Clichês e mais clichês

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O loiro rabugento se olhava no espelho e sinceramente não sabia se gostava do que via porque raios foi na onda daquela doida? Pois eh… Nem ele sabia a resposta para aquela pergunta. 
 
- Nem a pau que eu vou assim! Tô parecendo uma vagabunda. - Vestia uma calça preta rasgada colada e uma blusa igualmente colada que cobria só a metade da barriga. 
 
- Querido Bakugou, você é uma vagabunda só não descobriu isso ainda. - Frisou a última palavra e o outro rosnou em resposta. 
 
- Eu vou tirar essa merda! 
 
- Tira não! Você tá um gato, pelo menos fica com a calça. - Dirigindo ao amigo um olhar pidonho com as mãos juntas. 
 
- Tsc, tá. Mais essa vai ser a última e a primeira vez. 
 
- Ae! - Comemorou. - Sua bunda merece ser admirada. 
 
- O QUE VOCÊ DISSE?! 
 
- Eu? Nada não, hehehe. - Respondeu em um falso tom de inocência, Katsuki só colocou uma blusa normal preta como muitas que tinha. 
 
- Estão prontos? - Perguntou Eiji quando viu os dois descendo as escadas, os garotos decidiram ficar na sala para dar o mínimo de privacidade, ideia essa que veio de Sero, porque os outros pouco se importavam se estavam sendo ou não invasivos, na verdade até gostavam disso.  
 
- Sim! - Respondeu Mina com um sorriso em contraste com o amigo ao seu lado que parecia que a cada segundo sua cara ficava mais fechada. 
 
Dessa vez Kaminari fez questão de se sentar ao lado do motorista, vulgo, nosso querido ruivo, o caminho até o parque foi cheio de conversas e gritaria exceto por um certo alguém que continuava emburrado no seu canto, mas em seu interior não tinha como negar que estava feliz por estar reunidos com aqueles idiotas e por mais que não parecesse a presença deles ajudou no seu humor, mas não era como se ele fosse dizer uma coisa daquelas, nem em um milhão de anos, então só decidiu que iria aproveitar o máximo a noite com aqueles patetas desmiolados, ainda mais porque a frequência que iriam se ver dali em diante apenas diminuiria e também como a própria Mina disse eram jovens em um sábado à noite, tinham que aproveitar não é mesmo? 
 
O parque de diversões era todo colorido, tinha várias barraquinhas de comida e também de jogos, tinha um clima leve não estava lotado, mas também não estava vazio, algumas crianças correndo, alguns adultos com os rostos pintados, o cheiro de algodão doce e pipoca, mas sem dúvida alguma o que mais chamava a atenção era a roda gigante, decorada com luzes coloridas, no fundo tinha uma música qualquer tocando que só contribuia com o ânimo dos outros. 
 
Talvez não seja tão ruim assim. Pensou Bakugou, e quanto aos seus amigos os olhos brilhavam encantados, não só com o lugar, mas também com aquela atmosfera e o ar doce, cada um se encantava com uma coisa diferente e mal sabiam por onde começar o passeio. 
 
- E agora? Pra onde vocês querem ir? - Perguntou Denki quebrando o silêncio entre eles.
 
- Montanha Russa! - Disse a garota, se antes ela estava animada, agora então nem se fala. 
 
- Ah, sério? Eu vou ficar enjoado. 
 
- Para de reclamar Denki. 
 
- Oxi, e você tá reclamando que eu tô reclamando. 
 
- Refutada. - Kirishima disse divertido. 
 
- Eu não reclamei… Foi só um comentário. 
 
- Ata. - Respondeu debochado. 
 
- Então o que vossa Majestade deseja fazer, hein? - Perguntou tão sarcástica quanto. 
- Eu…- Começou a dizer, mas não sabia ao certo exatamente o que queria fazer só sabia que queria ficar no chão em segurança, até que seu estômago roncou, bem alto a propósito. - Eu tô com fome. - Riu sem graça, afinal todos ali tinham ouvido. 
 
- Acho uma boa ideia e vocês? - Dessa vez foi o ruivo sorridente. 
 
- É, pode ser. - Deu de ombros, por mais que quisesse ir na montanha russa, comer algo estaria de bom tamanho. 
 
- Claro. - Disse o moreno que estava a um bom tempo calado. 
 
- Bakugou? 
 
- Tá, tanto faz. - Revirou os olhos. 
 
E assim foram todos a procura de uma barraquinha para comerem algo, não demorou muito tempo para encontrarem o que tanto procuravam, uma uma barraquinha de cachorro quente, entraram na fila de espera que graças a Deus não tinha muita gente, agora era só esperar a vez deles, nada demais certo? 
 
Errado. 
 
O destino pode ser um filho da puta às vezes, e apenas de vez em quando um ajudador, no ponto de vista de Bakugou era só o primeiro mesmo, e para piorar tinha amigos extremamente sociáveis que não conseguiam ignorar um conhecido na rua, e que conhecido seria esse? Ninguém mais e ninguém menos que Midoriya acompanhado de seu melhor amigo…  Isso mesmo 
 
Todoroki Shoto. No momento em que o viu teve vontade de se esconder, sair correndo ou de simplesmente fingir demência e agir como se nunca o tivesse visto na vida, porque de todas as pessoas da escola que poderiam se esbarrar tinham que ser justo aqueles dois? Alguém lá de cima realmente não gostava dele. 
 
- Midoriya!? - Apesar do tom alto não sabia se realmente era o antigo colega de turma, já tinha se confundido outras vezes e passado vergonha, não foi uma experiência muito legal. 
 
- Kirishima?! - Estava surpreso por encontrar não só um conhecido na fila, mas cinco. 
 
Nem preciso dizer que ficaram eufóricos ao reconhecerem Midoriya, enquanto esperavam a vez deles começaram a tagarelar sobre um assunto que sinceramente, Bakugou estava pouco se fudendo e por esse motivo por escolha própria não entrou na conversa, mas não era o único, Todoroki apenas os cumprimentou e de resto não disse nem um piu a mais, e na opinião do bicolor não tinha nada demais nisso, ele também não se importava com qualquer que fosse o assunto debatido, sua atenção não estava neles, ela pertencia a um outro alguém… 
 
E Katsuki que tentava com todas as forças fingir que Shoto não existia, mas ficava difícil com ele o encarando por longos segundos com aquela cara de pastel, começava a ficar envergonhado, se perguntava qual era o problema dele, porque não fazia igual ele e fingisse que simplesmente não existia. Tentou, tentou mesmo, mas como ignorar uma pessoa que nem por um segundo desvia o olhar de você? Aquilo estava o deixando verdadeiramente irritado, até que não conseguiu se conter. 
 
- O que é meio a meio, perdeu alguma coisa na minha cara?! - Foi o mais rude possível para ver se ele desconfiava, mas estamos falando de Todoroki Shoto. 
 
- Oh! Perdão, não queria te deixar envergonhado. - E nesse momento que aquela mini discussão chamou a atenção dos seus amigos. 
 
- Eu não estou envergonhado! 
 
- Está sim. 
 
- Não! não estou. - Então Shoto fez algo que nem em um milhão de anos imaginou que algum dia ele faria. 
 
Para sua surpresa o mais alto se aproximou, se aproximou consideravelmente, ficando bem próximo e se inclinando para ver de perto a face do outro, e quando o loiro deu indícios que iria recuar Shoto segurou o seu rosto, se tornando impossível de olhar qualquer coisa que não fosse o garoto a sua frente. Estava estático congelado no lugar, se fosse qualquer outra pessoa, já teria a empurrado ou a explodido, mas não era qualquer pessoa, antes até sentia envergonhado mais com toda aquela proximidade desnecessária era outra história, não conseguia fazer outra coisa a não ser por olhar no fundo dos seus olhos com heterocromia, que mais pareciam com duas joias brilhantes, nem precisava se ver no espelho para saber que estava completamente vermelho, afinal, a distância entre uma rosto e outro não era mais do que cinco dedos. 
 
Sentiu um carinho na bochecha, a essa altura do campeonato seu rosto estava fervendo, mas não sabia realmente se queria que ele se afastasse, porque se quisesse ele mesmo já teria feito isso, não é mesmo? Porém, nada fez, ficou ali congelado sem mover nem um único músculo, completamente hipnotizado por aqueles lindos olhos.
 
- Sim, está. - Respondendo como se não tivesse nada de errado com aquela atitude. Bakugou até perdeu o fio da meada, esquecendo completamente do que raios ele falava, até que finalmente voltou a si dando dois ou três passos para trás, ficando ainda mais desconcertado ao perceber que seus amigos o olhavam com uma cara de “Que? o que caralhos acabou de acontecer” e para disfarçar mandou todos irem a merda e cuidarem de suas vidas.  E Shoto parecia realmente não ligar para o que tinha feito, como se fosse algo completamente natural de se fazer. 
 

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