capítulo 3 - Juliette

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Sinto-me de volta naquele quarto de hospício

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Sinto-me de volta naquele quarto de hospício. Sozinha. Com quatro paredes ao meu redor. Um teto. Um chão. Uma porta de vidro. Dessa vez, vejo-me na companhia de uma mesinha, ela abriga dezoito objetos. Quatro pernas. Quatro pernas para a maca que estou deitada.

Uma coberta. Um travesseiro. Uma agulha.

Ping.

É o que escuto quando a gota do medicamento desce. Ping. Ping. Ping. Acho que estou enlouquecendo de novo. Não recebi mais visitas desde que Anderson apareceu aqui e me deu a grande notícia.

Estou grávida. E ele quer meu bebê. Quer fazer coisas com eles. Coisas não legais. É claro que não. Ele machucou Adam e Aaron sem dó alguma.

Ping. Ping. Ping.

Preciso respirar fundo várias vezes para conseguir manter a calma. Fui terrivelmente burra ao tentar usar minhas habilidades para sair daqui. Para quebrar essas algemas e ir pessoalmente socar a cara de Anderson e finalmente matá-lo. Mas, como ele me garantiu, apenas me machuco quando tento.

O grito rasga minha garganta. Dilacera meu coração de todas as formas possíveis.

Ping.

Ping.

Ping.

Aaron. Kenji. Nazeera. Não consigo pensar neles e em como eles estão. Não sei como Aaron está lidando com a situação, não sei o que meu bebê está pensando, o que disseram a ele. O que eles pensam que me aconteceu.

Não consigo aceitar que Adam tenha feito parte disso. Adam. Que um dia foi meu Adam. O mesmo Adam que não suportou me ver feliz, me ver crescendo, me ver evoluindo. O mesmo Adam que queria que eu fosse uma garotinha indefesa e ele meu príncipe salvador. Esse mesmo Adam, me entregou para Anderson sem remorso algum.

Podre.

Passei cinco semanas vivendo na defensiva. Cinco semanas preparada para atirar, matar, conter, qualquer pessoa que viesse até nós. Qualquer pessoa que estivesse decidida a machucar as pessoas que eu amo. Qualquer um.

Então, Adam voltou e eu baixei a guarda. Passei duas semanas preocupada com ele. Me perguntando onde ele estava, como ele estava, o que o levou a abandonar James e sumir. Apenas sumir. Na minha cabeça, ele jamais faria algo assim.

Mas ele fez. E quando voltou, me atraiu e me capturou. E eu deixei. Isso que mais me irrita nesse momento. Eu abaixei a guarda e me deixei ser levada como uma bebezinha incapaz de se defender.

Eu não sou incapaz. Eu sou muito capaz.

Faço o possível para não dormir. Tenho medo de dormir aqui. Tenho medo de dormir e acordar em outro lugar. Tenho medo de dormir e acordar com mais agulhas enfiadas em mim. Tenho medo de dormir, porque nunca sei o que vou encontrar quando abrir os olhos novamente.

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