Cap. 5

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                    ✦  ✦    Luis    ✦  ✦ 

Há alguns meses atrás como vocês já sabem eu estava em São Paulo, e lá descobri algo, percebi que estava gostando da Aila.

— Estou com saudades de falar com você Aila. Anda tudo bem por aí? —

Mando mais uma mensagem para ela mas sou ignorado pela milésima vez. No início da minha estadia aqui nós conversamos todos os dias e, ao longo do tempo ela foi se distanciando e começou a me ignorar e ficar diferente comigo, não conversávamos mais e aquilo me deixava louco, mesmo sabendo que eu não iria contar nada pra ela sobre o que estava sentindo, nós éramos amigos, e ter ela por perto de alguma forma me fazia bem.

Eu só pensava nela mas não podia gostar dela, éramos amigos e isso poderia acabar com a nossa amizade, fora que tenho vários problemas comigo mesmo e não posso fazer a Aila passar por toda essa merda comigo.
Certo dia fui a um trabalho que eu tinha que fazer e encontrei a Vivi, um rolo antigo que eu tive e que me magoou muito. Conversamos um pouco e ela disse que queria ficar comigo, então tive a brilhante ideia de ficar com ela para tentar esquecer a Aila e assim eu fiz, ficamos pelo menos umas 3 vezes porque eu não queria envolvimento com a Vivian mas não deu certo.

— Lu? Tá acordado? — meu telefone apita e eu vejo uma mensagem do Gu.

— Estou sim, o que foi mano? — respondo.

— A Vivi estava em uma festa que eu fui hoje, me disse que estava namorando com você, mas depois vi ela beijando um cara que nunca vi na vida. — leio a mensagem e permaneço  normal porque não tenho nada com ela e aliás esse tipo de atitude vindo da Vivian nem me espanta.

— Fala sério Gustavo, você sabe que eu não tenho nada com ela. E outra que eu não estou nem aí se ela fica com outras pessoas porque eu já sei disso, e outra que eu nem gosto dela.

— Sei disso mano e por isso que achei estranho — ele fala.

Converso com o Gu até tarde da noite e acabo pegando no sono.

                              ✦  ✦  ✦

— AILA — Grito em uma tentativa fracassada de fazê-la olhar para mim.

— Vai tomar no cu Luis e vê se me deixa em paz porra — ela esbraveja em alto e bom tom e, saia batendo um pés para longe de mim. Fico ali perplexo com o que acabei de ouvir.

— O que acabou de acontecer aqui — o Jean diz entrando na sala, e pela sua cara da para perceber que ele está tão perplexo quanto eu.

— Você também ouviu a Aila me xingar? — pergunto.

— Ouvi e não acredite no que ouvi — ele fala colocando a mão sobre a boca e soltando uma gargalhada no fim.

— Sinceramente essa menina consegue me surpreender até no meio de uma briga. — falo passando a mão no cabelo.

— E porque o bonitão não vai lá pedir desculpa para a sua amada? — ele pergunta de uma forma bem irônica e eu semicerro os olhos.

— Acho melhor esperar a poeira abaixar um pouco — respondo normalmente e fico ali mesmo na sala sentado no sofá.

Desde que voltei tenho notado que a Aila tem estado mais estranha do que o comum. De vez em quando percebo os seus olhos vermelhos, e sei que ela anda chorando. As vezes trocamos olhares e eu amo essas momentos, mas ela desvia o olhar e essa situação vem tomando conta dos meus pensamentos.

                              ✦  ✦  ✦

Ela está deitada na minha perna, me olha e quebra o silêncio.

— Lu? — ela me chama e para de falar em espera de uma resposta minha, mas faço um sinal com a cabeça para que ela continue falando.

— Porque você está com a Vivi? — a Aila pende a cabeça para o lado e, me olha analisando minha reação. Ouço sua pergunta minha cabeça da um nó.

— Sinceramente eu não sei. — falo com sinceridade, ela me olha confusa e, percebo um redemoinho se formar em sua testa.

— A vida toda eu senti que eu gostei mais das pessoas do que elas de mim, e por isso me afastei de tanta gente, porque eu me sinto frustrado e não aguento mais sempre amar por dois. — tento explicar para Aila e me sinto um pouco estranho em falar sobre os problemas que tenho comigo mesmo em voz alta.

— Então porque está com uma pessoa que te fez mal e que você não gosta? Por algum acaso você gosta de alguém? — ela pende a cabeça pro lado e esfrega o queixo.

— Então, acho que fico com a Vivi mesmo sabendo que ela me magoou pra caralho, porque no fim das contas sei que ela não gosta de mim e eu não corro risco de me magoar de novo, então me contento com esse tipo de “relacionamento”. — admiti.

— Sinceramente Luis respeite-se! Não fique aturando gente que não te acrescenta nada além de dor de cabeça. Dê atenção para pessoas que realmente importam: aquelas que querem o seu bem. Não permita que pessoas mesquinhas te impeçam de ser tão feliz como você merece, deixe-as para trás. Coloque-se sempre em primeiro lugar. — a cada palavra o meus olhos procuram os dela e eu vejo uma, duas, alguma lágrimas descerem pelas suas bochechas. Passo a mão em seu rosto para afastar as lágrimas, e ela cora desviando o olhar. Um silêncio paira no ambiente, Aila me olha e eu sei que preciso dela urgentemente, preciso sentir a sua boca na minha, então.

— Eu não... — ela quebra o silêncio mas eu interrompo, olho para ela que ainda está deitada com a cabeças nas minha pernas, seguro o seu rosto, afasto uma mecha de cabelo do seu rosto. Me inclino e colo meus lábios no dela, e então a Aila retribui o beijo, nossos lábios dançam em um ritmo lento e apaixonado mas ao decorrer do tempo ela passa a mão na mina nuca, o beijo se intensifica porque eu preciso dela, mas por falta de fôlego nos afastamos.

Nossas tesas estão coladas, e eu fico ali olhando a Aila como se ela fosse uma obra de arte, seu nariz delicado e a sua boca cheia e exuberante. Acho que estou gostando dela e, não é pouco.

Ponho o dedo polegar sobre sua boa e deslizou meu dedo pelos seus lábios macios e convidativos. Ela analisa cada movimento meu e ficou tão vermelha que parecia um tomate. Eu amava, amava ver ela corar. Ficamos ali parados, ela deitada com a cabeça na minha perna e eu fazendo carinho eu seus cabelos loiros e macios. Quando percebo ela me olhando fico nervoso, tão nervoso que minha fixa cai e eu afasto a Aila. Levanto e caminho em direção a porta.

— Luis? Tá tudo bem? Você está pálido. — ela fala me olhando levemente assustada.

— Des... Desculpa, eu não posso fazer isso com você Aila, não posso acabar com o que a gente tem, e nem quero te fazer sofrer. Desculpa! — desabafo, meu coração está  bem mais acelerado que o normal, estou nervoso. Me viro para ir até a porta olho rapidamente para Aila antes de sair do quarto, e ela está parada me olhando.

Desço as escadas correndo, meu olho estão tão embaçados por conta das lágrimas, acabo tropeçando, pego minha mochila as pressas e saio para ir em direção ao portão.

— Luis, o que aconteceu? Você está chorando? — a Cams grita  vem correndo me encontrar, para na minha e eu abraço ela.

— O que foi Lulu? — ela me abraça apertado e algumas lágrimas descem pelo meu rosto.

— Eu deixei o meu medo falar mais alto, eu fui um estúpido, eu estou tentando proteger alguém de mim mesmo — desabafo.

— Oh Luis, a dor nos faz tomar... decisões erradas. O medo dela também — ela fala, e eu me calo.

— Eu preciso ir Cams — digo saindo em direção ao portão, para poder ir pra casa.

𝗔𝗜𝗟𝗨𝗗𝗜𝗗𝗔Onde histórias criam vida. Descubra agora