Agente 53 - 7

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Ela estava linda quando chegou ao restaurante.

Demorou alguns estantes para encontrar a mesa em que eu me encontrava no ressinto. Fiquei surpreso ao ver a ligação dela no meu celular ontem, apesar de ter dado o cartão não esperava que ela fosse realmente ligar. No começo pensei seriamente em dizer não, observando o fato de ela ser uma das suspeitas do homicídio de John Carter, mas ao pensar melhor poderia utilizar dessa aproximação para conseguir mais pistas. E era o que faria.

— Sente-se, por favor — Já se levantando e ajudando a empurrar a cadeira e voltando para o lugar — Demorou um pouco para chegar, aconteceu alguma coisa durante o caminho?

Ela ficou ligeiramente surpresa e demorou um pouco para falar, dando um sorriso enquanto inclinava para mais perto de mim.

— Demorei decidindo vir a pé no último segundo. Queria aproveitar a noite agradável — Deu um sorriso e pegou a taça que já estava servida na mesa e bebericando um pouco — Foi uma noite reveladora.

— Mesmo? E o que te fez achar isso? — Também se inclinou na direção dela analisando cada traço que suas feições se formavam enquanto falava.

— No caminho até aqui percebi o quanto a vida é ínfima, o que também me fez perceber que devemos aproveitar cada dia até o fim. — Deu um sorriso lúdico.

— Carpe Diem.

— Como? — Ela perguntou confusa.

— Carpe Diem. Aproveite o dia — Deu um sorriso — Admito ter ficado surpreso com sua ligação Sra. Dukan.

— Fiquei pensando muito sobre tudo o que aconteceu — Ela olhava para a taça de champanhe agora — Nos primeiros momentos eu fiquei em negação sobre a morte dele. Quando você apareceu lá em casa, primeiro fiquei confusa e parecia que tudo estava de uma forma errada. Demorou a cair minha ficha que ele realmente se foi. — Agora ela olhava diretamente no fundo dos meus olhos.

— Sinto muito por sua perda. Perder alguém que já amamos é realmente muito difícil.

— Você já perdeu alguém ao qual amou verdadeiramente, Agente? — Ela perguntou curiosa pela resposta.

Pondero bastante para responder. Abrir assuntos da sua vida não fazia parte dos seus planos naquela noite, mas mesmo assim não acho que haveria realmente um problema em revelar. — Então suspirou e começou a contar.

— A conheci quando ainda estava fazendo faculdade de Direito, o nome dela era Andressa e era da mesma turma. Começamos a namorar depois de nos conhecermos melhor, mas ela acabou se afastando e se envolvendo com drogas pesadas. Morreu de overdose no banheiro da faculdade. — Ele levantou os olhos para ver o rosto de Emylie Dukan.

— Ela foi um dos motivos de você ter virado quem é?

— Como assim? — Perguntou confuso.

— Você decidiu ser policial por causa dela? — Ela inclinou levemente a cabeça — Creio que sim.

— Entendo. — Ela parecia mais pensativa que o normal.

— Mas e você? Qual foi o seu motivo para virar o que é hoje? — Ela pareceu surpresa com a pergunta — Imagino que deva gostar muito de humanos para escolher ser enfermeira. — Ela deu um sorriso em resposta.

— Quando falamos de ajudar a curar pessoas, muita gente pensa logo em um médico, mas nunca observam a verdade.

— E qual é a verdade Sra. Dukan? — Perguntou intrigado.

— A verdade é que ao todo o papel do médico não é o mais importante, enfermeiras fazem um papel fundamental e os médicos não poderiam fazer metade do que fazem em seu trabalho sem nós auxiliando.

Ela falava com energia enquanto defendia algo em que acreditava. Isso me fascinava. Os olhos dela pareciam dois pequenos sóis dançantes. — Ele deu um sorriso.

— Imagino que esteja certa. Quanto tempo você namorou John Carter?

— Durante 3 anos.

— Muito tempo.

— Eu tentava terminar o namoro, mas ele nunca deixava — Ela fechou os olhos, um pouco angustiada — Até que cheguei ao limite e terminei com ele e simplesmente sumi por um tempo.

— Parece que deu certo. Você chegou a falar no outro dia que ele começou a se envolver com coisas ilícitas, tem mais algum aprofundamento sobre no que ele estava envolvido em questão?

— Ele começou tudo nos jogos de azar. Começou a se endividar e não conseguia parar com os jogos, quando começaram a cobrar a divida ele começou a surtar e a furtar dinheiro dos pais, amigos...

— E até da ex-namorada, imagino. — Agora uma pequena luz abriu na minha mente me conduzindo ao verdadeiro motivo de John Carter estar em uma festa de um dos empresários mais bem sucedidos do país. Será que ele estaria devendo dinheiro a Tanner Swagam?

— Não posso negar, acho que o vicio acaba corroendo a alma de uma pessoa, deixando no estado mais primitivo do homem. — Ela balançou a cabeça lamentando o fato.

— Creio que já está tarde, como vou voltar sozinha para casa, preciso ir antes que fique muito perigoso. — Ela deu um sorriso já se levantando.

— Se quiser posso acompanha-la.

— Não quero te dar trabalho.

                                                                           ~~~~~~*~~~~~~

Após muita insistência conseguiu convencer Emylie Dukan a ser acompanhada até em casa. Ela parecia perdida nos próprios pensamentos durante o trajeto, o que me deixava mais fascinado em querer descobrir todos seus pensamentos mais obscuros.

— Acho que é isso. — Disse deixando-a na frente do portão.

Ela levantou o pé e me deu um beijo na bochecha. De perto os olhos dela pareciam ainda maiores e os lábios ainda mais vermelhos. O perfume dela era adocicado, mas não do jeito enjoativo, tinha um toque floral bem no fundo. — Acabei dando um sorriso.

— Obrigada pela noite. Foi maravilhosa. — E assim ela entrou.

Emylie Dukan era uma das mulheres mais fascinantes com quem Ryden já tinha cruzado o caminho. E adoraria conhece-la melhor, mas não misturaria o trabalho com a vida pessoal. Ele sempre iria priorizar seu trabalho.

                                                              ~~~~~~~~*~~~~~~~~~

Quando chegou a sua casa pegou o jogou o palito no sofá, alargando a gravata e olhando no espelho. Parecia bem naquela noite. Quase enganou a si mesmo em relação a quantidades de noites que não conseguia dormir sonhando com Andressa. Nos seus sonhos ela sempre aparecia o chamando e falando que sua morte era inteiramente sua culpa.

Ele pegou uma pasta preta que continha o arquivo do mais novo caso relacionado à morte do John Carter. Puxando dois documentos. Um de Emylie Dukan e outro de Tanner Swagam.

EMYLIE DUKAN. 25 ANOS. SOLTEIRA. ENFERMEIRA.

Sem antecedentes criminais, nenhuma transgressão, nome limpo, bons antecedentes. Boa relação familiar, uma família bem estruturada. Formou-se como uma das alunas com as maiores notas. — Até mesmo a melhore das pessoas poderiam se envolver com a pessoa errada.

TANNER SWAGAM. 52 ANOS. EMPRESÁRIO. MULTIMILIONÁRIO.

Tanner era o típico homem em que vivia se safando da policia por ter amigos dentro o ajudando a se livrar. Apesar das inúmeras denuncias sobre porte de armas não registrado, casas de jogos de azar. Casas de prostituição. Aliciação de menores. Envolvimento em tráfico humano.

Talvez realmente Tanner Swagem o culpado pelo homicídio de John Carter. — Dentou no sofá e deixou ser levado novamente para outro sonho com Andressa.

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