Raquel

29 5 1
                                    

           Mais uma vez eu fui caminhando com minhas malas, pelo aeroporto. Mas dessa vez ele havia chegado primeiro. Estava usando óculos escuros. Seu cabelo cuidadosamente ajeitado. O terno azul marinho, como a gravata. A camisa branca. Os sapatos pretos chegavam a brilhar. Um homem tão focado no trabalho, que ainda encontrava tempo para ser vaidoso... 

            Eu estava usando uma saia lápis cinza. Blazer preto. Blusa social "soltinha", branca. O fato de ter ganhado alguns quilinhos teriam que explicar o pequeno volume na minha barriga. Quando percebessem. Até então, eu conseguia disfarçar. Talvez por não aparentar cinco meses. Eu pensava que nessa fase a barriga já seria bem proeminente. Mas não passava do inchaço normal de todos os meses durante o período menstrual. Claro que já tinha ouvido falar de casos onde a barriga não cresceu muito até o fim da gestação. Me perguntava se seria o meu caso. Já que tudo foi tão diferente para mim. 

            _ Olá, senhor Leviels. 

            _ Olá, senhorita Pratt. 

            Ele se virou e foi na direção da área de embarque. E eu respirei aliviada por ser um tratamento totalmente profissional, como sempre. 

            Confesso ter dormido durante todo o voo. O que me deixou com um gosto ruim na boca e muita fome. Então as primeiras coisas que eu quis fazer foram, escovar os dentes e ir até o restaurante do hotel. Por sorte a reunião ainda iria demorar. 

           Estava me encaminhando ao restaurante quando vi meu chefe falando ao telefone. Enquanto aguardava o elevador. 

           _ Você é muito importante para mim. Sem dramas! _ ele dizia com um sorriso. 

           Me afastei discretamente. Porque realmente não queria tornar nosso relacionamento mais íntimo do que profissional. Sua vida pessoal não me importava. 

           _ Raquel. _ parei quando o ouvi me chamar. 

           Ele havia encerrado a ligação e estava segurando a porta do elevador. 

           _ Olá, eu... Não queria atrapalhar sua ligação. _ disse sem graça. 

           _ Você nunca me atrapalha em nada. Venha! Está com fome não é?

           Apenas afirmei com a cabeça e fui para o elevador. Agradecendo por ele ter segurado a porta para mim. Sentia que havia um clima meio tenso que parecia ter sido criado por mim. Eu estava ficando paranóica e poderia prejudicar nosso relacionamento profissional. Tentei aliviar com algum comentário qualquer. 

          _ Eu dormi muito e estou com fome. 

          _ Tenho exigido de mais de você no trabalho? 

          Se eu tivesse um pouco mais de coragem, seria a hora perfeita para pedir um aumento. Em breve minhas despesas iriam ampliar, por conta do meu filho. 

          _ Não. Eu... Nem sei porque dormi tanto. 

          _ É melhor dormir no avião do que na reunião. _ ele sorriu. 

          E eu nem acreditei que ele estava mesmo brincando com a situação. O senhor Leviels era muito sério com relação ao trabalho. 

          Eu tentava disfarçar o meu constrangimento em fazer aquela refeição com ele. Enquanto tentava evitar os pensamentos sobre o nosso bebê. Eu não queria contar para não atrapalhar o relacionamento dele, porém... Isso seria justo com o nosso filho?

          _ Por que está tão séria? Aconteceu alguma coisa? Um problema de saúde grave?

          _ Ah, não. Eu só estava pensando algumas coisas complicadas. 

Is It Love? Carter Corp - Amor e Poder Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora