|PARTE 1|
Juliette Ferrars coroou-se a Comandante Suprema e esperou.
Esperou pelos problemas que não vieram. Esperou pela retaliação pesada que nao chegou. Esperou pelas mortes que não chegaram. Por cinco semanas, ela apenas esperou. Viveu. Amou...
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Eu nunca soube ao certo o que estava esperando. Bem, definitivamente não paz. Aaron me garantira várias vezes que nos tornariamos alvos do seu pai e de todos os outros comandantes assim que eu, uma novata, assumisse o setor da América do Norte. Não esperava que fossem simplesmente aceitar e dizer ok para isso. E eu sabia que uma hora ou outra todos iriam vir atrás de nós.
Sempre me pareceu improvável que apenas deixassem tudo acontecer.
Passei parte da vida presa e a outra parte fugindo, não é como se eu soubesse colocar ordem em um setor inteiro. Não como Warner. Ele sabe. E ainda assim, me apoia. Sinto que é o único a mergulhar de cabeça nessa loucura comigo, porque Kenji realmente não acredita que eu posso fazer isso. Ou melhor, ele até acredita, mas não tanto quanto Aaron.
Sendo sincera comigo mesma, nem eu sei se acredito.
Eu sinto mais medo do que nunca. Estou mais paranoica do que nunca. E embora eu esteja sempre trabalhando, também estou sempre alerta. Agora durmo com uma arma embaixo do travesseiro.
Uma arma.
Aaron não estava no quarto quando eu acordei. Não fiquei surpresa. Ele está sempre trabalhando, lendo ou fazendo suas coisas. Me senti melancólica e culpada por dormir até tarde. Deveria estar de pé, deveria estar em reunião, deveria estar fazendo tantas coisas.
Mesmo cinco semanas depois de me coroar comandante suprema, ainda não me acostumei com a ideia de sair tão cedo da cama. Me questiono até hoje sobre como ele consegue acordar tão cedo e dormir tão pouco. Acho que sempre me perguntei isso, e nunca encontrei uma resposta agradável. Meu humor está sempre meio terrível. Estou sempre questionando a mim mesma sobre tantas coisas.
Sobre Warner. Sobre o que ele pensa. Sobre como quase nem passamos tempo suficiente juntos. Sobre como sinto falta dele. Sobre como estou sempre com a cara enfiada em malditas cartas.
Rolei para o outro lado da cama, me preparando para levantar e tomar um longo banho, até o momento em que um clique mental, lembrou-me de que tinha um compromisso hoje cedo. Uma reunião!
— Droga. Droga. Droga! — saio xingando a mim mesma por ter esquecido e Aaron também, por não ter me acordado.
Não estou nas melhores condições e nem tão apresentável, mas nesse momento não dou a mínima para isso. Apenas entro no elevador e torço para chegar a sala de reuniões o quanto antes. Todos já me acham uma piada mesmo.
Eu aprendi a não me atrasar. Aaron nunca se atrasa. Ele é sempre muito pontual e estando com ele, aprendi a ser pontual também. Muito. Muito pontual. Ok, talvez não tão pontual assim.
Quando a porta se abre, dou de cara com a figura loira a minha frente.
— Bom dia, meu amor. — É tudo que ele diz.
— Bom dia? — Sinto uma onda de choque surgir dentro de mim. — Péssimo dia! Eu estou atrasada, Aaron. Por que não... — Tento passar por ele. Warner me segura pela cintura, impedindo que eu saia do elevador e coloca o dedo indicador nos meus lábios.
