São Paulo, 2 de setembro de 2050.
A jovem e solitária mulher sorriu para o garçom quando este lhe ofereceu a bebida que ele tinha pedido, uma vodca pura. Já fazia trinta minutos que ela permanecia ali, esperando alguém para só então se sentar à mesa e desfrutar da cara comida daquele restaurante ao menos era isso que o garçom pensava. Afinal o que mais uma bela e jovem mulher, vestida no mais fino vestido estaria fazendo numa sexta-feira num dos restaurantes mais intimistas de São Paulo.
– Oi querida, desculpe o atraso. – o homem conseguiu ser ainda mais bonito que a mulher, observou o garçom com disfarçado interesse. Vestido todo de preto, ele parecia ter um ar obscuro instigante. A mulher pareceu momentaneamente assustada, mas talvez fosse somente pela surpresa, pois logo o sorriso se estendeu pelo seu rosto, dando mais evidência a uma boca vermelha marcante, que combinava com o vestido de igual cor.
– Você chegou na hoje certa! – levantou e sendo guiada pelo rapaz, subiu as escadas que levaria para as salas privadas do restaurante, onde apenas a mais alta sociedade tinha poder aquisitivo para frequentar.
– Como se a beleza não fosse o suficiente… – o garçom murmurou, vendo que o casal chamará a atenção de mais algumas pessoas.Tremendo, Laís se deixou ser guiada até a primeira cabine, reservada especialmente para aquela missão. Sabia o que a presença de Breno ali significava e tentou se lembrar do treinamento, sua primeira missão e algo já estava fora de controle.
– Ruiva combina com você. – ela tinha que admitir que a voz daquele homem era o que faltava para completar a mais bela imagem que ela já tinha visto. Breno era seu professor no projeto Delta e ela sabia que arranca suspiro das meninas e de alguns meninos também.
– Não é o que eu realmente gosto– ela respondeu, tentando parecer calma, enquanto tirava um programa de reconhecimento de escuta que ela tinha criado.
– Tá tudo limpo? – ele perguntou sentando-se na cadeira mais próxima. Ela somente balançou a cabeça.
– O que você faz aqui? – questionou olhando o relógio e vendo que ainda lhe faltavam 15 minutos para o começo da missão.
– Vim ver minha aluna favorita em ação pela primeira vez. – sorriu largo para ela. Ela sabia que o número de recruta sobreviventes a cada ano do projeto era baixo, afinal era um serviço perigoso.
– Isso é contra as regras, me diz logo o que está acontecendo. – exigiu com pouca paciência.
– O nanodispositivo vai funcionar? – indagou de repente.
– Claro que sim, quando algo que eu criei não deu certo? – a voz gotejando de provocação.
– Tenho certeza que tudo o que você faz é perfeito. – o sorriso sacana a desconcentrou por um instante, ele estava sendo malicioso, ela observou. – Bem, os planos mudaram um pouco, um outro Delta vai executar o alvo um para que pareça um acidente e você vai executar um segundo alvo, para que pareça que este passou mal devido ao choque da morte do primeiro.– informou.
– Dois alvos? Não era essa a missão! Por que dá alteração? – exigiu tentando se acalmar.
– Você não precisa saber disso, lembre-se Delta4567Z, Deltas não fazem perguntas. – dizendo aquilo, ele puxou um envelope pardo de dentro do terno. – Você tem 5 minutos para decorar o plano. – murmurou parecendo impaciente. Ainda que de fato ela estivesse curiosa, sabia que o homem tinha razão: Deltas não faziam perguntas.
A sua parte do plano era simples e nem precisava que ela ficasse naquele local, aliás era extremamente recomendável que ela saísse dali.
– Como eu faço para sair daqui sozinha sem levantar suspeitas? – questionou por fim, recebendo um olhar tedioso do homem.
– Isso é algo que nós dois devemos pensar, uma vez que eu preciso ficar para coordenar a limpeza da missão. – ele puxou uma identificação, ele era Marciel Matos, médico residente do hospital de geral de São Paulo. Para ela era a pior parte, ter que se disfarçar. – Você pode sair correndo e eu vou atrás, eu fiz um pedido de casamento e obviamente você não aceitou. – ele murmurou chegando perto dela ajeitando a peruca ruiva que ela usava. Ela concordou, era melhor assim. Ela poderia ativar a nanocápsula do seu carro. – Você realmente fica muito bonita com qualquer coisa. – ele sorriu, os olhos fechando dando um ar infantil, Laís sabia que de infantil o homem não tinha nada e era esquisito ter essa visão.
– Bem, não estou feliz com a mudança de planos em cima da hora. Mas, não temos como voltar atrás– murmurou descontente enquanto se afastava e saia apressada da sala reservada, ouvindo os passos dele atrás dela. Fez o melhor que podia para correr até a saída e pesar sua chaves e seu casaco, ouvindo Breno chamar um nome qualquer atrás de si, sua identidade falsa.
A última coisa que ouviu foi o grito coletivo quando o som de um tiro soava dentro do local. Ela sabia que agora era sua deixa, dois minutos para ativar a nanocápsula.Na manhã seguinte os jornais estavam pavorosos, a história de amor do casal que não suportou perder um ao outro. Jonas Dias o maior investidor da bolsa do Brasil, cometeu suicídio no banheiro de um dos mais aclamados restaurantes de São Paulo, sua jovem esposa Helena tinha tido um mal súbito com sua morte e também viera a óbito. Na história de Romeu e Julieta moderno, o único personagem que não fazia parte, era o filho de dois anos do casal, agora órfão!
Notas de autor: Gente eu estava muito ansiosa pra trazer esse capítulo pra vocês.
Primeiro só queria deixar claro que tudo tem um porquê! (Já estou justificando)
Segundo, o programa Delta é um programa para eliminar ameaças a população (teoricamente).
Espero que vocês estejam gostando ♥️
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Projeto Delta
Mystery / Thriller~~~ Ano de 2050 ~~~ Laís sabia que muito provavelmente esqueceria seu próprio nome quando entrou no projeto Delta, agora ela era a Delta4567Z. Quando foi recrutada pensou que servir seu país nas sombras era a melhor maneira de proteger todos aqueles...