Jardim das Estátuas | Spankfic

5. Athena

Did the lonely cry of her owl surrender
a truth unknown?
Among soldiers and the wise,
she was relentless.

Medusa acordou quando sentiu uma de suas amigas rastejando em seu rosto, ela abriu os olhos e viu que os raios do sol entravam pelas janelas do quarto... O Deus Apollo já tinha passado por cima do Jardim.

Ela segurou duas das serpentes com os dedos, impedindo que tocassem na menina adormecida ao seu lado.

Genevieve parecia dormir nas nuvens, de tão confortável que aparentava estar. A mulher não ousou acorda-la, a noite anterior havia sido muito agitada para a menina, era bom ela descansar mais.

Levantou em silêncio e deixou o quarto, respirando fundo e sentindo o cheiro fresco que seu jardim liberava, era sem dúvidas uma bela manhã.

Medusa pegou uma cesta na sua cozinha e saiu para colher algumas frutinhas frescas para o café da manhã. Desviou de algumas estátuas caídas e tentou ignorar o máximo os olhares aterrorizantes que todos eles davam a ela.

O lago estava calmo, mas ela não teve coragem de chegar perto, teria que esperar pela boa vontade de Zeus para que ele molhasse a Grécia com a sua bela e poderosa chuva.

Medusa pegou algumas flores e as tirou com delicadeza pela raiz, em seguida levou até a estátua da senhora inocente.

- Aqueles malditos... Te machucaram... - Ela começou a cobrir a estátua com as flores, colocando terra no buraco formado no ombro, em seguida plantando as mudinhas coloridas. - Espero que floresça, a senhora ficará linda...

Os olhos sem vida da velha camponesa ainda pareciam assustados, mas agora as flores disfarçavam a cena tão macabra, dando o Jardim um aspecto mais leve e libertador.

Só então que Medusa notou os olhares das serpentes, todas focando no portão do Jardim, ela encarou por alguns segundos e rapidamente sentiu uma forte presença vindo do outro lado.

Como um raio, Wisdom passou por ela, silencioso como sempre, e voou por cima do muro, só confirmando para Medusa quem estava ali. Ela se aproximava lentamente, limpando as mãos sujas de terra em seu vestido mesmo.

- Está sozinha ou com mais um presente? - Perguntou ao tocar no portão, pressionando a testa contra ele e respirando fundo, antes de se afastar e abrir.

- Estou sozinha.

A coruja já estava em seu ombro, como sempre ficava, ela segurava seu escudo dourado e sua lança como se sua vida dependesse delas, em seu braço também havia uma cesta enorme, e o sorriso delicado mostrava quem realmente ela era.

- Olá Athena.

Medusa deixou a Deusa passar, ignorando a agitação das serpentes em sua volta, para elas a mistura de sentimentos também era grande.

Athena caminhava pelo seu velho jardim, sentindo uma sensação de alívio, ali sim ela podia chamar de lar.

- O que trouxe? - Medusa perguntou enquanto a Deusa colocava a cesta no chão.

- Grão einkorn para fazer pães, carne de urso pardo, javali e rã... Ovos, vinho, leite de kri kri e mais lã de ovelhas, Perséfone se juntou a sua mãe mais uma vez então ainda teremos uma longa primavera, mas já é uma boa idéia se preparar para quando ela descer ao submundo denovo... - A voz de Athena era leve, como se falasse cantando, mas ao mesmo tempo firme e sedutora.

Se tinha alguém que parecia ter tudo ao seu redor sob controle era a Deusa da Sabedoria, mas dessa vez Medusa via nos olhares dela que parecia inquieta demais.