Capítulo 4

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Capítulo 4

Caindo na realidade

Durante o dia, várias vezes, me peguei pensando naquela mulher. Era um misto de raiva e fascínio. Raiva por ela me deixar plantado com cara de que perdi o tom da música, por duas vezes. E fascínio pela sua beleza, sua voz e sua expressão de poder.

— Preciso saber quem é ela! — falei alto e soquei a mesa.

— Quem? — o baterista da nossa banda, perguntou-me — Falou comigo?

— Desculpe-me, Suk. Pensei alto — expliquei.

Tentei não deixar óbvio, a confusão da minha mente, para os rapazes com quem trabalhava. Eles preparavam os instrumentos. Isto porque o diretor já tinha falado da minha desatenção nas gravações do clipe. A figurinista veio mais cedo, me entregou a roupa que deveria usar na sessão de fotos, e eu simplesmente não sabia onde a tinha deixado. Mais tarde alguém descobriu que eu coloquei nas mãos de uma fã que pediu uma selfie. Este episódio aconteceu depois do meu encontro com a Huma durante as gravações da manhã, que interrompi para obter uma explicação dela. Por sinal, me deixou mais confuso.

Durante as gravações ocorreu-me uma ideia. Poderia contratar alguém para saber alguns detalhes da vida dela, assim como o roteiro da novela que nossa música seria tema. Arte que imitaria a vida. Melhor, a vida iria imitar a arte.

Dia longo e cansativo. Não via a hora de poder relaxar numa banheira e esquecer aqueles olhos cor de mel, se isto fosse possível. Não queria pensar nela, mas por mais que eu tentasse, o seu sorriso invadia minha mente e ainda por cima me perguntava: — é dupla sertaneja? — Que ódio!

Mas foi sair do banho, vestir uma roupa, para alguém bater a minha porta. Minha vontade foi não atender. Afinal, não esperava ninguém. Ela não seria, infelizmente, mas poderia ser um dos rapazes... Talvez fosse o que eu precisasse, dar risadas e escutar suas histórias de conquistas, um consolo para minha autoestima abalada, saber que alguém se dava bem nesta turnê. E assim que abri a porta, ela disse:

— Oi — Uma garota mergulhou em meus braços. Então, perguntei:

— Calma! Quem é você?

— Quero ser sua! Por favor, não me mande ir embora! — foi sua resposta desesperada.

O brilho nos seus olhos foi o suficiente para massagear meu ego. O comportamento que espero é este, apenas algumas palavras, um piscar de olhos e todas se curvam e derretem. Mas ela não... apenas ela, ou melhor, Humarila, queria ser diferente.

— Não! Eu tenho que parar de pensar... — parei de falar na hora que percebi que tinha expressado em palavras o meu pensamento.

— O que foi que disse? — perguntou assustada a garota.

— Como chegou até aqui? — quis saber.

— Sou hóspede. — Ela me largou e caminhou para dentro do quarto. — Por sua causa, aluguei um quarto.

Um sino bateu dentro do meu cérebro.

— Vamos sair e conversar lá em baixo. Que tal você conhecer os rapazes?

— Não quero! Prefiro ficar aqui. — Sentou no meu sofá e cruzou as pernas peladas de roupas. Ela usava um short muito curto.

Cadê a mãe, ou pai dessa, sonyõ?

Lembrei que meu celular ainda estava no closet e falei:

— Acabei de sair do banho. Vou pegar um agasalho.

Ela sorriu e sentou mais relaxada. Peguei meu aparelho e entrei no banheiro e me tranquei. Liguei para o Chut e ele atendeu no primeiro toque.

— Preciso de ajuda.

Um Coreano Caiu na Minha Vida. Completo.Onde histórias criam vida. Descubra agora