Capítulo Quarenta e Oito- O Pão

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O barulho do mar batendo em minha janela era reconfortante, escutar o som das águas conseguia ser mil vezes melhor do que os pensamentos que ecoavam em minha cabeça. Estava encolhida no canto da cama, agarrada a um travesseiro, me sentia tão pequena, tão impotente. Aos poucos minha alma parecia se perder, estava morrendo? Hamira havia sumido da face de minha mente e conversar com meus amigos parecia fora de questão, meu dever era ser a cabeça do time, demonstrar fraqueza poderia fazer todos se desestabilizarem.

Escutei duas batidas fortes na porta, poderia ser apenas uma pessoa, a única que calcula a quantidade de batidas e a força para não soar insolente, ao mesmo tempo que diz "abra agora". Neji com certeza tinha alguma informação importante, já que normalmente não se aproximava do meu quarto.

- Qual é a boa? - questionei com a face sorridente, após abrir a porta de madeira escura.

- As crianças acordaram, parecem estar dispostas a conversar - contou sem rodeios, começando a andar logo depois.

- Que bom que veio me chamar - afirmei em um tom alto, agarrando um casaco grande e correndo para alcançá-lo - Se você falasse com elas, seria caótico.

Seu autocontrole impressionava cada vez mais, eu já teria me mandado à merda muito antes, mas Neji apenas ignorava.

O quarto improvisado não ficava muito distante, a quase imperceptível luz da manhã entrava em rajadas confortáveis para os olhos, o contraste com as paredes fortes era agradável. Ao abrirmos a porta, as crianças se assustaram de maneira no mínimo estranha, foi o primeiro indício, além da cela imunda em que ficavam, que indicava um claro sinal de trauma e pavor.
A menina e o menino possuíam uma postura evidentemente defensiva, não sabiam se poderiam confiar em nós, a julgar pelos personagens de anime que conheço que agem, ou agiam, da mesma maneira, eles passaram por situações realmente problemáticas. Não precisa ser um gênio para perceber.

- Bom dia - falei da maneira mais carinhosa que podia - Vamos para a cozinha, vocês devem estar com fome, certo?

Seus rostos estavam reflexivos, pareciam ter receio de aceitar a ideia, porém a fome era tanta, que superou o medo e a desconfiança sentidos por eles. O garoto segurou fortemente a barra da roupa da garota, se é que trapos deveriam ser chamados assim, enquanto ela assentia para nós.
O silêncio era torturante, parecia um enterro ou algo assim, as batidas erradas que seus corações davam quando viam alguém da equipe gerava pena e um aperto no coração. Nem preciso dizer o que ocorreu quando viram Mureta.

- Eu sei que Mureta pode parecer assustador, um cara grande, barbudo, malvado - comecei, tentando quebrar o gelo durante o caminho - Mas, eu juro, ele é um ursinho de pelúcia - soltei uma risadinha simpática no final, era forçada, todavia, pelo menos eu estava tentando.

- O que é um "ursinho de pelúcia"? - questionou o garoto com a voz quase sumindo no ar, assustando-se depois com a pergunta que escorregou por entre seus lábios rachados.

- Ãhn... - isso me pegou de surpresa, completamente desprevenida - É um urso com algodões fofinhos dentro, chamado de enchimento.

- Então matam ursos para colocar algodão dentro? - o menino estava tão terrivelmente chocado que parecia prestes a chorar. Como eu poderia saber que ele pensaria isso?

Neji me olhou seriamente, questionando o que eu faria agora para consertar a merda que fiz. Cansado de me ver quebrar a cabeça para pensar em uma maneira de explicar, ele tomou as rédeas.

- O urso é falso também, assim como o algodão - contou calmamente, observando o garoto de relance, enquanto a garota permanecia séria.

- Nenhum urso morre? - sua voz era uma mistura de alívio e tensão, uma combinação literalmente oposta.

Espera... Aqui é Konoha?[Entrei no universo de Naruto]Onde histórias criam vida. Descubra agora