Uma noite à sós

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-Meninos!- Proferiu entrando na cozinha afobada procurando as chaves do carro.

-Droga! Droga! Droga! Vou ter que sair agora. Tenho que ajudar uma amiga.- Tateou o corpo conferindo se tinha pegado tudo o que precisava.

-Bom se é assim melhor eu ir então.- Disse já indo em direção a saída.

-Ô que isso! Nada disso, não precisa ir embora. É rapidinho.-Antes mesmo de sequer poder responder algo ou ter qualquer tipo de manifestação, a mulher já tinha saído e despedido dos dois de forma apressada, deixando-os sozinhos e agora estavam presos em uma situação estranha o silêncio se instalou é o ar pareceu pesado, constrangedor e o mais alto sem saber o que fazer Todoroki estava pasmo e não sabia o que fazer, deveria ir embora? Ou deveria ficar? Mas a mãe de Bakugou não iria demorar não é? Então não tinha motivo pra ficar tenso... ou tinha? Não podia ser tão ruim ficar completamente sozinho com Katsuki... né? o que ele poderia fazer além de o torturar 16 formas diferentes?

O próprio pensou que essa era a oportunidade de saber o que sua mãe tanto conversava com ele. Mas não sabia se realmente queria saber do que sua mãe andava espalhando por aí dele. Não demorou muito para voltar ao seu estado de espírito normal, fechou a cara, cruzou os braços no rumo do peito caminhou para a sala e se jogou no sofá escuro com um bico emburrado.

-Meio a meio.- Chamou de forma rude e apontou para o lado vazio do sofá, e demorou um pouco para entender o que aquilo significava assim que entendeu obedeceu a ordem silenciosa. Todoroki sentou devagar e o sofá era tão fofo e confortável que pareceu abraça-lo o envolvendo na sua macieis, mas nem isso ajudou a relaxar, sentia-se totalmente tenso e desconfortável.

Dava para sentir a raiva exalando do loiro ao seu lado e as vezes soltava xingamentos desconexos baixos.

No fundo o som ficou fácil notar o que o dia todo ameaçou. Chuva. Começou tranquila e serena, mas rapidamente foi se tornando densa e pesada, forte.

-Qual filme você quer ver?- Perguntou pegando o controle e ligando a televisão. A chuva batendo violentamente contra a janela, o vento fazendo as árvores se curvarem, não demorou muito e logo se tornou uma tempestade. Os raios e trovões vieram. Um enorme estrondo rasgou os céus, fazendo a energia toda do bairro caiu deixando o pobre Bakugou se assustar e ficou tenso e suando frio, merdamerda,merda. Todoroki percebeu a mudança de comportamento brusca.

-Está tudo bem?- Perguntou gentilmente, realmente preocupado, pondo de modo inconsciente a mão direita na sua coxa esquerda do menor. Fazendo Bakugou estremecer surpreso pelo contato, mas não se afastou ou tirou a mão aquilo de certa forma estranha o acalmou, mesmo de calça sentiu a temperatura baixa vindo da mão dele.

-S-sim.- Um barulho mais forte e intenso ainda rompeu o silêncio da casa o chão e as paredes tremeram, Bakugou pulou de susto e estava tremendo de medo, e se encolheu como um gatinho assustado.

-Eh...- passou a mão no pescoço, processando a as informações que tinha presenciado. -E-eu...- tentou achar palavras mas logo desistiu não era bom com palavras. E em resposta recebeu um olhar com algumas pequenas lágrimas nos olhos, e em seguida enxugando-os.

Todoroki tentou enxergar o rosto dele, mas o escuro o atrapalhou, mas mesmo assim os olhos vermelhos assustados se destacavam como faróis acesos no meio da noite e o medo estava nítido neles. Por algum motivo Shoto se sentiu incomodado com isso, então decidiu fazer alguma coisa. Levantou do sofá e deixou o loiro assustado sala escura.

-E-ei! A-aonde você v-vai?!- Disse com a voz trêmula e murmurou para si mesmo olhando para o chão -Não me deixe sozinho.- Abraçou o próprio corpo enquanto sentia o pavor e a angustia tomar conta de si, e o seu orgulho gritava, mas agora tinha mais medo do que a necessidade de ser forte o tempo todo.

Enquanto isso Todoroki correu para a cozinha, se guiou tateando as paredes e a mesa assim chegou a pia, se abaixou e abriu o armário debaixo dela, procurando o que ele mais cedo tinha notado, uma das consequências de ser um observador é notar coisas inúteis que futuramente serão úteis. Pegou três velas artesanais que tinham sido feitas pela loira e tateou a mesa a procura dos fósforos, quando conseguiu achar, pegou a caixinha e voltou para a sala rápido. Katsuki continuava na mesma posição como se tivesse sido congelado naquele jeito. Os olhares se cruzaram por um momento mesmo em meio a escuridão, onde só era possível ver vultos.

O bicolor sentou-se ao seu lado e colocou as três velas artesanais na mesa de centro, riscou o fósforo e as acendeu uma de cada vez, olhou para o lado agora podendo ver o rosto da intitulada por si como fera, mas agora com a face serena notou o quanto ele lindo se perdeu por alguns segundos, mas logo retomou a consciência pegando uma das velas e subindo com rapidez escada a cima. Bakugou se sentia extremamente envergonhado e humilhado pela situação, afinal, quem com 17 quase 18 tinha medo de trovões e tempestades? Mas ficou aliviado por ele não ter falado nada, soltou um suspiro pesado e a medida que os trovões vieram se encolheu mais e mais, felizmente ouviu passou apressados e logo viu Todoroki descendo pelas escadas, uma mão com a vela e a outra com um cobertor, os olhos cor rubi observavam todos os seus movimentos,o outro ficou um pouco desconcertado pela atenção que estava recebendo daqueles olhos, mas não hesitou em nenhum momento.

-Pronto, isso vai te proteger.- Disse colocando o cobertor sob os cabelos loiros espetados, deu um pequeno sorriso na intenção de ser gentil e passar um pouco de segurança.

-Me-me proteger?- nem perceberam que estavam cada vez mais perto um do outro.

-Sim.- Deu um sorriso carinhoso logo em seguida, isso aqueceu o peito do loiro acompanhado de um leve rubor no rosto.

-Isso é uma capa indestrutível! Encantada pelo maior mago que já existiu, encomendada por uma rainha guerreira de um reino tão antigo que a única coisa preservada do reino é essa capa e o guardião dela!- Disse dramaticamente e arrancou uma risada do garoto ao seu lado.

-E quem é o guardião?- falou com um tom de deboche, mas entrando naquela brincadeira sem sentido.

-Ah...- Tentando inventar uma resposta criativa.

-Um unicórnio mercenário! que ao ter seu sonho de se tornar um advogado dançante ser arruinado, seu coração se torna amargo e frio.- Bakugou solta uma gargalhada fazendo também Todoroki rir.
 
E assim seguio a “conversa” (...se é que podemos chamar assim.) Um absurdo após outro, e rendeu boas risadas Bakugou se distraiu tanto que nem escutava mais os trovões de que tanto tinha medo, conversaram por horas e acabaram caindo no sono.
 
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-Ai! Meninos desculpa a demora mas é que...- entrou arranhando a porta e gritando para a casa toda, estava completamente encharcada e molhando o chão a medida que andava, só parou de gritar quando viu os dois garotos dormindo no sofá, não se conteve e sorriu se aproximou deles apagou as velas, subiu escada acima para pegar outro cobertor para Todoroki, desceu pelos degraus e o cobriu, aproveitou e fez um cafuné nos cabelos loiros e espetados em seu filho.

-Ok! Preciso urgentemente de um banho.
 
 
 
 
Continua... 
 
 
 
 
 
 
 
 

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