Ele Deixa o Sol de Joelhos

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Fazer literatura como aula completar da minha grade foi uma das decisões que tomei sem pensar

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Fazer literatura como aula completar da minha grade foi uma das decisões que tomei sem pensar. Não que eu não fosse apaixonada pelas palavras e em como você consegue se expressar, em como consigo adentrar em um mundo novo, sentir sentimentos que nunca pensei que sentiria, mas... uma parte de mim sabia que provavelmente minha reputação iria por água abaixo e daria trabalho me manter intocável como gostaria.

E antes de realmente me inscrever para a aula, fiz a pergunta ao polvo se eu deveria ou não fazer a aula. O polvo disse "Sim", então não tinha nem mais como voltar atrás, entreguei minha inscrição naquele mesmo dia.

Por mais que eu não seja uma pessoa religiosa, ou acredite no universo, eu agradeço a qualquer ser que me fez questionar ao polvo em um site aleatório da internet, conheci Armin Arlet naquela aula e o conhecer foi uma das melhores coisas que aconteceram em toda a minha curta vida. Não que ele era alguém que se destacava nos esportes, ou era alto, com o físico definido, que fazia a maioria das meninas delirar, mas ele era extremamente inteligente e só de não votar no Bolsonaro ganha muitos pontos comigo.

Deixando a piada de lado, ele era alguém extremamente empático, mesmo que eu não tenha gostado dele de primeira – o julguei como um nerd qualquer que se acha superior -, ele conquistou um espaço grande no meu coração e a cada conversa que tínhamos após as aulas no turno da tarde, eu conhecia um ser humano que ele não deixava qualquer pessoa ver, assim como apresentei o meu lado mais sensível. Apresentei para ele uma Annie que eu reprimi por tantos anos por insegurança.

Passamos o semestre com uma relação assim, ao mesmo tempo que eu estava feliz em ser amiga dele, eu sabia que não era o bastante. Fui me apaixonar justamente por um menino que nunca pensei que fosse gostar, mas o que eu poderia fazer se ele era simplesmente a criatura mais incrível que conheci?

E depois de todo esse tempo suprimindo o que eu sentia, achei a oportunidade perfeita de me declarar de maneira não tão sutil e que não teria volta. Nanaba, nossa professora de literatura, achou que seria uma boa ideia passar, como trabalho de final de semestre, para que cada aluno fizesse um poema, ela não avaliaria se o poema de "A" ou "B" era um Gregório de Mattos, ou Cecília Meireles, mas sim queria avaliar e entender como cada um se expressaria através deles. Usaria o trabalho ao meu favor, escreveria uma poesia as bases da Rupi Kaur, mas com um diferencial, escreveria em forma de declaração para ele.

Minha ideia ao mesmo tempo que eu considerava extremamente genial, tinha uma falha: Sou péssima em falar em público, o que me fez pensar em uma solução para aquele problema, já que terapia para tratar minha dificuldade é caro e a psicopedagoga da escola me disse, da última vez que fui em sua sala, que se eu fosse em uma festa um menino colocaria boa noite cinderela na minha bebida e eu acordaria em uma banheira de gelo sem meu rim, eu tinha 12 anos... Hoje em dia eu não vou em festas por causa dela, então acho melhor evitar outro trauma.

Por isso convenci o Connie e a Sasha que os poemas deles tinham que ser os primeiros, já que provavelmente seriam os melhores e com isso eu me sentira mais a vontade para falar o meu, já que eu saberia que ele não superaria o de ambos. Se eu achava aquilo? Não, mas eles eram tão aleatórios que provavelmente o poema seria tão sem pé ou cabeça que as expectativas de toda a turma cairiam quando eu fosse falar o meu, me deixando mais confortável.

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