O sol não é para todos

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Quando eu tinha oito anos fui ajudar minha mãe na busca por uma agulha. Coloquei minha mão dentro da caixa de costura e meu dedo encontrou-se com a ponta de uma agulha. Formou-se uma bolhinha de sangue na ponta do meu anelar, mamãe me disse para "chupar" o sangue até que parasse. O gosto do sangue naquela época era amargo e metálico em minha boca, mas hoje não.

O sangue invadiu minha boca com uma sensação de alívio no começo e logo se tornou um anestésico para a minha dor. Era doce e me renovava, sentia como se estivesse nascendo de novo, sentia vida em minha boca. Um corte nos lábios e pude sentir a dor em minhas gengivas. Duas presas sobressaindo por entre meus lábios e os cortando. Uma força tomava conta dos meus músculos e minha cabeça começara a ficar confusa, de repente tudo parecia muito ruim e ao mesmo tempo eu me sentia a pessoa mais forte do mundo. Pude ver que Elizabeth e Georgie compartilhavam da mesma sensação, era notório a sede de mais, as veias negras saltando onde antes eram olheiras e as presas nascendo. E os olhos. Não eram negros como os da criatura que nos matara, a esclera estava branca, mas a cor da íris era tão vermelha quanto o sangue que escorria de suas bocas. Rapidamente eles estavam mais saudáveis e vivos.

Viramos animais. Vampiros.

Minha cabeça estava uma bagunça, não conseguia me concentrar em nada. Em um momento estava vidrada na tristeza de perder meus pais e Jake, mas depois queria vingança e logo sentia vontade de chorar por estar totalmente perdida. Cai com a mãos no chão, de repente o peso do mundo estava sobre minhas costas. Queria correr dali. Eu podia matar todos. Larry começava a ficar fraco, não queria beber o sangue. Ele iria morrer. Elizabeth notou.

— Não seja estúpido! — gritou ela. — Beba logo!

— Olha para você! Virou um animal, como aquele que matou nossos pais! Eu nunca vou ser isso! — Larry começava a ficar inquieto e tentava se soltar de seus guardiões.

— Diga isso de novo e eu vou rasgar sua garganta como ele fez. — Elizabeth esbravejou.

— Se você não beber, eu bebo. — Georgie virou para ele e eu pude ver sua sede. Ele mataria por aquela bolsa.

— Não. Eu vou beber. — Elizabeth levantou-se e eu senti que as coisas iriam piorar.

— Parece que sua primeira ida ao além vai ser cedo. — Malcom riu e fez um movimento horizontal em seu pescoço.

Os guardiões quebraram o pescoço de Georgie e Elizabeth em um piscar de olhos. Eu me preparei para correr, mas Trevor chutou minhas costas e segurou meus braços.

— Você não vai a lugar nenhum. — sussurrou ele.

— Olhe para ela. Não é um deles. Não precisa fazer isso. — Marina reprovou.

— Bom, só restaram dois. Bebam ou vocês vão morrer. — Jason riu.

— Ele está certo. Um dos dois é um deles. — Malcom lançou um olhar mortal para Joshua.

Larry iria morrer e seus irmãos não iriam ter a chance de salvá-lo. Eu tinha problemas demais no momento para ajudá-lo, mas tinha que fazê-lo. Droga, Larry.

— Larry, beba. — disse por fim.

— Quem é você pra me dizer o que fa...

— Beba essa merda agora ou então eu cortarei sua garganta com minhas presas e beberei todo o seu sangue. — ameacei.

Eu não tinha notado o que havia dito até processar. Não fui eu quem disse. Não foi a Phoebe. Foi o vampiro nascendo dentro de mim.

— Não o pressione, não tem nada a ver com você. — Jason interrompeu.

PrisonersWhere stories live. Discover now