___Dentre muitas coisas que Louis poderia agradecer por ter herdado da graciosa genética de sua mãe, a sua favorita que estava sempre na ponta de sua língua - literalmente, era o jeito afiado de detectar boas especiarias, dona Johanna só não contava na habilidade de seu pequeno filhote para junta-las na mais perfeita combinação de sabor. Era um dom, e seria um desperdício não usar.
E com isso já posto sobre a mesa, se fazia costumeiro as compras de final de mês para suprir o estoque do restaurante caírem sobre os ombros do ômega, não que ele reclamasse, foi idéia do mesmo cuidar dessa parte, mas agora rondando os corredores frios do enorme mercado de varejo e atacado, Louis ronda em sua cabeça se foi uma boa decisão.
A luz incandescente forte demais para a madrugada irritava os olhos de Louis, e a irritação era percebível se prestasse atenção por segundos a mais. Apalpando e levando os sacos de trigo as narinas pra ter certeza da qualidade, Louis franziu a testa quando um odor que não deveria estar ali se fez presente, e com mais algumas fungadas, percebeu de que o cheiro não vinha do pacote - percebeu também o olhar de algumas pessoas que o encaravam pelo mal hábito lupino em público, que talvez levou as bochechas a ficarem vermelhinhas.
Como não identificar, o cheiro forte do lúpus dançava pelas prateleiras, ele estava em algum lugar perto, Louis foi andando devagar encostado às prateleiras, na sua própria missão de ter um vislumbre do mesmo. Perto das bebidas, o cheiro ficou mais presente, deixando o pequeno quase tonto, e pelo azar que se agrada em o acompanhar, talvez ele tenha batido numa pilha de latas em forma de pirâmide, descendo como cascata no chão. "Merda!" pensou, se escondendo atrás da grande caixa quando o olhar rápido do cacheado virou em sua direção, a última latinha rodando preguiçosa no chão sendo o único barulho do walmart na madrugada, o ômega sentiu que iria desmaiar com a vergonha.
E talvez ele fosse mesmo, já que ao olhar pra cima se despertou com aquelas orbes e as covinhas que o derrubavam. "Precisa de ajuda?" perguntou estendendo a mão, mas com o sorriso de sarro no rosto. "Se você não consegue rir de si mesmo, eu posso fazer isso por você". E Louis não gostou daquele sorriso presunçoso, claro que não, e com um leve tapa tirou a mão do maior da sua frente, se pondo de pé sozinho, com um bico nos lábios.
"Acidentes acontecem, seu...seu merdinha" voracifou, tremendo de vergonha dos pés à cabeça.
"Se esta me xingando, porque está sorrindo?" E ele não sabia a resposta, estar perto do lúpus apenas o fazia bem.
"Da sua cara de sapo talvez, me olhando todo besta." O ômega limpou a sujeira de quando se sentou no chão e rumou para longe.
"Eu não tenho cara de sapo!" Falou, longe demais pra ser ouvido direito. Louis deu graças por estar de costas, pra que ninguém veja o sorriso que lhe cortava o rosto. "Hey, volte aqui!".
☆
Louis se sentia xoxo, capengo, manco, anêmico, frágil e inconsistente.
Jogado no chão da cozinha encarando o teto, perdido na melodia triste que soava do rádio. Não, ele não se identificava com os versos da música, mas não era motivo para não ficar cabisbaixo com as emoções ali presentes.
Acontecia que o sol estava quase nascendo no horizonte, mas o ômega não pregou os olhos até aquele momento, as memórias dos últimos acontecimentos o atingindo em cheio, vergonha e ódio de si mesmo, era o que sentia por ter falado daquele jeito. Parece ser de família entrar em parafuso e não conseguir segurar a língua, ele era tão idiota de ser mal educado com alguém que gostava da sua companhia, isso era uma oportunidade raro, jogada no ralo, agora Styles o odiava e nunca mais olharia em sua cara, bem, Louis concluiu que cansava demais existir em sociedade.
Levantando com dificuldade e estralando as bolhas de ar dos ossos muito barulhentas, rumou ao chuveiro para um banho rápido, sentir seu cheiro agora seria considerado um crime.
Com a testa encostada na parede, a água quente escorria pela sua espinha, relaxando os músculos das costas. O bom silêncio do apartamento foi quebrado pelo som da chamada recebida no celular, ainda deixado na cozinha. O ômega enrolou a toalha sobre o peito e se dirigiu ao som, tentando não deixar pingar água na madeira e xingando por não ter levado o aparelho consigo.
Atendendo ao toque da chamada desconhecida e olhando os pequenos raios no céu frio e chuvoso, Louis se sentou numa cadeira da varanda, acendendo um cigarro e tragando lentamente.
"Alô?" Perguntou já incomodado, os segundos de silêncio pesando até o pequeno quase encerrar a ligação, mas parando ao ouvir um murmuro do outro lado da linha. Levando com a mão trêmula o celular ao ouvido, quase se engasgando ao ouvir a voz perguntar se alguém o ouvia.
Vestido de falsa coragem, respondeu "É L-louis" quase se bateu por gaguejar, "O que foi?"
Ouvir o som daquela voz depois de tantos anos trouxe lembranças enterradas que Louis achou já estarem podres. Tragou o cigarro com violência desejando nunca ter atendido ao número alheio.
"...sou só eu...só queria saber se esta tudo bem com você...sabe, não tive mais nenhuma notícia sua."
"Estou, nada de mais acontecendo." Louis não soube como respondeu tão calmo, sendo que sentia como se fosse vomitar.
"é que faz muito tempo desde que nos vimos, só queria saber se vai parar de me ignorar e quando vamos conversar".
"Espere! era você bancando o psicopata e me ligando sem falar nada?"
"desculpas por isso, só não tive coragem de falar até agora, não vai se repetir. Que tal marcarmos um lugar pra conversar, hum?
"Não, tchau, não ligue mais"
Encerrada a chamada, o menor quase apertou para bloquear o contato, mas ele não conseguia ser egoísta a esse ponto. Quase arrancando os cabelos, jogou o celular no sofá e foi se vestir.
Por mais que queria aproveitar o dia livre, se lembrou que não fez as compras do mês, sendo interrompido pelo Styles mais novo, e se batendo mentalmente, foi se vestir para acabar logo com as pendências.
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vocês me odeiam pela demora?
quebrei meu computador e estou escrevendo em um celular emprestado kkobrigado pelo apoio e pelo voto 🐰
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pretty baby ☆ l.s
FanficA.U. onde um ômega prepara massas com amor e um alfa tem problemas em dizer não. ☆