Capítulo DOIS

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    Ele chocou sua espada na dela fazendo-a voar a metros de distância, sem qualquer esforço. Ela tropeçou no degrau e acabou caindo sentada no chão quase de frente a estátua de sua deusa.

   Seja quem fosse aquele homem, ele era diferente do que enfrentou anteriormente, havia uma força surpreendente que a fez queimar por dentro.

   — Você é muito corajosa, sacerdotisa. — Ela não estava assustada, muito menos tremia em desamparo, Sakura estava furiosa.

   Raiva líquida fluía por suas veias.

   — Você está no templo sagrado da deusa Atena não será perdoado.

   — De que me importa? Sou regido pelo pai Odin. — Abaixou-se olhando bem para a garota. — Cabelo engraçado — Foi impossível evitar, a beleza da moça era arrebatadora.

   Uma mão grande a puxou e antes que ela pudesse notar já estava sendo carregada nas costas daquele homem, tentou sair daquela situação, mas foi repreendida com ameaça de morte. Foi lançada sem cerimônias em um lombo de cavalo comandado pelo estranho e saiu das delimitações de seu templo, e, devido a localização ser elevada ainda conseguiu assistir parte de seu reino sendo saqueado ao longe, pessoas sendo mortas, fogo e fumaça.

   Cavalgaram por algum tempo até chegar a um tipo de acampamento, o homem desceu e a puxou com nenhuma delicadeza até uma enorme barraca, a maior de todas daquele lugar, ele adentrou a soltou no chão e seguiu andando até o outro lado daquela barraca arrancando a camisa manchada de sangue, que ela soube não pertencer a ele, isso a enojou. Observou que as largas costas do seu sequestrador eram repletas de cicatrizes e marcas de antigas batalhas, da posição em que se encontravam ele não a olhava o que seria sua chance, talvez sua única chance, e em uma tentativa desesperada de se livrar de seu cárcere, a princesa se levantou e foi andando lentamente até a saída, torcendo para não ser ouvida.

   — Se eu fosse você, não faria isso. — Disse ainda de costas, despejando algum liquido em um copo — Te salvei uma vez sacerdotisa, mas não farei novamente. Saindo por essa porta você será dos meus homens. — Ela deu meia volta e retornou ao lugar de origem.

   — Por que? ... — O primeiro soluço veio sem aviso, quase como se agisse por conta própria.

   — Rá! — sorriu esnobe se virando a ela enquanto segurava uma caneca de chifre, seja quem ele fosse agora Sakura percebia como ele era alto e esbelto, os olhos negros como uma noite sem lua refletiam o recorte duro como se tivesse vividos vidas ilimitadas de crueldade e morte. Sakura se odiou por achá-lo minimamente bonito, ainda mais quando tudo dentro de si pedia por uma retaliação.

   Ele se agachou, ficando com seu rosto bem próximo ao dela. — O que acha que sou? — O hálito de vinho veio até as narinas da jovem como uma explosão.

   — Um viking... — Sua voz saiu segura e baixa.

   — Viu como você está por dentro da sua situação. — Pegou em uma mecha do cabelo da jovem. — É bom você ser muito obediente sacerdotisa, ou te jogo pros meus soldados. Estamos entendidos?

   Ela balançou a cabeça em afirmativa. Precisava pensar em algo, alguma escapatória, qualquer coisa.

   Ele pôs uma pele de urso sobre o peito nu e saiu, a garota começou a chorar, suas primeiras e mais doloridas lágrimas. O que aquele homem, não, o que aquele animal iria fazer consigo?

   Novamente foi até a saída da barraca, aproveitou para espiar por entre a fresta do material e viu um dos grandalhões rindo enquanto chacoalhava para todos verem um colar dourado, um medalhão na verdade, o medalhão de sua mãe, e estava melado de sangue, ódio lhe subiu à garganta, olhou em volta de si enxergou uma espada... Ela não seria feita de refém, não seria usada, abusada ou coisas do tipo, preferia morrer.

A Arma dos Deuses - Vikings [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora