Uma vez dentro de casa, Bakugou me abraça e sai andando sem dizer nada, e não muito tempo depois ele chama a todos os presentes, dizendo que o jantar estava pronto. Eu já havia tomado um banho e trocado de roupa, e Mina já havia me interrogado sobre tudo o que acontecera na missão e, mais importante, com Hawks. Ela sinceramente precisava colocar a prioridade dela em ordem. Kirishima se aproxima e põe a mão no meu obro.
— Você está bem mesmo, Hochi?
— Estou, prometo. Não precisa se preocupar.
— Bakugou quase rastreou seu celular de preocupação, sabe? Dê um tempo para ele se acalmar, e já já tudo ficará bem. Sabe, ossos do ofício. — Kiri sorri com carinho.
— Se eu não o conhecesse tão bem, você ficaria sem namorado, Kiri. Ninguém fala comigo daquele jeito. — Digo, sorrindo também. Bakugou nunca havia me subestimado, e eu sabia que naquela vez não era diferente. Eu sabia que ele só estava apavorado com a ideia de que eu poderia ter morrido.
Depois do jantar, a maioria de nós escolheu assistir um filme, enquanto alguns foram para seus quartos. Kiri disse que iria passar o fim de semana ali e Jirou e Momo resolveram que iriam embora de madrugada. Estar em casa era uma benção, e eu sinceramente me sentia aliviada Mesmo assim, todos os acontecimentos continuavam rodando em minha cabeça.
Uma batida na porta faz com que todos se virem para longe da televisão, mas sou eu quem se levanta e vai atender a porta. Eram quase duas da manhã, então me pego pensando quem poderia ser. Mal abro a porta e sinto braços fortes me abraçando, sua respiração irregular e seu coração batendo como louco.
— Você correu até aqui? — Pergunto, preocupada.
— Eu precisava ver que você estava realmente bem. — Shoto responde, sua voz saindo abafada por ele estar com o rosto enterrado em meu ombro.
— Eu estou ótima... Talvez não 100%, por isso eu pedi o dia de folga amanhã, mas pelo menos bem melhor do que antes. — Sorrio, em uma tentativa de tranquiliza-lo. — Mas ei, agora falando sério... Como você chegou aqui?
— Vim correndo. Só queria checar em você... Já está tarde, eu deveria ir indo. — Ele se afasta um pouco, e percebo bolsas escuras sob seus olhos. Ou ele não dormia direito faziam algumas noites ou não acordara tanto tempo atrás. Talvez os dois.
— Roki, não vai voltar a pé para casa sozinho assim tão tarde, né? Durma ai! Momo e Jirou vão dormir na sala, mas com certeza temos espaço para você. — Ofereço.
— Não quero incomodar... — Ele responde, silenciosamente.
— Você nunca incomoda. O máximo que pode acontecer é termos que dividir a cama, o que já fizemos várias outras vezes. E outra, antes que você diga qualquer coisa, minha cama é de casal, tem bastante espaço para nós dois. — Sorrio para meu amigo, tentando convencê-lo de que não havia problema algum dele dormir ali. Ele suspira, e fecho a porta atrás dele.
— Oi, Todoroki! Estamos assistindo um filme, quer assistir também? Temos pipoca quentinha!
— Hm... Tudo bem. Qual filme?
Não preciso nem dizer que aquilo não durou muito tempo. Quando o relógio bateu três da manhã, meus olhos já estavam pesando. Todoroki também parecia prestes a cair no sono, então demos um boa noite geral para nossos amigos energéticos demais e fomos para meu quarto. Me troco rapidamente antes de deixá-lo entrar, e solto meu cabelo, que antes estava preso em uma trança.
— Roki, eu posso pedir para alguns dos meninos te emprestar um pijama, se quiser, mas você pode dormir como se sentir mais confortável. — Só Denki e Sero estavam acordados, mas Sero não morava conosco e Denki provavelmente havia esquecido de lavar sua roupa, então dificilmente possuiria algo para emprestar. — Ou pode sei la dormir de cueca, não me importo.
Deito na cama e me cubro, observando-o. Eu poderia estar enganada, mas seu rosto parecia bem vermelho, mesmo no escuro. Ele tira sua blusa, a pendurando na maçaneta da porta, e deita ao meu lado, ainda com seu short. Por fim, ele se vira para mim. Seus olhos estavam indecifráveis. Brinco com o lado branco do cabelo dele, esperando que ele me dissesse o que estava na cabeça dele. Éramos amigos à tempo o suficiente para que eu conseguisse facilmente reconhecer quando havia algo de errado com ele, e para que eu soubesse quando eu deveria deixá-lo escolher se queria conversar comigo ou não.
— Você está bem mesmo, Hope? — Ele pergunta com a voz grave. Suspiro, pensativa. Eu estava bem mesmo? Eu ainda pensava nas sombras do meu pai se agarrando em mim, e do veneno se espalhando pelas minhas veias, me enfraquecendo mais e mais a cada instante. Lembro-me de tudo o que senti conforme lembranças que eu desejava mais do que tudo esquecer atormentavam meu sono mórbido e de tudo o que Hawks havia tido que fazer para que eu acordasse novamente.
— Sendo sincera? Não estou. Estou cansada, e apavorada, e agradecendo aos deuses por você estar comigo aqui e agora. Só de pensar no que aconteceu já consigo sentir meu corpo tremer e meus olhos encherem d'água. Sinto uma dor inexplicável quando penso quem fez isso comigo, e uma frustração imensa por não conseguir entender o porque e por não ter conseguido fazer nada para impedir. — Uma lágrima escorre pela minha bochecha, e os olhos de Shoto a acompanham até que sua mão seca-a. — Mas eu sobrevivi, Roki, e isso é tudo o que me importa. Fim de história. O que não me matou só vai ser mais uma coisa para eu lidar enquanto eu estiver viva.
— Não sei como você consegue. — Todoroki suspira. Ele então me puxa para um abraço, enterrando a cabeça em meu ombro.
Ficamos em silêncio por tanto tempo que eu penso que ele já havia caído no sono. Minha respiração já estava mais lenta, e eu agora estava quase totalmente domada pelo sono.
— Eu te amo, Hope.
Meus olhos se arregala e minha boca se escancara. Haviam anos que éramos amigos, mas ele nunca havia dito aquelas palavras daquela forma antes. Não com tanto sentimento, nunca de forma tão clara. Ele se afasta um pouco e me olha, e vejo um turbilhão de sentimentos em seus olhos.
— O que foi que você disse? — Sussurro, hesitante.
— Eu te amo, Hochi.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lover of Mine - Hawks x OC
FanfictionHope Chinmoku, uma heroína profissional da geração de Izuku Midoriya enfrenta seu passado e seu futuro quando a Liga de Vilões reaparece após anos no escuto com seu pai como braço direito de Shigaraki. Após anos lidando com as consequências de ter...