A fera

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Katsuki estava um tanto inquieto. Roendo as unhas e batendo o pé no chão, ele deveria estar desse jeito?

Queria saber o que a velha tinha dito para o meio a meio, mas a conhecendo sabia que não diria nada. Merda! Tinha que saber, será que ela disse algo vergonhoso? Uma série de lembranças veio a mente. Imagina!, Todoroki iria espalhar coisas íntimas suas!! Seu rosto chegou a corar, e sacudiu a cabeça de um lado para o outro, tentando afastar pensamentos constrangedores, isso tudo por causa da velha! Droga.

Ficava cada vez mais inquieto andando de um lado para o outro, precisava de conversar com ele e faze-lo ficar quieto.
Podia não parecer mas Bakugou se importava muito com a sua reputação, as vezes até demais. E ao contrário do que tentava provar a todo momento, também era bastante inseguro, mas isso era algo que nem mesmo ele sabia...ou...fingia não saber.
 
 
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Já passava do meio dia, o céu estava carregado de nuvens escuras, logo logo iria cair uma tempestade os últimos dias tem sido muito chuvosos. O clima não estava ameno mas tinha uma brisa fria.
Shoto como de costume, acordou cedo e aproveitou para colocar algumas coisas no lugar, estava ficando satisfeito com o resultado. Apesar de bem simples o pequeno apartamento estava bem organizado, do jeitinho que ele gostava...

Mas tinha a impressão de que a casa estava vazia e as paredes brancas davam um ar de tristeza e solidão. Como a maioria das pessoas não sabia lidar bem com a solidão, porém, agora teria que se acostumar.
Enquanto divagava sobre como seria sua vida agora que tinha terminado a escola e morava sozinho, sentiu a barriga roncar reclamando de fome. Ainda não tinha almoçado e estava com muita preguiça de fazer comida.

"Venha aqui sempre que quiser, é muito bom ter uma pessoa como você por perto!” e lembrou de novo da proposta da mãe de Bakugou, seguida de um sorriso gentil e sincero. Não queria passar o dia todo na sua prisão particular triste e solitária. E estava com fome... Mas não queria ser um incômodo. Porém seria falta de educação recusar um convite...não?

Talvez, ou talvez ela tinha dito aquilo só para ser simpática. Mas por outro lado não tinha nada para fazer a não ser ficar o dia todo em casa.Depois de muita indecisão e uma discussão mental consigo mesmo no fim das contas decidiu sim ir.

Se não fosse realmente bem vindo a culpa não era dele, quem mandou aquela mulher mentir para si?! logo para ele que era lento e levava as coisas ao pé da letra.
Tirou sua roupa de ficar em casa(roupa de mendigo) e colocou algo mais “saivel” deu uma leve arrumada no cabelo e foi sem mais nem menos.

Mesmo que uma parte da sua mente dizia que o melhor era ficar em casa...
 
 
 
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E lá estava ele! Pela segunda vez no quintal dos Bakugou, com sua mente ponderando se realmente ia fazer aquilo, mil e um pensamentos passavam pela sua cabeça e um loiro estourado fazia parte da maioria deles. Continuou encarando a casa, e finalmente avançou devagar com uma calma invejável, mas na verdade estava em um desespero interno, nunca tinha feito isso na sua vida! Aparecer na casa de alguém sem aviso e sem saber se era realmente desejado. Caminhando lenta e de forma robótica até a porta suas mãos tremiam e suavam sem perceber estava tão tenso que travou sua mandíbula. E mais rápido do que imaginava estava de frente a porta de madeira de cor branca com algumas falhas em sua pintura e finalmente tocou a campainha.

O som ecoou pela casa impedindo katsuki de roer as unhas até sangrar em seu quarto. É ele!. Não sabia como exatamente só de ouvir a campainha tocar sabia quem era, o coração pulou algumas batidas e de repente estava ansioso suando frio, franziu o cenho em reprovação Que merda é essa? em seguida desceu tão rápido que em um piscar de olhos já estava lá embaixo.

Shoto ficou bastante surpreso com a rapidez que foi atendido. E estava lá diante daquele olhar tão expressivo e ficou uns bons segundos encarando aqueles olhos cor rubi cheios de vida, sentia estar hipnotizado por eles o prendendo de uma forma que não conseguia focar sua atenção em outro lugar que não fossem eles, e por incrível que pareça não tinha ódio ou raiva (ainda) neles e Katsuki estava igualmente hipnotizado pelas íris de cores diferentes, que naquele dia não pareciam congeladas pela apatia e a indiferença, naquele dia... parecia que existia um brilho tímido nos olhos de felicidade.

A troca de olhares só foi interrompida com a chegada da voz animada da mulher loira.
-Todoroki! Que bom que veio o almoço está quase pronto. Vamos! Entre por favor.- Se aproximou do rapaz o puxando pelo braço para entrar logo. Bakugou ficou para trás com a porta aberta olhando para o “invasor” fechou a cara e soltou um rosnado Esse cara de novo! E bateu a porta com força. É... a fera estava de volta.
 
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Todoroki particularmente gostava da animação e a empolgação da Bakugou o fazia soltar algumas risadas mesmo que baixas e achava a forma que via o filho de uma forma admirável, por mais que não o tratasse da maneira mais delicada e carinhosa do mundo, apesar dos gritos e discussões sabia que Katsuki a via do mesmo jeito.

Já tinham acabado de almoçar, mas continuaram a mesa Shoto assistia Mitsuki brigar com a cria sem nenhum motivo aparente.

-O QUE ESTÁ FAZENDO SUA VELHA!?- berrou tentando se afastar das mãos dela.

-PARA DE SER CHATO! Você adorava isso quando criança!- Katsuki tentou correr, mas sua mãe pulou em cima dele e recomeçou o ataque de cócegas.

-P-para!- Disse interrompido pelas próprias risadas -Não, CHEGA!-

-Ah! Você gostava de cócegas na barriga, o que foi que aconteceu?- Comentou com a voz chorosa, passando os braços ao redor do pescoço do loiro e apertou com toda força que uma mãe carente tem.

-Me solta sua maluca!- falou tentando fugir do aperto, porém foi inútil. A discussão só acabou quando a cozinha foi preenchida por um som auto, mas elegante... A risada de Todoroki. Os dois pares de olhos estavam focados em si surpresos, ao perceber que era o centro das atenções ficou vermelho e abaixou o olhar.

-Uau... Você fica lindo sorrindo. Não é mesmo Katsuki?!- Disse quando percebeu que seu filho estava vidrado e de rosto levemente corado.

-tsc! Tanto faz.- Respondeu revirando os olhos e só ficou mais vermelho. Mitsuki riu e deu um murmúrio, de repente o celular dela toca e se retira do cômodo para atender, deixando-os sozinhos se encarando constrangidos em um silêncio mais constrangedor ainda.
 
 
                                                                                                                                                                  

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