Começou em uma brincadeira em plena live. "Renjun é do Jisung". "Jisung é do Jeno". "Mas o Jeno é do Jaemin".
Você não nega.
Você nunca nega.
Saímos para "férias" - chamam assim mesmo que seja apenas um fim de semana e um exército de câmeras - e Haechan me faz dormir na casinha do cachorro. Você se diverte, não é? Me manda cantar musiquinhas para dormir, sabendo que não vou te ignorar.
Que nunca vou te ignorar.
Fico ao seu redor enquanto você cozinha, pergunto sobre cada um dos vegetais, te chamo para vir logo para a mesa, faço questão de elogiar mil vezes tudo o que você faz.
Me perguntam se prefiro jogar fora meu celular ou uma foto sua. E eu te escolho, como sempre.
Você nem se dá ao trabalho de parecer chocado de verdade. Pensei que você soubesse atuar, Nana.
"Jeno-ya, qual das fotos você ia querer guardar, huh?" - você me pergunta quando estamos a sós no dormitório.
E eu sei que está falando das nossas fotos.
Aquelas que tiramos quando você quer testar alguma nova técnica, porque quem eu sou para lhe negar, justo quando se diz tão interessado em câmeras e edição? Aquelas que você me tem contra a luz, ou no escuro para testar o flash, e depois vem me dizer que meus olhos saíram ótimos e intensos. Aquelas que você jura mil vezes que nunca vão vazar antes de me pedir para tirar a camisa e deitar na cama.
Aquelas que você edita na madrugada e me deixa louco de curiosidade. Ficaram boas? Você gostou? Vai querer usar como plano de fundo? Claro que a resposta é sempre não. Você cumpre sua promessa e não as mostra para ninguém.
Mas então a curiosidade cresce, até me matar de vez em vários pequenos espasmos de contentamento, quando me pergunto o que você faz com elas então, já que as guarda só para você.
Te pergunto uma vez e você sorri com aquela expressão que nunca consigo distinguir se é malícia ou só brincadeira, me dizendo que o resultado da sessão tinha ficado sexy.
"Todas" - te respondo depois de uma pequena eternidade. Porque as fotos que eu tirei de você foram apenas duas. E eu nunca vou deixar ninguém tirá-las do meu poder, do meu cantinho. Vou mostrar os dentes, rosnar e morder qualquer um que pense em invadir meu espaço para tirá-las de mim.
Não vou permitir que me tirem a figura do seu rosto sorridente no momento certo em que se virou para trás naquela cozinha, sem saber que eu carregava uma câmera nas mãos. Sua câmera.
Jogo mil celulares no chão, no mar, no abismo, quebro com meus punhos e me deixo cortar com o vidro da película. Mas nunca, nunca vou permitir que me tirem a imagem etérea de quando você me permitiu registrar outro de seus sorrisos em uma manhã preguiçosa.
Porque ambas as fotos carregam sorrisos que são meus. Você deu para mim.
São a prova que te faço feliz.
As guardo como se elas fossem a prova que o nosso amor é real. Como se o tribunal que irá julgar as evidências fosse real. Como se fosse fazer diferença. Como se elas fossem te fazer desistir se um dia te perguntarem se quer se livrar de mim.
"Eu ia escolher ficar com o celular. Todas as suas fotos tão lá" - você comenta e (lógico, igual tudo o que você diz) parece incrível.
Te olho do modo que os cachorros olham para nós: como se você fosse um deus, como se você fosse um mistério que vive me surpreendendo, como se fosse um ser incrível e generoso, que me escolheu para ter por perto. Por isso, sou leal a ti. Sempre serei. Te olho esperando mais uma sentença, mesmo que ela seja a de minha morte.
"Você guarda todas as fotos?" - pergunto quando você não me dá um ponto final. Uso uma interrogação, mas, sinceramente? Ficaria feliz até com uma vírgula. Por favor, Jaemin, não pare nas reticências e me dê logo o fim da frase, nem que seja entre parêntesis.
"Uhum" - você murmura calmamente e eu tenho certeza que estou com o que chamam de 'olhar de cachorrinho que caiu da mudança', porque logo você me acaricia. - "Suas fotos sempre ficam bonitas"
Eu devia te dizer que talvez fosse melhor não mantê-las, porque era perigoso vazarem e os fãs ficarem loucos com os ensaios caseiros, mas nada comportados. Eu devia te dizer que nem precisava de fotos, para início de conversa, porque eu lhe deixaria ver o que quisesse, como quisesse. Porém o medo de ser apenas um hobby e você perder o interesse me consome e, por isso, sugiro outra sessão. E outra. E outra e outra.
E você nunca nega.
Também não te digo sobre como devíamos esperar para ter certeza que Jisung tinha dormido antes de começarmos, nem sobre como essa mania de ficar na frente do computador a noite vai fazer mal para seus olhos. Não te digo que comi menos para ficar melhor para o ensaio, nem sobre como a fome passa quando te vejo, como se eu me alimentasse do seu afeto.
Não te digo, porque sei que você não vai gostar.
Por tudo que é mais sagrado, Jaemin, não te digo nem o quanto você parece atraente concentrado. Não te digo como me sinto nu perante sua lente, mesmo vestido. Não te digo o quanto gosto de seus toques me ajeitando na posição perfeita ou deixando meu cabelo do jeitinho que você quer. Não te digo do calor que me percorre a espinha quando você fica satisfeito com o resultado.
Não te digo, porque acho que não preciso te dizer.
Não preciso, porque você não guarda as fotos na nuvem. Você fecha a porta para ninguém entrar. Você jura que quer tentar dormir mais cedo. Você me faz comida enquanto põe a máquina para carregar. Não preciso, porque você sabe que também é fotogênico. Você cuida de mim, mesmo em meu estado vulnerável. Você mexe em mim com delicadeza. Você me esfria ao me tocar com seus lábios gélidos.
Não te digo que te amo. Não te digo que sou dependente de você. Não te digo que quero te fazer feliz.
Não preciso.
Porque, de qualquer forma, você não entenderia o quanto.
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MAD DOG
FanfictionEu só quero te agradar. Só quero que cada desejo seu vire realidade, mesmo se for me matar mil vezes pelo caminho. Quero dedicar minha vida à você e, quem sabe assim, você me veja como seu. Talvez eu esteja obcecado por servir. ⫸Nomin (e um pouco de...