Escolha ou morra

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O homem forte, careca, alto e com ar intimidador erguia-se em frente à todos nós, juntamente com a mulher de cabelos escuros, pele negra e lábios grossos. A mulher tinha um olhar gentil e eu pude perceber que não era ela quem queria que aquilo fosse daquela forma. Os quatro outros prisioneiros formavam o círculo ajoelhados. Fixei o olhar em cada um para vê-los melhor. Dois gêmeos, ruivos, assustados, não deviam ter mais de dezesseis anos. Um homem forte, já maduro, mas abatido, de olhos baixos e corpo cansado. Uma menina loira, de olhos verdes curiosos, sorriso no canto da boca, devia ter minha idade, soltou um risinho quando a encarei. Notei que os olhos verdes da menina eram os mesmos dos dois garotos ruivos. Irmãos. A mulher começou a andar ao redor do círculo menor, deu uma volta completa e então voltou ao centro, encarou o homem como quem dizia que ele podia começar.

— Todos vocês, na noite passada, sofreram um grande trauma. Na noite passada todos vocês morreram. — disse o homem sem mais delongas.

Os gêmeos ficaram inquietos e fizeram cara de quem ia chorar, o sorriso da garota sumiu, já não parecia divertido para ela. O homem baixou a cabeça e parecia já saber o que estava acontecendo. Ele estava do meu lado e por alguns momentos eu considerei uma proteção de Jason e Trevor. O homem careca notou a inquietação do homem ao meu lado e fez um sinal para a mulher que se posicionou atrás da dupla que o continha.

— Vocês cinco. Todos foram vítimas de um ataque brutal. — o homem continuou. — George, Larry, Elizabeth Godwin. — ele se dirigiu aos gêmeos e a garota e então pude ter certeza que eram irmãos. — Na noite passada invadiram a casa da família Godwin, sua casa, e mataram brutalmente seus pais e vocês, mas os três acordaram hoje. O que aconteceu? — o homem perguntou como quem já sabia o que havia acontecido.

Os três se encararam e eu vi que a garota tomaria a dianteira, a mais velha e mais decidida.

— Uma mulher... — ela começou baixo e depois ajustou o tom de voz. — Uma mulher pediu ajuda e nossos pais a deixaram entrar. Nós três estávamos nos nossos quartos e nosso pai não nos deixou descer. De repente começaram barulhos de coisas se quebrando lá embaixo e então os gêmeos desceram e eu tive que ir atrás para contê-los. — ela lançou um olhar de reprovação para os dois. — Quando cheguei lá embaixo encontrei meus pais e meus irmãos mortos com rasgos nas gargantas. — ela parou e pareceu tentar lembrar de algo vago. — A mulher saltou em mim e seus olhos eram negros... Tão negros que não havia nem um brilho, como um poço sem fundo. — ela refletiu e percebeu que estava voando. — E então rasgou meu pescoço com uma mordida. — disse por fim.

O homem não pareceu entretido com a história dela e se virou para mim. Minha vez.

— Phoebe Winston. — disse. Aparentemente ele sabia o nome e sobrenome de todos, óbvio. Nossas supostas mortes eram nossa única ligação até agora.

— Na noite passada invadiram sua casa e mataram seus pais e você. O que aconteceu? —ele disse no mesmo tom que antes.

Ele não havia mencionado Jake. Será que também havia ficado vivo? Será que havia fugido? Decidi não comentar nada para não o entregar se ainda estivesse vivo. Era minha vez.

— Um homem de olhos negros entrou no quarto dos meus pais e o matou. Logo em seguida rasgou minha garganta. — foi tudo o que disse.

O homem e a mulher se olharam e eu vi que eles sabiam da verdade, não poderia esconder aquilo por muito tempo. Ele se dirigiu ao pobre coitado ao meu lado, por fim.

— Joshua Hitcherson. O que aconteceu? — o homem cerrou os olhos. Ele não descreveu nada e foi direto com ele, aquilo era estranho.

— Você sabe o que aconteceu, Malcom. — o homem levantou os olhos cheios de raiva para o careca que, aparentemente, se chamava Malcom.

PrisonersWhere stories live. Discover now