A festa dos conselhos

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— Nossa, aquela bebida me deixou um caco — disse Nobunaga. —, mas foi divertido.

— Divertido? Eu quase perdi a minha cabeça.

— Que exagero, mas e quanto aquele garoto lá do bar. Conseguiu algo?

— Hum... não, nada.

— Fica assim não. É realmente difícil superar os meus encantos — ele falou, fazendo-me revirar os olhos pelo ridículo narcisismo. — Na próxima a gente melhora.

— Pro-Próxima? Eu acho melhor a gente evitar de ver ele.

— Por que? Esse menino é demais.

— Sei lá... ele parece ter uma fama de perigoso, não?

— É isso que deixa ele mais interessante.

— Falando assim parece até que ele é um objeto.


Nobunaga gargalhou e eu olhei para trás, vendo o gerente se juntar a mesa enquanto perguntava:


— Perdi alguma coisa?

— Idiotices do Nobunaga, como sempre. O que o chefe disse?

— Parece que teve um problema com um dos nossos fornecedores e eu preciso lá ver.

— Mas temos um encontro agendado, não?

— É isso que eu quero que você faça por mim, Minagawa.

— Sério isso? Por que você não pode ir? Eu sempre vou.

— Você sabe que eu odeio lugares cheios e todas essas palestras chatas.

— Você é o gerente, Hiragi! Tem que parar de fugir dos deveres chatos, ou acha que eu pulo de alegria?

— Quase.


Fiz uma careta, segurando a vontade da minha sobrancelha pular de indignação.


— Tudo bem, eu vou, mas só dessa vez.

— Duvido — murmurou Nobunaga. — Você é o cachorrinho do Hiragi. Vai fazer tudo que ele quer.

— Como é que é?!

— Calma vocês dois, aqui não é lugar para isso — Hiragi aumentou a voz. — Nobunaga, você vem comigo, e você, Minagawa, conto com você.

— Sim, gerente.


Me retirei da mesa e saí da sala de reuniões, seguindo para a mesa do Hiragi. Ao encontrar a pasta que precisava, peguei-a e andei até o elevador, logo saindo da empresa. O endereço não era muito distante, localizando-se na zona mais prestigiada da cidade. Não me restava dúvidas que esse era um dos clientes ricos que nos tinham como contato, e isso era um aviso bem claro que essa reunião tinha que sair perfeita.


Que droga, Hiragi. Por que sempre me joga pros leões?


Avistei uma construção de paredes decoradas por uma chuva de folhas e entrei, sem sequer precisar conferir o papel para saber se o lugar chamativo era o meu destino. Após confirmar a minha identidade, um guarda me guiou pelo local e abriu as grandes portas, deixando que uma luz intensa banhasse o meu corpo. No interior do cômodo espaçoso, grandes vasos de flores enfeitavam o ambiente dourado, destacando as árvores de luzes espalhadas pelo salão acompanhadas por elegantes mesas de cadeiras acolchoadas. Os convidados usavam roupas de tecidos caros, revelando os seus status pelo conjunto de joias encaixados em seus corpos. Ainda que eu rotineiramente tivesse que me inserir nesse tipo de ambiente, o ar me faltava por um breve momento cada vez que a realidade era jogada em minha cara, obrigando-me relaxar ao máximo os ombros tensos para atuar como o profissional que sou.

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