Capítulo 33

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Capítulo 33

Huma


— Ele quer sigilo.

— Eu sou discreto. — Tive que rir.

— É mesmo? Onde você chega o tumulto acontece. Lembra a última vez que esteve no condomínio dos meus pais?

— Vou de boné e coloco o capuz e a máscara.

— Até parece! Este seu disfarce só funciona em filmes. Aqui as pessoas já sabem que é alguém não querendo ser reconhecido. Principalmente agora que você fez questão de anunciar nosso relacionamento.

— Vamos no meu carro que os vidros são escuros.

— Não! O meu tem passe livre, a placa é cadastrada e não preciso parar na portaria. E tenho cartão de entrada.

— Resolvido. Vamos?

— Ai meu Deus! Como é teimoso! — Ele riu e me olhou de lado. Tomou a chave de minha mão e fechou a porta. — Nem vem dizer que aprendeu comigo. Já te conheci assim.

— Isso mesmo. Sou um homem persistente, não teimoso. O que aconteceu?

— Esqueceu de dizer curioso.

— Não, é diferente, gosto de saber dos fatos para não ser surpreendido.

— Se na Coreia se entende assim, o nome aqui no Brasil tem outro nome. — O elevador chegou e entramos. — Pois bem, a novidade é a seguinte: minha cunhada está grávida, em estágio avançado e não está fazendo o pré-natal.

— Espera. — Espalmou a mão no ar. — Não entendi. Qual o motivo da senhora Amália estar nervosa?

— Eles não tinham contado para ninguém até hoje.

— Sua mãe não sabia? E seu irmão, sim?

— É isso que acabei de falar, Kim.

— A sogra deve ser a primeira a saber. Aqui, não é assim?

— Não. Geralmente o marido.

— Por que não contaram?

— É isso que queremos saber. Acredito que um dos motivos seja a pandemia. Outro, é que eles diziam não querer filhos. E o pior, é ela não estar fazendo o pré-natal.

— Por quê? Natal é daqui a três meses ainda.

Tive que dar risadas. Abri a porta do elevador e saímos para a garagem. Não comentei nada por encontrar outros moradores parados à espera. Cumprimentamos e seguimos em direção ao meu carro. Após entrar e me acomodar no banco respondi:

— O pré-natal significa o acompanhamento com o médico mês a mês para saber como a criança está se desenvolvendo.

— Eu sabia, era brincadeira. — Olhei para o rosto dele de lado e não consegui saber se ele mentia ou falava a verdade.

— Sabia mesmo, seu Joaquim?

Ele nem respondeu. Tratou de puxar o cinto de segurança e trancar as portas.

— Seu carro é blindado?

— Não! Por que seria?

— A violência está cada dia maior e a blindagem é uma proteção a mais.

— Está com medo de sair do meu humilde carro?

— Seu carro não é ruim, eu não falei isso, pensei na sua segurança.

Um Coreano Caiu na Minha Vida. Completo.Onde histórias criam vida. Descubra agora