Eva.
De um lado da moeda, mulher em um mundo de homens, humana em um mundo de lobos.
Dominic.
Outro lado da moeda, carrega o peso de um império nos ombros, o peso de ser um filho de seu pai.
Para evitar mais mortes tiveram de matar a própria liberda...
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-Se comporte.- Avisou Alessio, descendo da BMW escura de Dominic, que teve de revirar os olhos. O caminho gramado da entrada de carros até a grande porta de vidro não era muito distante, mas pareceu longo o bastante para que o rapaz considerasse tudo aquilo mais de uma vez. Ele sabia que, naquele momento, não era ao pai que estava se reportando, era ao alfa, Alessio Montanari, e não havia como desobecer a ele. Antes de chegarem a entrada da casa, Karen já os esperava com a porta aberta e um sorriso que provocava ondas de irritação em Dominic, e ele não sabia nem o porquê disto. Alessio, como sempre muito cortês, beijou-lhe a mão e sorriu, abrindo espaço para que o filho fizesse o mesmo. Alessio escondia muito bem o monstro que espreitava sob sua pele. Dominic apenas lhe cumprimentou, seguindo-os para dentro da casa. Era uma casa bonita, qual Karen visivelmente fazia questão de deixá-la com uma decoração mais feminina ao que parecia. Giovanni os esperava na sala de estar, sentado como um rei numa cadeira de encosto alto e um olhar arrogante no rosto. Dominic revirou os olhos novamente, contendo a risada. Aquilo beirava o ridículo. A forma como Giovanni oferecia wisky e comentava sobre assuntos triviais, como se aquilo fosse uma mera visita de amigos...Beirava o ridículo. -Viemos falar sobre o contrato.- Disse o rapaz, já cheio de toda aquela firula. -Claro, claro...- Giovanni apressadamente indicou a mesa de vidro no meio da sala, com o sofá cor de creme qual Dominic rapidamenre se dirigiu, esperando Alessio colocar os papéis em sua frente. Havia uma lareira na sala, perto de onde estavam com alguns retratos decorando. Haviam três ou quatro retratos onde uma pequena menina com os cabelos castanhos claros exibia um sorriso que prometia confusão. A última era dela um pouco mais velha, na praia. Eva já não sorria nessa. -Vamos primeiro aos termos?- Questionou Karen, encostada no beiral da porta fazendo Dominic franzir a testa. Ela não deveria participar desta discussão pois, até onde o rapaz sabia, ela não tinha nada com a futura esposa dele e nem mesmo pareciam se gostar. -Os termos já foram decididos previamente entre eu e Giovanni... Demos o tempo de um ano, mas dependendo da nossa situação, esse tempo poderá ser modificado. Depois disso, cada um seguirá com sua vida normalmente, co... -Evelise!- Disse Karen do batente da porta, de costas para eles. Rapidamente, os homens que falavam dentro da sala se calaram. Dominic havia presumido que ela não estava em casa, visto que não havia aparecido para recebê -los com Karen ou esperava com Giovanni. Talvez gostasse de fazer uma entrada dramática.... E só de pensar isto, fez Dominic cansar, afinal não gostava de lidar com dramas femininos. Não tinha chance dele ser paciente se ela se comportasse como se tivesse quinze anos de idade. -Ajude-a a descer, homem!- Bradou Karen, e cerca de segundos depois, duas silhuetas apareceram na porta. Uma grande, que era o segurança mau encarado que tentava engolir um sorrisinho pretensioso. A outra bastante diminuta, que era Evelise. A bela Eva. Certamente, não da forma que ele esperava. A cabeleira extravagante não estava totalmente lisa como ele havia visto no evento. Naquela manhã, ela caía em grandes ondas cheias, como se a menina tivesse acabado de acordar. O vestido simples que terminava um pouco acima do joelho a fazia parecer realmente ter quinze anos de idade, e , enquanto notava Alessio rapidamente ir cumprimenta-la, os olhos dele decaíram sobre os pés descalços da jovem. Aquilo só podia ser uma brincadeira. Não haviam dado a Dominic uma maldita esposa (uma que ele nem sequer queria), haviam amarrado ele a uma garota. Era linda, e isso não podia ser negado...Mas não parecia passar de uma menina. A mente do rapaz entrou em um parafuso de raiva e incredulidade. Não iria lidar com dramas adolescentes, apesar de saber que Eva já era maior de idade. Sabia que era errado julgar pela aparência, mas isso fazia parte de seu trabalho, e olhando-a melhor, realmente parecia a menina mimada que ele a acusou de ser na primeira vez que os viram, naquele terraço. -....sinto muito pela falta de preparo...- Disse Giovanni. Quando Alessio comentou algo sobre médico, Dominic entendeu o contexto. Giovanni dizia que Eva estivera doente e que aquela visita havia sido uma surpresa para ela. E analisando o rosto dela, realmente parecia surpresa de tê-los ali. Mas mesmo assim, as mulheres, principalmente de elite como Karen, estão sempre preparadas para qualquer visita. Enfim, garotinha. Sentia que Eva o analisava também, e pensou se ela não esperava que ele fosse lhe cumprimentar, então, simplesmente esperou que a menina se desse ao trabalho de olha-lo no rosto para que fizesse ao menos um gesto de cabeça. Mas ela não olhou. E ele tampouco fez por mais para sair daquele situação desconfortável. -Bom, vamos voltar ao assunto.-Sugeriu Giovanni, indicando a cadeira a qual estava para que Eva se sentasse. Karen sentou na poltrona a oeste da onde o rapaz estava, observando intensamente Eva, que parecia focada somente nas folhas de papel jogadas a mesa. A única coisa em comum que eles pareciam ter era repulsa daquele maldito papel. -Bom, como estava dizendo...No final deste contrato, cada um de vocês podera seguir a vida como bem desejar.- Concluiu Alessio. -Receio que uma ex-esposa de alguém numa posição tão alta jamais vivera normalmente, senhor Montanari.- Disse a voz controlada da jovem. Ela articulava muito bem as letras mas ainda assim, não conseguia esconder o leve sotaque. Todos a olharam com um misto de surpresa. Ninguém esperava que ela fosse realmente participar daquilo. Era somente sentar e ouvir. Giovanni parecia próximo de esbofetea-la ali mesmo, e Karen se mantinha concretamente inexpressiva, acariciando a barriga como se Eva não estivesse falado nada. -Não se preocupe, Eva. Nós faremos o possível para que viva da melhor forma após o contrato.-Argumentou Alessio. Dominic estreitou os olhos quando viu Eva tomar fôlego para outra pergunta. -Me desculpe, senhor Montanari, mas poderia me dizer exatamente o propósito deste casamento já que o senhor parece jovem o bastante para governar por muitos anos ainda... Dominic também havia feito aquela pergunta ao pai diversas vezes. -Oh...- Disse Alessio, sorrindo.-Obrigada pelo elogio, minha cara. Mas como ja deve saber, estamos em conflito com a Russia. Precisamos, mais do que nunca, apresentar uma frente unida e sem falhas, pois nossas novas alianças só entraram nesta briga conosco se pensarem ter um bom futuro garantido. Para ter este futuro, é preciso que o próximo Don seja impecável e maduro. O futuro é meu filho, e este casamento é uma forma rápida de afirmar isto para eles, afinal de contas, Dominic já tem seu nome feito neste mundo. A segunda questão é que queremos a mídia focada em nosso outro lado quando começarmos a contra atacar. Um alibe. E você, como esposa de Dominic, terá seu papel. Como disse, meu filho já tem seu respeito neste mundo. Caberá a você auxiliar neste jogo. Uma mulher forte, é o que mostraremos, Evelise Volkov. A esposa do herdeiro do Impero tem que condizer com isto . Dominic lhe explicará mais detalhes, se necessário. Eva estava pálida. Dominic estava puto. Nem ele havia escutado está explicação paciente de Alessio. Estavam sendo usados como uma vitrine para atrair mais atenção e quiçá, mais alianças... Como se uma esposa fosse garantir que um homem era maduro.... Respirou fundo. Não iria demonstrar nada na frente daquele porco imundo do seu quase sogro. Ele parecia triunfante, assim como Karen por terem sido escolhidos para passar aquela imagem. Mal sabia Eva, que fora dada como moeda de troca para pagar uma dívida de vida. Eles poderiam inventar o teatro que fosse para a menina, mas Dominic sabia até o último detalhe de toda aquela merda. -Vocês se casarão daqui a alguns doas, ainda precisamos marcar, mas antes disto, precisam ser vistos juntos como um casal normal. Bom...pelo menos normal em nossos padrões.- Alessio continuou, coçando a barba.-Daqui a dois dias, haverá um evento no Teatro Gonzalves qual Dominic irá como meu representante. Vocês têm de começar ali. O resto, até o final do prazo, façam vocês o próprio acordo. Dominic parecia que estava escutando os sons e as vozes dos homens atravez de um bolsão de água. Escutava o som de seus próprios batimentos enquanto observava Giovanni e Alessio se curvarem para a mesa com as canetas em mão. Era sobre Dominic e Eva, mas não seriam eles próprios a assinarem nada. Eva olhava para o papel como se estivesse vendo um animal morto, e Dominic sabia que deveria estar com a mesma expressão. Pela primeira vez no dia, se olharam nos olhos. Dominic foi transportado para três noites atrás, em cima de um terraço. Ainda eram estranhos, e ainda compartilhavam aquela mesma raiva.