Já era noite, tão tarde que todos deveriam estar dormindo e tão escuro que me deixava nervosa. Me sentia patética, essa não seria a primeira noite que passaria em claro, então não havia motivo para temer qualquer sombra perto do guarda-roupa ou o barulho do mar contra a janela. A insônia me perseguia incessantemente, dormia apenas de meia-noite até 1 da manhã, nada mais e nada menos. Havia nomeado e decorado cada ponto e falha no teto, criado mil e uma histórias em minha cabeça, revivido momentos felizes e lembranças gostosas, porém nada era o suficiente para atrair o sono, nem mesmo rezar para a santa capivara.
Soltei um longo suspiro enquanto empurrava o lençol para longe, meus pés encontraram o chão em um choque, no mínimo, desconfortável. Não me importei e continuei em direção ao armário de meu quarto, acendendo a luz no caminho, depois retirando dúzias de papéis para organizá-los e assim me distrair. A mente vaga para lugares desnecessários quando vazia, ou melhor, ela entra em uma área que você gosta de evitar a todo custo.
Peguei um álbum de fotos da gaveta, juntando-o com o resto das coisas em cima da mesa. Queria catalogar todas as espécies fotografadas conforme seus nomes verdadeiros, porém, para isso, eu teria que acessar a internet, o que era inviável no momento. Então apenas me contentava em desenhar, comparar e nomear todas que eu recordava com minha memória falha.
Estava em um conflito interno sobre qual música escolher quando escutei fortes batidas na porta. O susto que levei não desejo nem mesmo para o meu pior inimigo, meu coração bateu tão forte que quase rasgou o peito, tornando minha respiração caótica.
Aproximei-me da porta cautelosamente, me tremendo igual vara verde, não imaginava quem poderia ser a essa hora, todos dormem no horário certo ou nunca viriam até meu quarto em plena madrugada.- Ah, é você - soltei o ar de meus pulmões, quase chorando de alívio - Tem algum problema? As crianças... Alguém se machucou? - o súbito relaxamento foi substituído por preocupação.
- Não, relaxe - Neji tentou me tranquilizar, visto que já estava quase saindo correndo e indo resolver o que quer que fosse - Posso entrar?
- Claro - dei passagem, logo lembrado dos papéis e das fotos - Desculpa a bagunça, eu estava prestes a dormir.
Mentir para uma pessoa que possuía "o olho que tudo vê" era, no mínimo, burrice, porém a verdade geraria perguntas desnecessárias e irrelevantes. Contar mentiras é feio, mas às vezes é o único caminho.
- Pode sentar ali na poltrona, ou na cama, o que preferir - comecei a arrumar o caos na mesa, já que, com certeza, ficaria com preguiça depois - Se não aconteceu nada ruim, qual é o motivo dessa honrosa visita?
- Naomi, meu quarto fica logo abaixo do seu - disparou depois de alguns segundos, entretanto, logo entendi o que estava por vir - Seus passos ecoam, não é difícil perceber que você não dorme.
Suspirei mais alto do que planejava, deixei as coisas na mesa e sentei na cama. Eu não queria conversar com ninguém sobre esse problema, não queria ter que preocupar nenhum de meus amigos.
- Senta aí, de verdade - pedi, pensando em como começar a abordar o assunto - Eu estou nervosa, entende? Para mim... A morte - não conseguia tocar nesse tópico, de jeito algum.
Uma sensação horrível invadiu meu peito, não era como lâminas, mas sim como uma aceleração descontrolada. Havia algum tipo de bloqueio em minha traquéia, impedindo minha fala, e meu corpo pesou para um lado, como se subitamente todas as minhas forças esvaíssem.
- Não precisa falar, eu sei o que é - afirmou, segurando uma mecha do cabelo entre seus dedos, como se fosse a coisa mais interessante do planeta - Existe algo que eu possa fazer?
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Espera... Aqui é Konoha?[Entrei no universo de Naruto]
FanfictionAté onde vai o amor parental? Naomi descobriu a resposta ao ser transportada para dentro de seu anime favorito. Seria tudo um sonho? Uma ironia do destino? Ou Naomi realmente pertencia àquele mundo? - Sendo revisada e em continuidade (Todos os dir...