O Diário de Devaneios Estrelares

Não há ninguém para me salvar

12 de julho de 2021

Querido leitor,
Sinto que estou morrendo. Sinto que a punição por ser a pessoa que sou finalmente chegou, e minha alma está sendo sugada pouco a pouco. Sinto tanto. Tanto por todos que machuquei, tanto pelos amigos que nunca valorizei o suficiente para acompanhá-los em lugares com os quais discordava de presença. Sinto tanto por nunca ter sido capaz de dizer que amava ninguém, ou talvez até de amar, e sinto tanto pela frieza que tomou meu coração. Eu queria poder ser melhor, tão melhor. Queria poder sorrir diariamente, ser receptiva e simpática. Queria poder não errar, não machucar ninguém com todos os espinhos que recobrem minha pele. Queria fazer valer a pena e orgulhar as pessoas que, mesmo acima da carcaça queimada, ainda se importam comigo. Mas não posso, nunca posso. Não mereço amor, não mereço preocupação, não mereço felicidade. Não mereço a vida, mesmo que a tema perdê-la. Às vezes, acredito que fui um desperdício de indivíduo, que talvez todas as amizades e romances quebrados não sejam apenas o reflexo do que eu mereci: ódio. Às vezes, sinto que Deus jamais se orgulhará de quem eu sou. Às vezes tenho vergonha por ser tão cética, por duvidar tanto. Por ser tão quebrada. Por que sou assim? Por que afasto a todos? Por que nunca ser quando parar? Não mereço nada disso, mas tenho tanto medo da perda, que me sinto afogando, incapaz de emergir. Sei que não deveria, mas desejo recompensas. Desejo uma vida pacífica, mesmo que eu seja tão destrutiva. Desejo o amor Divino, mesmo quando eu não passe de estilhaços jogados em concreto. Será que algum dia algum deles me perdoarão? Será que meus amigos compreenderão que sim, eu era um monstro, mas poderão ver um mundo melhor com minha companhia? Será que algum dia meus pais não acharão que sou um "caso perdido"? Será que algum dia meus professores terão orgulho de ter me tido como aluna? Será que algum dia Deus me verá como merecedora de algo que venha dele? Será que algum dia, serei mais do que essas peças espalhadas e perdidas? Ah, sim, estou chorando. Estou chorando porque estou perdida e não sei o caminho. Estou chorando porque meu coração esteve rasgado por tanto tempo que não reconheço mais a bondade. Não sei como ser boa, como desejar isso. Estou chorando porque sinto que sou veneno por onde passo, e não consigo mudar. Eu sou um monstro. Eu sou um monstro. Eu sou um monstro. Eu sou um monstro. Eu estou morrendo. Eu estou morrendo. Eu estou morrendo. Eu estou morrendo. Eu estou morrendo, e agora, não sei se haverá qualquer um para me salvar.
Com dor e retalhos de alma,
-uma escritora que não sabe por onde começar.