Wild - Novas Espécies

Minha

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Wild não esperou e tampouco hesitou ao caminhar em passos duros até a jovem cantora. Ele queria vê-la de perto, assim como queria cobri-la para que aqueles machos parassem de admira-la. Mesmo que não precisasse ver a fêmea para constatar que era Amber, afinal, o cheiro natural de baunilha a entregava. Assim como a mesma voz melodiosa que insistia em permanecer na cabeça do macho.

Ele não precisava da visão para achá-la, já tinha a confirmação de que aquela mulher era a sua. O seu corpo entregava isso, ninguém conseguia deixá-lo tão excitado e ansioso, nenhuma conseguia despertar o instinto animal que guardava dentro de si. Só poderia ser ela, não existia outra que o fizesse sentir tanto.

Conforme passava pela multidão, os olhos tornavam-se mais vermelhos, o que eram todos aqueles machos? Ele estava raivoso e não poupou seus empurrões na multidão de pessoas ao redor de Amber. Muitos machos o olhavam e saíam da frente, outros arriscavam suas cabeças ao não saírem das vistas de Wild. E ele não se importava, mataria qualquer um que tentasse algo com aquela fêmea, ele arrancaria os membros do macho que tentasse reivindicá-la.

Depois de muitos empurrões, quando estava com a visão completa de Amber no centro do círculo, os passos dele pararam e o corpo entrou em um estado de paralisia. Todos a admiravam, as crianças estavam sentadas no chão enquanto sua mulher soltava a bela voz que possuía.

It is not clear why we choose the fire pathway
(Não está claro por que escolhemos o caminho com fogo)
Where we end is not the way that we had planned
(Onde nós terminamos da maneira que não tínhamos planejado)
All the spirits gather round like its our last day
(Todos os espíritos se reúnem em volta, como se fosse nosso último dia)
To get across you know we’ll have to raise the sand
(Para atravessar você sabe que precisará levantar areia)

A visão de Amber nunca o havia feito tremer como naquele momento. Ela estava maravilhosa, os lindos cabelos castanhos estavam tingidos de loiro nas pontas, o corpo estava tão magro como se não comesse, a pele dela estava pálida e o corpo tenso. Mas ao avistar aquele rosto, o mesmo rosto que o havia atormentado durante aqueles anos, os mesmos olhos brilhantes que o olhavam naquele momento. Ela ainda possuía a aura de felicidade apesar da aparência cansada e frágil, ainda cantava com a mesma intensidade e transmitia cada palavra com ternura e paz.

Oooh
I will ask you for mercy
(Vou lhe pedir por misericórdia)
I will come to you blind
(Eu virei até você como um cego)
What you’ll see is the worst me
(O que você verá será o pior de mim)
Not the last of my kind
(Mas não será o último da minha espécie)

E quando os olhos castanhos e brilhosos dela o acharam na multidão, foi como se uma corrente elétrica passasse por todo o corpo de Wild, ele sentiu cada átomo de seu corpo tremer e agitar, e sentiu o suor frio que insistia em permanecer atrás de seu pescoço. As mãos dele suavam tanto que precisou apertá-las e um rugido foi reprimido em sua garganta. Os olhos dela o visualizaram, os lábios dela sorriram e ela continuou a bela melodia enquanto permanecia com o olhar fixo nele. A partir daquele momento, ela cantou somente para ele.

Oooh
In the muddy water we’re falling
(Estamos caindo em águas turvas)
Ooooh
In the muddy water we’re crawling
(Estamos rastejando em águas turvas)