Ângela - 9

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Ângela sempre fazia tudo de forma calculada.

Foi assim que conseguiu uma planilha de toda vida de John Carter e a tão bem vinda descoberta do relacionamento instável que o mesmo tinha com Tanner Swagam. Como previsto, a vida criminosa dos dois vai ocupar a polícia por um longo período e, observado o histórico de tentativas fracassadas de prender Tanner, ela acreditava veementemente que logo o caso iria ser encerrado por faltas de provas.

Nesse momento ela se encontrava despreocupada na frente do monitor, ela sempre mostrou certa aptidão para tecnologia e isso ampliou bastante a forma que ela poderia ocultar provas desavisadas. Uma gravação de telefone, monitoramento de câmeras, ela sempre estaria um passo a frente da polícia e foi por isso que pediu para amiga usar um celular especial para se comunicar com ela sem nenhum empecilho.

Conseguiu com certa dificuldade a câmera de gravação que a casa que a amiga fez uma visita na outra noite. Sendo honesta, nunca acharia que Emylie iria matar alguém novamente. Não, diferente dela Emylie nunca teve o sangue frio.

Nas gravações mostrava a amiga pulando o muro e entrando por uma janela desavisada. Era evidente que os moradores dessa casa não tinham preocupação com questões de segurança. Ângela então pressionou o botão Deletar. E assim, novamente não haveria provas para incriminarem nenhuma das duas.

Ela se levantou e foi tomar um banho de banheira. — Sentando na banheira com a água já preparada e deixou-se afundar nela como se pudesse por alguns instantes parar de existir. Era quase um jogo para ela, quanto tempo ela conseguia ficar prendendo a respiração.

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Pegando o carro foi até o trabalho. Demandava esforço manter uma vida tranquila, sem suspeitas. Sempre muito amigável e complacente. Ela aprendeu isso com Emylie, no inicio não entendia a diferença de fingir ter boas relações, na verdade sempre achou algo inútil, já que visivelmente tudo não se passava de laços superficiais.

— Olá Ângela, está incrível hoje. — Tonny sempre a cantava na recepção.

— Ah, obrigada. — Deu um sorriso fingido de volta para o sujeito que tinha a idade para ser seu avô.

Entrando o elevador ficou analisando sua aparência no espelho, ela gostava do formato dos seus olhos e rosto. Poderia facilmente dizer que era dona de uma beleza sobre-humana. — Deu um sorriso e saiu do elevador quando a porta abriu.

Ângela era investigadora particular. E alugou um espaço em um edifício com boa localização na cidade para atender seus clientes. Na maioria das vezes os casos eram relacionados a esposas desesperadas que buscavam saber se seus maridos a estavam traindo com outras mulheres.

Tinha horário marcado para atender uma cliente às 14 horas.

— Sra. Montclaire, obrigada por me atender. — A cliente era de estatura baixa, se vestia formalmente até demais para o gosto de Ângela e tinha alguma coisa na entonação que a mulher usava que a incomodava de alguma forma.

— Sente-se, por favor, Sra. Viena. Como posso ser útil?

— Gostaria que a senhora investigasse meu marido. — Sempre a mesma história.

— Suspeita de alguma traição? — A mulher balançou a cabeça em negativa.

— Meu marido tem feito certas transições e gostaria de saber o que ele está fazendo com o nosso dinheiro. Posso parecer muito controladora, mas quero saber exatamente como anda o meu patrimônio, não quero correr riscos desnecessários por atos inconsequentes do meu marido.

— Entendo. Pode deixar Sra. Viena, darei a resposta sobre o seu caso daqui alguns dias.

Pelo menos algum caso interessante. — Ângela sorriu e cruzou os braços.

Abrindo a gaveta de madeira escura puxou uma das pastas com o nome Ryden Bennett. Ela nunca iria mandar Emylie se aproximar de alguém que ela não soubesse exatamente com quem estaria lidando, mas tinha algo no passado de Ryden que fazia com ela se sentisse mais curiosa e instigada a investigar mais a fundo. Todo o histórico sobre a vida de Ryden se mostrava detalhadamente e aprofundado, mas não em relação a um relacionamento especifico que ele tivera quando estava na faculdade. Andressa Soares. Era curioso ter somente uma menção breve dela no sistema e o jeito que foi constado a causa da morte trazia duvidas sobre a realidade ficta da situação.

Levantando da cadeira e abrindo uma pequena brecha na cortina olhou através da vidraça para a grande cidade em que vivia, tendo uma certeza em mente. Todos dessa cidade tinham segredos. A diferença era que Ângela sempre descobria os que os outros colocavam por baixo do tapete, não importava quanto tempo levasse.

Alguém bate na porta.

— Pode entrar, por favor. — Ela dá um sorriso para outro cliente.

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⏰ Última atualização: Jun 17, 2021 ⏰

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