Lembranças que Doem

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 Depois de uma longa argumentação (e um pouco de telepatia) Matsaniel conseguiu convencer Gabriel a emprestar seu cartão de crédito.

— Mat, gaste com consciência — Pediu Gabriel ao entregar, a contragosto, o cartão

— Não se preocupe, eu garanto que você não vai sentir falta — Disse Matsaniel

— Esse é o meu medo. Eu sei que você sabe que tem muita coisa que eu provavelmente não vou sentir falta

— Alguma vez eu já lhe decepcionei?

— Espero que não seja a primeira vez

...

O garoto de óculos só voltou para a montanha quando já era noite, trazendo consigo dois grandes contêineres. Isso atraiu a atenção de Gabriel, que veio conversar quando Matsaniel estava colocando aquelas coisas para dentro da montanha.

— Mat, você vai construir veículos novos? — Perguntou Gabriel

— Como você adivinhou? — Perguntou Matsaniel

— Não adivinhei, foi só a voz da experiência. O que vai ser dessa vez, um trator?

— Não

— Um caminhão de lixo então?

— Não, e é surpresa

— Eu paguei por isso, não tenho o direito de saber?

— Prefiro lhe restituir o dinheiro

— Não, não precisa disso. Bom, parece que eu vou ter que esperar como todo mundo

— Exato. Aliás, aqui está o seu cartão

Matsaniel devolveu o cartão de crédito para Gabriel e então o rapaz seguiu na direção da saída do pátio, até que parou e se virou.

— É uma ambulância? — Perguntou ele

— Não — Respondeu Matsaniel

— Enfim, ninguém pode dizer que eu não tentei. Não se isole dessa vez, ok? Mesmo que agora tenha um monte de gente na montanha, ninguém vai vir aqui se você falar para não vir

— Anotado, vou me lembrar disso

Matsaniel foi então checar o interior de um dos contêineres e Gabriel seguiu em direção à escada, passando por Camila no caminho.

— Ah, Mila, veja se o Mat precisa de ajuda com algo — Pediu Gabriel

— Tudo bem, eu já estava indo fazer isso mesmo — Disse Camila

A garota foi então na direção em que Matsaniel estava e Gabriel, enfim, seguiu para o andar superior.

— Mat, o que vai construir? — Perguntou Camila

— Oi Mila — Cumprimentou Matsaniel, saindo do contêiner — Eu vou construir um helicóptero e um submarino

— Uou, sério? Bom, o helicóptero eu até consigo imaginar, mas por que o submarino?

— Porque estava com um preço bom e eu não resisti. Espero que chegue a ser útil, ou o Gabriel vai me falar algumas coisas desagradáveis

— Ele não faria isso, faria?

— Bom, a paciência que ele tem é notável, mas acho que ele só continua financiando essas coisas que eu faço porque sempre dão resultado. É aquele velho ditado, "amigos, amigos, negócios a parte"

— Entendi. Vocês se dão muito bem como amigos

— É verdade. Sabe, eu fui o primeiro amigo humano que o Gabriel teve

Wild Kondo - A Bruxa e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora