e seguir em frente, mesmo que a encontrasse toda noite em seus sonhos era muito melhor fingir que não lembrava dela. Sua amiga era alguém apaixonante, por que não tentar algo por ela? Não esperava que ela pedisse para pensar. Esperava um sim ou um fora, principalmente o fora, mas nenhum dos dois veio e isso só o fez ficar mais nervoso a cada instante que passava sem uma resposta. Depois de algum tempo finalmente levantou-se e tomou o rumo de sua escola, afinal não podia simplesmente abandonar todas as aulas do dia, mesmo que não tivesse cabeça para ver nenhuma.
O que ambos queriam era estar em casa no seu quarto sem fazer nada ou fazendo algo. Queriam colocar uma pedra no que aconteceu e fingir que havia sido um delírio coletivo, mas quando a merda já tá feita não dá pra voltar atrás, o que podem fazer por agora é continuar falhando em todas as suas tentativas de prestar atenção em suas aulas e ignorar tudo que acontecerá antes de irem para o colégio e lidar com isso, mas não é tão fácil quanto parece...
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Continuaaaaaaa
Creio que sai mais um cap hoje e OBRIGADA PELAS 200 VIEWS, AAAAAAAAA
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Nos Meus Sonhos (Em Pausa)
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