Aquela voz era inconfundível. Sabia a quem pertencia o doce timbre. Olhava pra ele agora e sorri, meio sem graça conforme as palavras saíam de forma monótona:
— Caio insistiu tanto que acabei cedendo e estou disposta a conhecer o lugar onde vou ficar.
— Sei, espero que goste e admire. Afinal, eu sou dono de tudo isso aqui! — a empolgação dançou em sua língua, o brilho de seus olhos como fogos de artifícios em combustão.
— Ah, grande coisa, não é? — digo na tentativa de soar provocadora. Ele fecha a cara, sua expressão dura como pedra.
— Muito melhor que os rolê que tu devia dar, — resmunga inabalável. — cheio de gente fresca e mesquinha de onde você mora, isso eu garanto. — prosseguiu, firme e ríspido nas palavras.
— Ah, sei disso não, isso aqui pra mim é só uma festa normal, com músicas de teor chulo com pessoas de carácter duvidoso... — exaspero com as mãos na batida das emoções, a explicativa que impregnava em minha mente.
Fui recebida por um arquear de sombrancelhas.
— Eita, que chuva de preconceito! Mas, o que se esperar de patricinhas como você, não é? — Thales diz, alisando meu queixo esboçando um sorriso galante.
Antes que eu pudesse expressar severamente meu lado que foi supostamente pondo à prova, surgia se do além, uma garota, um pouco mais baixa do que eu, e menos vestida também agarrando Thales pelo pescoço e eu podia ouvir ela claramente dizer:
"Me dando perdido, não é? Não adianta depois vir atrás de mim no fim do baile que eu não vou ceder"
Ela estava levemente alterada, e ele olhava pra mim tentando sair daquela situação, flertando comigo e agarrado com uma das peguete dele? Honestamente, alguns pontapés resolveriam. Porém eu não me sujeitaria à uma cena que no mínimo seria deplorável. Não suportando a tela obscura à minha frente, me virei procurando Caio que a essa hora com toda certeza já teria encontrado Alex e me dado um perdido. Vou me afastando e vendo Thales me procurar com os olhos, à deriva de um lugar pra fazer xixi, até que me encosto em um carro e esbarro em uma pessoa.
— Eita, quase que derruba meu copo.
— Me desculpa, tô procurando meu amigo.
Olhos curiosos me foram intensamente.
— Você é prima do Caio?
— Sou — digo tentando reconhecer se conheço a pessoa de algum lugar. Tentativa falha. — Você é...?
— Victor, prazer, deve lembrar de mim, sou primo de Thales, e braço direito dele aqui.
Oh, sim. A lembrança vaga brilhou na minha mente. Victor não mudou nada desde a última vez que o vi. Seus olhos eram banhados pela cor pura de mel que combinava com o cabelo, moreno queimado com um sorriso largo. Não posso me encantar.
Estico a mão num cumprimento.
— Então, acho que já deve se lembrar de mim.
— Sim, você mudou demais, fico impressionado na sua mudança, parabéns, muito bonita! — o sorriso dele ainda residia em seu rosto.
— Obrigada, estou acostumada — respondo sorrindo sem graça. — Pode me ajudar a procurar o Caio?
Victor inclina os ombros de forma confiante. A postura tão altiva que agora eu estudava.
— Claro, ele deve tá com Alex, o ex dele.
— Eita que você o conhece bem!
— Estudamos juntos, gosto muito dele.
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INTENSA COMO A VIDA
NouvellesAlice está prestes a fazer 18 anos, por conta de seus pais terem que viajar á trabalho para outros país, ela se vê obrigada a passar uns tempos na casa de sua avó, que é na favela mais conhecida de todo rio de janeiro, Alemão, lá ela conhece Thales...