Ao chegarmos na cena do crime, encontramos Lestrade e sua "corja de incompetentes" analisando o corpo e fazendo algumas observações. Ele parecia bastante desamparado pois o criminoso estava agindo friamente e de maneira rápida.
— Rapazes, precisamos de vocês. Mais uma vítima desse criminoso que provavelmente está bem longe daqui...
— Nao está. [Disse Sherlock]
— Como não? Todos analisamos e concluímos que esse corpo já está aqui há tempo suficiente para o suspeito estar bem longe.
— Se a análise de vocês bastasse, não precisariam de mim. Ah, o Anderson na operação, de novo? Vocês não cansam?
— Sherlock... [disse eu, tentando amenizar]
— O que foi??? Como querem que a investigação prossiga desse jeito?
— Escuta aqui, seu lou-
— Anderson, não. Precisamos dele. Se esforcem pra não se matarem. - disse Greg Lestrade, enquanto Sherlock e Anderson reviravam os olhos.
Depois de um dia completamente cheio e de obviamente muitas conclusões feitas por Sherlock, pegamos um táxi com destino a Rua Baker, para descansar os corpos. Eu estava muito cansado e desgastado mentalmente, só pensava nos biscoitos feitos pela Sra. Hudson, mais cedo. Sherlock parecia nem ter passado por um dia turbulento, estava elétrico. Ansioso pela próxima mensagem do Lestrade e sedento por mais pistas. Amanhã seria um dia longo. Ele mal podia esperar. Enquanto eu, só pensava em forrar o estômago, deitar a cabeça no travesseiro e apenas sonhar com longas horas de sono, pois certamente haveriam de ser pouquíssimas.
— Tá com fome? Pedi comida japonesa.
— Ah, muita. Você não está?
— Comer vai me tirar a atenção e tempo.
— Sherlock, você precisa comer.
— Você pelo visto, precisa mais. Pedi porção extra, vou tomar um banho, o cara deve estar chegando, você desce.
— Ah, ok. Mas e o dinheiro?
— Já está pago.
— Quer dividir?
— Cala a boca, John.
Sherlock foi tomar banho e minutos depois um cara bem magro e pouco expressivo apertava a buzina de sua bicicleta sinalizando a entrega do pedido. Coloquei a jaqueta e desci, estava muito frio.
— Boa noite!
— Boa noite.
— Nossa, está congelando aqui fora... [eu disse, na expectativa de puxar rapidamente um assunto, tentando ser educado e agradável].
O rapaz apenas concordou com a cabeça e seguiu seu caminho em sua bike na noite fria.
Eu estranhei, mas estava com tanta fome que preferi subir rapidamente e abrir as embalagens. Sherlock havia pedido os meus preferidos, ele acertou todos.
— Já se serviu? [disse Sherlock sacudindo os cachos levemente molhados]
— Estão deliciosos, obrigado por ser tão gentil. Você pediu meus favoritos, estou lisonjeado pelo cari-
— Ah, eu apenas observei.
— Ah, bem, de qualquer jeito, obrigado.
Sherlock sorriu levemente e sentou-se na mesa para me acompanhar.
— Estou estressado.
— Pelo menos, né... Já que não está cansado.
— Você se cansa muito fácil, John...
Ok, admito que tive um pensamento malicioso com essa frase do Sherlock, mas não foi nada demais, vai... Acho que já estava começando a alucinar de tanto cansaço. Não conseguia nem imaginar algo perto do que aconteceu e nós havíamos deixado pra lá. Enquanto pensei tudo isso eu olhava fixamente para ele, sem me tocar o quão constrangedor isso podia estar sendo.
— Está tudo bem, John?
— Ah, quê?? Sim, sim.... O que-
— Tudo bem, é que passou 2 minutos me encarando.
— Passei?? Meu Deus, não percebi, perdão isso é embaraçoso...
— Tudo bem, você está bem cansado, deve estar desnorteado.
— Ah, sim, sim, eu to, preciso me deitar e tomar um banho quente-
— Está ofegante.
Sherlock estava me deixando numa saia justa, nem eu sabia o que estava acontecendo mas ele insistia em me deixar ainda mais envergonhado.
— Na-não, eu, eu vou tomar banho. É isso, não teve nada, só vou me preparar pra dormir. [disse levantando-me rapidamente da mesa em direção ao corredor, para ir ao banheiro, mas Sherlock levantou logo em seguida]
— Tem certeza que não aconteceu nada? [perguntou ele, já sabendo a resposta]
— Si-sim, não é nada.
— Então o que é isso aí? [disse Sherlock, apontando com o olhar para o volume na minha calça, que estava extremamente evidente].
VOCÊ ESTÁ LENDO
Elementar, meu caro tempo.
RomanceDoutor Watson, ex-fuzileiro de Northumberland, está perdido em Londres, sem destino, sem ninguém. Ele conhece um sujeito muito misterioso e intrigante. O que está por vir ?