14º Capítulo

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Turco enrolou e enrolou pra falar e até agora não chegou onde o assunto fica interessante, só soube contar de uma chuva forte que teve, coisa que a gente já sabia. Ele tava contando da chuva como se fossemos de outro planeta.

- Vai fala o que tá acontecendo ou vou ter que tirar sua língua fora? - Victor cobrou a parte importante pela terceira vez.

- Cara eu só queria te pedir uma ajuda, a escolinha aqui da comunidade caiu pela estrutura mal feita mas eu to sem grana pra refazer - explica - As crianças estão tudo em casa e as mulheres não saem pra trabalhar porque não tem ninguém pra cuida.

- Já fez pelo menos a planta da escola?

- Já tá tudo certo.

- Então o problema é o dinheiro.

- Por isso te chamei..

- E cadê?

- Persa, pega o projeto lá - a mulher que foi lá na mansão vai até a estante e pega um cartaz - Quando uns filho da puta me pagar eu vou te devolvendo a grana.

Victor pega o cartaz e abre colocando ele no nosso colo, aproveitei pra olhar porque não sou besta. A creche não é tão grande, ela inteira só da a sala da casa do Victor e olhando assim ela é linda e bem aconchegante pra todo mundo. Quando desci o olho pro canto da folha quase engasguei com o preço.

- A gente tem 30 mil investido mas o resto que é difícil - Turco explica.

Victor bebeu a cerveja olhando pro papel deixando o clima tenso.

- Tá pode fazer - olho pra ele surpresa.

No final ficou $ 100.000,00 pro Victor dar.

- Oh meu chefe valeu mesmo cara - respira aliviado.

Victor enrolou a cartolina de novo e entregou ela pra tal de Persa que saiu logo em seguida. Achei legal da parte dele fazer a escolinha mas é muito dinheiro, veio na minha cabeça que o Victor até tem o dinheiro de sobra mas esse Turco não vai ter pra pagar e isso vai dar um ruim.

Eles ficaram um tempo conversando e eu fiquei só do lado do Victor sem falar nada.

- E o Russo ainda tá contigo? - Turco pergunto.

- É, ele tá.

- Beatriz continua a mesma né não?

- Continua, só mudou as roupas mas é a mesma garota.

- Será que ela sabe dança ainda? - um dos cara diz rindo.

- Fala isso perto do Russo, tenho certeza que você leva uma bala na cabeça - diz sério e o cara para de rir.

Ele virá logo terminando a cerveja e deixa a garrafa na mesinha.

- Clark tava perguntando de você esses dias atrás - Victor arqueia a sobrancelha.

- Quem é Clark?

- Da escola, que era sua namoradinha antes - ele explica e Victor da risada.

Meu Deus.

- Sei, a rata e ela tá aqui ainda?

- Todo mundo tá aqui Dk, só você que ficou rico e vazou.

- O irmão dela tá aqui ainda?

- Tá no hospital, caiu de moto semana passada.

- Senti saudade de morar aqui não Dk? - o cara pergunta.

- Nem um pouco.

- Ele mora em uma mansão que é do tamanho de um colégio e você acha que ele senti falta desse muquifo?

Meu braço tava dormente já com peso do braço do Victor encostado em cima, tirei ele e não tinha onde colocar. Apoiei meu antebraço no ombro do Victor e ele nem percebeu.

- Sinto falta do futebol só.

- Sabe quem faleceu? A dona Guti.

- Da venda de doce?

- É.

- Morreu porque? - Victor pegou minha mão que tava pendurada no ombro dele.

Olhei pra ele estranhando mas ele tava tão vidrado na conversa que nem deve ter percebido. Pelo menos era o que parecia.

- Câncer.

- E a filha dela?

- Caso e foi embora.

- Logo ela?

- Pois é, logo a que todo mundo pegou - Turco ri.

Que horror, conversa desnecessária.

- Me tira disso aí.

O celular dele apitou vibrando na minha coxa nos fazendo olhar pra baixo, foi só ai que ele percebeu onde a mão dele tava e soltou minha mão na hora.

Acabei vasculhando e vi que era uma mensagem do Russo, quando fui ler Victor desligou o celular deixando ali mesmo e foi até o Turco.

- Eu tenho que ir.

- Já vai meu rei? - ele levanta e eles batem as mãos.

- Levar ela embora e o Russo tá lá em casa também - ele olhou pra mim - Vamos?

Peguei o celular dele e levantei do sofá, Turco beijo minha mão e Victor me guiou pra fora. Fomos pra área daquela piscina lá que tava rolando o furdúncio de bunda e peito, nada contra favela mas confesso que não via a hora de sair desse lugar.

- Ah mentira - uma voz enjoada brota atrás da gente - Dk em carne e osso aqui? - a mulher grita.

Ele para de anda e segura meu braço me fazendo parar também. Olhamos pra trás avistando uma mulher bonita que estava vindo, cabelos rosas corpo definido com um belo biquíni preto e salto.

- Oi Clark - ele diz e ela quase se abre toda.

Então essa é a rata.

- Caralho mas você continua lindo em, ganhando respeito de todo mundo aí tocando o terror - diz tocando o peitoral dele.

- Pois é né.

Ela percebeu minha presença e desceu olhar pro meu braço onde ele segurava.

- Opa, e essa aqui quem é? - ela vem até mim.

- Mariana - respondo.

- É um prazer - ela me da um beijo na bochecha me marcando de batom - Nossa em, se superou agora - diz depois de um tapinha no braço do Victor me analisando e balançando a positivamente.

- Rata tenho que ir.

- Mas já? A festa mal começou.

- Tenho outras coisas pra resolver.

- Ok então, tchau - ela passa a mão no braço dele - Tchau moça bonita.

- Tchau - digo e Victor me puxa dali.

Finamente descemos as escadas e fomos pro carro, que lugarzinho conturbado esse. Tava rezando mentalmente pro Victor não resolver ficar pra curtir seus amigos antigos..

Querida MarianaOnde histórias criam vida. Descubra agora