Depois que já tinha chegado em casa, mergulhado debaixo do chuveiro para tomar o maior banho da minha vida e colocado o conjunto de camiseta e short de flanela mais vagabundo que tinha, prendi meu cabelo e fui caçar comida de verdade.
Após fazer a minha tradicional planície, acomodei-me ao lado de Paulo no sofá, as pernas em triângulo e os pés contra o estofado, para tentar me entreter com a programação tediosa dos meios de semana enquanto mastigava, mas logo percebi que seria uma tarefa difícil, porque minha cabeça insistia em voltar para toda a loucura que tinha vivido na lanchonete em horas anteriores.
- Carmelita... - A voz do meu irmão ecoou, de súbito, tirando-me dos meus devaneios errantes sobre balas de caramelo e um casaco xadrez específico que descansava no suporte em meu quarto.
- Que foi? - murmurei, o tom abafado graças à boca cheia , direcionando minhas orbes à ele.
Pude vê-lo limpar a garganta, parecendo embaraçado.
- Eu tô pensando em dar um presente para uma pessoa...
Entendi logo de cara o que estava querendo dizer, mas não podia perder a chance de provocá-lo um pouco.
- E? - Fingi-me de desentendida.
- E eu queria saber se você conhece algum tamanduá que possa me ajudar com isso, é óbvio. - Sarcasmo banhou cada sílaba, acompanhadas do seu rolar de olhos.
Mordi o lábio para conter um riso.
- Você é um idiota. - afirmei, esticando a perna para chutar seu braço.
- Ai! - protestou, capturando meu pé antes que eu pudesse recolhê-lo.
Seus lábios se curvaram em um sorriso malicioso que me fez temer pela minha vida, porque sabia exatamente o que estava se passando na sua cabeça.
Ah, não.
- Nem vem com essa. Eu tô comendo! - afirmei, tentando conter as notas de desespero que inundaram meu tom, enquanto mantinha os dedos firmes nas bordas do prato em meu colo.
Fiz o máximo de força que pude para puxar minha perna de volta, mas a puberdade trouxe muito mais do que pelos no rosto para Paulo; o idiota ficou indiscutivelmente mais forte.
- Deveria ter pensado nisso antes de me chutar.
Com uma determinação sobrenatural, Paulo levou os dedos ao meu pé e começou a escorregar as digitais em cócegas frenéticas sobre a parte de baixo, fazendo-me expurgar uma risada interminável que esvaiu todo o ar dos meus pulmões, conforme meu corpo tremia em convulsões vergonhosas e um fervor de brasa ardia em minhas bochechas.
- Para, filho da mãe! - soltei, entre um riso e outro, tentando manter o prato de vidro firme mas mãos e, ao mesmo tempo, não morrer sem ar. - Eu não vou conseguir te ajudar se eu morrer! - completei, rezando para que fosse o suficiente para me soltar.
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Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Estou Fazendo Aqui
Teen FictionCarmelita Silveira se meteu em uma confusão de níveis estratosféricos. Portadora de uma boca indomável e uma delicadeza cavalar, a garota tem certeza de que sua solteirice aguda é genética, graças a uma estranha maldição que parece cercar as mulher...