Reese é uma talentosa bailarina que vive em New York e cursa seu terceiro ano na prestigiada universidade de Juilliard.
Quando sua irmã mais velha está prestes a se casar, Reese se vê de volta no tão familiar verão californiano de Santa Monica, sua...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Presente
Eu tinha quatro anos quando comecei a dançar. Meu pai achou que eu precisava de uma distração, algo que ocupasse boa parte do meu tempo, apenas para que eu não pensasse demais no fato de que a mulher que me deu a luz um dia pegou tudo o que precisava e foi embora. Ela claramente não precisava de mim.
Tentei aulas de piano,violino e uma dezena de coisas, porém nada funcionou. Algumas coisas você só encontra quando para de procurar. Eu não me lembro muito dessa época, mas me lembro de quando fomos assistir a uma apresentação do Quebra Nozes e de amar cada segundo daquilo. Desde então a dança tem sido o meu escape do mundo real.
No meu aniversário de sete anos minha mãe, Chloé, reformou um dos quartos de hóspedes, substituindo os carpetes por madeira e os papéis de parede por espelhos e barras de fora a fora. Eu fiquei tão feliz que dormi ali na primeira noite.
A saia de tule quase transparente era a única coisa que eu usava além do body preto. Havia marquinhas de biquíni quase imperceptíveis em minha pele escura, resultado de ter passado a tarde anterior na praia. Eu senti falta do calor deste lado do país.
Fazia mais de uma semana que eu estava na Califórnia. Mais de uma semana inteira que eu evitava estar em qualquer lugar que Kaleb Jenkins estivesse.
Tento não pensar demais no fato de eu estar sendo pouco madura, porém, vê-lo despertava tudo o que tentei manter inerte, e o fato de saber que ele e Elena tem alguma coisa me faz sentir estranha. A forma como ela sorriu ao atender seu telefonema aquele dia...
Já faz um ano, é claro que ele seguiria em frente.
Coloco minhas frustrações em cada passo, salto e queda. Giro na ponta dos pés até sentir tudo e continuo até não sentir nada. A sala espelhada parecia bem maior quando eu tinha sete anos, mas meus pés mapearam cada centímetros dela, eles sabem os seus limites.
O meu amor pelo balé clássico nem se compara ao que sinto pela dança contemporânea. Sempre foi assim e acho que sempre será.
Paro em um sobressalto quando vejo seu reflexo no espelho. Por um instante penso que é apenas uma invenção da minha mente, mas quando me viro sei que é mais real do que nunca.