Wild Kondo - A Bruxa e o Dragão

Um Imã de Boa Sorte - Parte 1

 Levou pouco mais de uma semana, mas, com a ajuda de Camila, todos os preparativos de Matsaniel ficaram prontos.

Os seis Lutadores Wild Kondo se reuniram na sala principal e o garoto de óculos descreveu em detalhes o plano que havia bolado.

— Uau, dessa vez você planejou uma superprodução — Disse Gabriel — Basicamente, então, se o Marcos não quiser entrar no helicóptero, tudo vai dar errado?

— Isso não vai acontecer, eu garanto — Disse Matsaniel — O Marcos sempre atrai coisas boas, então sempre descarta que algo ruim possa acontecer

— Você está apostando alto nisso

— Ah é? Willian, eu tenho ou não tenho razão sobre o Marcos?

— Acho que tem — Respondeu Willian — Sabem, uma vez o Marcos encontrou uma carteira na rua, cheia de dinheiro e sem nenhuma identificação. Ele levou a carteira para a polícia, mas ninguém deu por falta dela, então eles devolveram para o Marcos

— Isso não aconteceu só uma vez — Disse Tom — O Marcos tem uma coleção de carteiras sem identificação. E ele nem gasta o dinheiro que tem nelas

— Não gasta? — Perguntou Gabriel — Ele economiza?

— Não, ele não gasta porque não precisa — Respondeu Matsaniel — Ele consegue comprar o que quiser só com o dinheiro que encontra avulso pela rua. Eu nunca vi tantas moedas perdidas por aí

— Puxa, esse Marcos tem muita sorte — Disse Alex

— Ah, eu preciso discordar disso — Disse Gabriel — A sorte é apenas uma interpretação filosófica. O que rege o acaso é a mão do Destino, esse Marcos não tem nada de especial nesse quesito

— Nem se o Destino fosse pai do Marcos — Disse Matsaniel — Sempre acontece algo para que ele se dê bem. Quando ele vier para cá, você verá com seus próprios olhos. Alex, está pronto?

— Sim Mat — Respondeu Alex

— Excelente. Vamos colocar meu pássaro no ar

...

Depois de Matsaniel levar o helicóptero para fora da montanha, o garoto de óculos programou as coordenadas do piloto automático para pousar em um local específico da cidadezinha natal dele.

— Está com o texto decorado? — Perguntou Matsaniel para Alex, que estava entrando no helicóptero

— Sim — Respondeu Alex

— A viagem vai ser um pouco longa

— Estou com meu videogame portátil

— E se você sentir fome ou sede?

— Peguei o lanche que você fez para mim. Mat, repassamos tudo isso por várias vezes

— Desculpe, é que é a primeira vez que você sai sozinho em missão, mesmo que seja uma extraoficial

— É só essa parte que eu não entendi. Por que estou indo sozinho?

— Se o Willian, o Tom ou eu formos, o Marcos pode desconfiar e se o Gabriel for, ele pode achar que ele sou eu e desconfiar do mesmo jeito, por isso tem que ser você

— E a Camila?

— Ela está bem, por que?

— Porque...

— Puxa, olha a hora. Melhor você ir, se quiser voltar ainda hoje

— Mas tem muito tempo de sob...

Mas então Matsaniel fechou a porta do helicóptero e apertou um botão em seu comunicador, dando a partida no veículo.

— Boa viagem e boa sorte — Disse Matsaniel acenando para Alex

O garotinho acenou de volta até os dois perderem a visão um do outro.

Matsaniel então suspirou. Agora era apenas uma questão de tempo.

...

Alex se distraiu com seu joguinho, até perceber que o helicóptero tinha reduzido a velocidade e estava descendo. O garotinho então olhou pela janela e a paisagem que viu bateu com a descrição que havia recebido de Matsaniel.

O helicóptero aterrissou em um gramado, ao lado de um campinho de futebol onde estava ocorrendo um pequeno jogo entre dois times de adolescentes. Ao verem o veículo voador descendo, o jogo foi interrompido pela curiosidade dos jovens que queriam saber do que se tratava.

Quando Alex abriu a porta, o helicóptero já estava completamente cercado de garotos. Dentre eles, o garotinho reconheceu Marcos por uma foto que Matsaniel havia lhe mostrado.

— Marcos Carvalho Vieira? — Chamou Alex

— Sou eu — Disse o garoto loiro dando um passo a frente

— Meus parabéns, seu CPF foi sorteado e você ganhou um passeio de helicóptero

— Sério, eu ganhei? Que legal! Mas espere, eu não cadastrei meu CPF em nenhum concurso

Matsaniel já havia deixado Alex pronto para aquela possibilidade.

— É um cadastro governamental — Respondeu Alex — Poderia ter sido qualquer pessoa do Brasil inteiro

— Ah, entendi — Disse Marcos — Mas por que é uma criança que veio me dizer isso?

Matsaniel também já havia pensado naquela hipótese.

— Não sou uma criança — Respondeu Alex — Sou um modelo de vida artificial desenvolvido para controlar todas as funções desse veículo

— Ah, faz mais sentido — Disse Marcos — Eu posso levar alguém comigo?

— Não, e se não embarcar imediatamente, perderá o prêmio

— Puxa, esse sorteio tem regras bem rígidas. Tudo bem, eu vou. Pessoal, terminem o jogo sem mim

Marcos então entrou no helicóptero, deixando seus frustrados colegas de time para trás juntamente dos eufóricos membros do time rival.

Alex então fechou a porta e o veículo, como estava programado, deu a partida e levantou voo.

— Para onde iremos? — Perguntou Marcos, observando a estrutura interna do helicóptero

— Você verá — Respondeu Alex

— Tudo bem. Isso aqui é para mim?

Marcos estava se referindo ao lanche que Matsaniel havia preparado para Alex.

— Claro... — Murmurou Alex — Afinal, modelos de vida artificial não se alimentam, não é mesmo?...

...

Marcos começou a ficar impaciente com a longa viagem, mas parou de prestar atenção nisso e começou a se distrair com seu celular.

Ele realmente não se importava com para onde estava indo. De algum jeito, aquilo terminaria bem. O garoto nem mesmo estava estranhando o fato da inteligência artificial brincar com um videogame portátil.

Em dado momento o helicóptero começou a descer. O veículo então aterrissou sobre o elevador para veículos, que desceu para o subsolo, até o pátio do QG.

Alex então abriu a porta do helicóptero, se deparando com Matsaniel, que tinha vindo os receber.

— Chico? — Surpreendeu-se Marcos — Não me diga que...

— Não, isso não é sobre o meu canivete — Respondeu Matsaniel

— Ah bom. Estamos em alguma instalação do governo?

— De forma alguma. Marcos, seja bem-vindo ao QG dos Lutadores Wild Kondo