Eu sou Wild

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Wild passou toda sua vida dentro das muralhas de Homeland. Ano após ano, dia após dia. Por ser um híbrido, sua vida era constantemente ameaçada e, portanto, era protegido dentro dos enormes muros que separavam a sociedade e o lar dele.

O pai dele era um Nova Espécie, um humano com o DNA geneticamente modificado por uma empresa farmacêutica, Mercile. Sua mãe era uma humana normal, que trabalhava na Mercile. Os dois conheceram-se lá e apaixonaram-se perdidamente, logo haviam revelado o segredo da empresa e eles puderam ficar juntos. É, um lindo conto de fadas.

Entretanto, Wild não acreditava em histórias de dormir. Claramente seus pais haviam enfrentado muito mais do que diziam. Não era apenas uma empresa cruel, também tinha o preconceito, o medo, a vergonha, os traumas, era uma completa bola de neve. Os humanos temem o que não entendem.

Seu pai dizia isto para apaziguar os eternos xingamentos, insultos, agressões e ameaças dos humanos. Para os híbridos, o DNA não significava nada, mas para os humanos, eles não eram mais do que simples animais falantes. Então, para provar que as duas raças podiam ter um entendimento futuro, Justice colocou a carga nos pequenos ombros dos híbridos. Vá e ensine-os sobre nós, vá e honre os Novas Espécies e sua prole, o futuro que estamos construindo é para vocês, crianças.

Enfim, Justice havia dado o aval para que eles pudessem frequentar a escola, para que eles, a segunda geração, pudessem ter um relacionamento melhor com os humanos, um futuro melhor do que viver o resto da vida dentro dos muros. Portanto, Wild foi o primeiro a escolher. Ele não ficaria preso em uma gaiola, não deixaria destruírem sua vida, não seria um híbrido apenas, ele seria Wild.

Por esse motivo - e por outros também -, Wild foi escolhido. Eles frequentaram por 1 ano, 1 ano de protestos, ameaças, injúrias. Os extremistas não aprovavam a ida deles, não achavam apropriado. E agora, ele e seus irmãos estavam indo novamente pelo 2° ano. Não demorou para a van chegar, também não demorou para a super audição dos híbridos captarem um coro de vozes xingando, e berrando, e gritando, e protestando, e deixando Wild furioso. Não pelas palavras, isso era normal na vida deles, mas o fato de gritarem juntos, aquilo era doloroso para a audição dele e deixava-o bravo.

- Eles chegaram! Esses animais imundos chegaram. - gritavam os homens quando eles desceram da van.

Wild não ligava, estava acostumado e seu papel era proteger os mais novos, os que foram escolhidos para cursar a 1° série. Eles continuaram andando, tudo estava certo, a polícia estava ali e Wild e seus irmãos também, eles não precisavam temer. Mas um dos extremistas, ele ouviu, disse algo ofensivo e nojento para uma das fêmeas.

Descontrolou-se.

Era um maldito pedófilo tarado, ofendendo as fêmeas, insinuando como elas seriam na cama. Nojento, os humanos eram nojentos. Seus irmãos o contiveram e Ariel - a fêmea - disse para ignorar as palavras. Era um completo desastre tudo, os pequenos teriam que ouvir aquilo também e os extremistas do lado de fora eram tão ruins quanto os alunos dentro do prédio.

Em meio ao ódio, Wild avistou uma jovem. Era apenas uma criança, 2° série provavelmente, porém lhe chamou atenção. Não os cabelos perfeitamente lisos e castanhos, também não foi a pele levemente bronzeada e as sardas em seu rosto, ou o lindo vestido rosa claro que fazia um contraste perfeito. Não foi nada da personalidade tampouco, eles nem haviam se falado. Foi o aceno, foi o sorriso, foi a felicidade de estar ali, foi o belo olhar de admiração para eles, não tinha vestígio de medo, raiva ou nojo, era apenas a alegria de estar.

Wild não precisou mais do que isso para apaixonar-se. Podia ser curiosidade ou vaidade para os outros, mas ele sabia que era amor, o famoso amor que derrubava barreiras. O sentimento veio igual uma tsunami, derrubando toda a armadura de Wild, deixando-o desprotegido, com medo. Todavia, o amor é incrível, mesmo sentindo-se vulnerável, Wild sentia-se protegido, sentia-se forte. Ela era a base dele e ele era a proteção dela.

Wild - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora