Jardim das Estátuas | Spankfic

1. Um Presente da Deusa

'' No matter what you have been through this life, fight to win your hope back and bloom again. Your heart deserves love and light. ''

- Alexandra Vasiliu

Ela andava pelo jardim descalça, sentindo a grama alta entre seus dedos dos pés; a tarde estava mais quente do que o normal, o que não era muito de se estranhar já que o calor reinava sob a Grécia quando as estações mudavam. Era primavera, então as plantas estavam prontas para dançar com o vento, mas a falta de água ali as impediam de realmente florescer.

O silêncio no jardim já era algo comum, mas ainda assim, às vezes podia-se escutar os piados dos pássaros que passavam por ali. Aquilo era música para seus ouvidos - o canto da natureza - ela fechou os olhos e apenas aproveitou, assobiando junto, acompanhando a melodia.

Seu momento de paz não durou muito pois ele foi interrompido quando sentiu suas amigas rastejando pelo seu rosto, elas não gostavam quando ela fechava os olhos.

A vontade de olhar para o céu e admirar os belos animais era grande, mas não arriscaria algo do tipo, pelo menos não mais. A única lembrança que tinha dos animais coloridos era vaga, mas as penas que encontrava pelo chão ajudava a refrescar sua memória, azuis, laranjas e vermelhas eram as suas preferidas.

Ela continuou andando pelo jardim, colhendo alguns cogumelos que nasciam aos pés das estátuas mais antigas. Os primeiros.

- Foi o dia muito belo não foi senhor padeiro?

A expressão de pânico do homem não mudava, nunca mudaria, também ele nunca a responderia... Ele estava morto.

Precisava distrair sua mente, não podia pensar daquela forma, era o que a Deusa havia aconselhado a fazer, então continuou andando pelo jardim. Passou por um grupo de homens, alguns até mesmo já tinham membros quebrados... Todos eles tinham tentado lhe fazer mal, eles não mereciam um cumprimento.

- Amanhã farei a colheita do outro lado do lago, senhora. - Falou ao tirar uma folha seca do ombro da velhinha baixinha com os olhos assustados. - Estou pensando em plantar flores ao seu redor...

Silêncio, era tudo o que ela recebia, sempre, desde que tudo aconteceu, todos seus visitantes estavam mortos.

Se abaixou e acariciou o gatinho com o rabinho já quebrado, ele deixou, era claro.

Os últimos raios do sol tomavam conta do céu, e ela aproveitava suas prováveis últimas horas de paz. Era assim sua vida, dias silenciosos, noites agitadas... Eles sempre atacavam durante a noite.

A tarde realmente estava quente e seca, ela pegou uma bacia e andou devagar até o pequeno lago, que tinha uma cachoeirinha logo no começo, ele também era o que dividia o jardim no meio. Respirou fundo e jogou a bacia na água, puxando de volta pela cordinha.

Nada, tudo estava muito quieto, ela aproveitava momentos como aqueles para coletar mais água para suas plantas, mas ao tocar os pés no lago, tudo pareceu acordar, os movimentos calmos das ondinhas que formavam na cachoeira agora ficavam mais agitadas...

"Sempre fique longe da água, apenas colete a chuva..." - Foi o que Athena havia dito a ela no dia em que entrou em seu jardim. - "É mais seguro assim".

A mulher suspirou e saiu do lago, levando com ela única bacia que havia conseguido coletar. Molhou sua nuca e as cabecinhas de algumas das suas amigas, mas deixou todo o resto para as plantas, já que ela tinha a água da chuva coletada na sua casa de banho, exatamente como Athena tinha lhe ensinado a fazer.

Andando devolta para sua casa, ela se assustou quando o silêncio simplesmente foi cortado por batidas vindo do grande portão... O que tinha sido aquilo?