Capítulo 02

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achary estava quase saindo para ir à escola quando seu pai chegou mancando do trabalho. Ele fedia a gordura e se apoiava no pé esquerdo. O restaurante onde trabalhava fechava por volta das três da manhã, mas verificar o estoque e os pedidos aos fornecedores e fazer uma refeição com o resto dos funcionários obrigavam seu pai a voltar pra casa, na maioria dos dias, muito depois da hora do fechamento.

-Bolhas horríveis -Papai resmungou, como explicação para estar mancando.

O pai de Zach era um homem grande com o cabelo bagunçado, curto e encaracolado, com a mesma cor de uma torrada queimada, assim como o de Zach, os mesmo olhos azuis cor de vidro do mar e um nariz que fora quebrado duas vezes.

-E depois, feito um idiota, derramei óleo em mim mesmo. Mas o restaurante lotou, então já é alguma coisa.

Lotar era bom. Lotar significava que as pessoas estavam comendo no restaurante, e isso significava que o pai de Zach não perderia esse emprego.

Mamãe pegou uma caneca, encheu-a de café sem falar nada e apoiou-a na mesa. Zach pegou a sua mochila, já caminhando para a porta. Ele se sentia mal, mas às vezes ainda ficava surpreso por ver o pai em casa. Seu pai tinha ido embora três anos antes e voltara havia três meses. Zach não conseguia se acostumar a tê-lo por perto.

-Arrebente naquela quadra hoje -o pai disse, bagunçado o cabelo de Zach como se ele fosse uma criancinha.

O pai adorava o fato de Zach estar no time de basquete. Às vezes, parecia ser a única coisa em Zach de que ele gostava. Ele não gostava de queZach brincasse com meninas depois da aula em vez de fazer cestas com os meninos mais velhos a alguns quarteirões dali. Ele não gostava de que Zach sonhasse acordado o tempo todo. E, às vezes, parecia, para Zach, que seu pai nem gostava de que ele tivesse ficado tão bom no basquete, já que, assim, ele não podia lhe dar bronca dizendo que todas aquelas outras coisas estavam atrapalhando o desempenho dele na quadra.

O mais importante era que Zach não se importava com o que seu pai pensava. Sempre que lhe direcionava um olhar de reprovação ou lhe dirigia uma pergunta que deveria fazê-lo se sentir na defensiva, Zach fingia não reparar. Ele e a mãe estavam muito bem antes de o pai voltar, e ficariam bem se ele fosse embora de novo também.

Com um suspiro, Zach seguiu para a escola. Ele costumava encontrar alguns outros alunos indo a pé, mas, naquele dia, a única criança que viu caminhando foi Kevin Lord. Kevin contou a Zach uma longa história sobre ter visto um cervo quando estava andando em sua bicicleta suja pelo bosque, e comeu um folhado cru, só o tirou da embalagem.

Zach chegou à aula do Senhor Lockwood um pouco depois dos ônibus. Alex Rios apoiou-se no encosto da cabeceira dele para cumprimentá-lo batendo com o punho por cima do punho de Zach. Depois, os dois bateram as mãos e as puxaram, deslizando-as uma na outra até que ficassem presas apenas pelas pontas dos dedos. Era um cumprimento ensinado a todos do time de basquete e, sempre que Zach o fazia, ele tinha um sentimento bom de pertencer a um grupo.

-Você acha que vamos ganhar do Edison no domingo que vem? -Alex perguntou de um jeito que não era bem uma pergunta. Era parte do ritual, com o cumprimento.

-Vamos acabar com eles -disse Zach-, desde que você continue me passando a bola.

Alex bufou e, depois, o Senhor Lockwood começou a chamada, por isso eles se viraram para a lousa digital. Zach tentou parat de sorrir e fingiu estar prestando atenção.

Depois do almoço, Poppy apertou um bilhete em forma de triângulo na mão de Zach quando passou por ele no corredor.  Ele não precisou desdobrar para saber o que era. Perguntas. Zach não conseguia se lembrar de como tinha tido essa ideia, nem quando, mas as Perguntas existiam como uma estranha coisa privada fora da brincadeira. Ele e Poppy e Alice tinham qur responder a qualquer pergunta da brincadeira que fosse feita, no papel, mas as respostas eram apenas para quem perguntou. Os personagens não ficavam sabendo.

Eles passavam bilhetes para lá e para cá, especialmente se um deles estivesse prestes a ficar de castigo ou viajar. Zach sempre sentia uma onda de empolgação -e um pouco de medo- quando recebia um papel dobrado. Era uma parte do jogo que Zach achava especialmente arriscada. Se um professor pegasse o bilhete ou Alex visse...
Só de pensar na possibilidade, a nuca de Zach começava a queimar de vergonha.

Ele desdobrou o papel com cuidado, alisando-o contra as páginas do seu livro enquanto o Senhor Lockwood começava a aula de História.

Se a maldição fosse tirada, William realmente abriria mão de ser pirata.
Se fizesse isso, iria sentir falta?
Quem ele acha que é seu pai?
Ele acha que a Lady Jaye gosta dele?
O William costuma ter pesadelos?

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Hellooo
Me desculpem pelo demora hehe

Até o próximo capítulo😘

Boneca de OssosOnde histórias criam vida. Descubra agora