A notícia

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Escutei o toque do meu celular e desliguei, ignorando novamente uma chamada do loiro. Desde o nosso desastroso encontro no cinema o meu coração ainda não o tinha perdoado, bloqueando qualquer notícia do loiro que aparecia no aparelho. Seja mensagem ou ligação, tudo era em vão. Mesmo que uma parte de mim pedisse por mais piedade, eu não conseguia. As memórias daquele dia sempre voltavam, fazendo com que uma barreira novamente fosse construído entre nós, adiando mais uma vez o nosso reencontro.

Um barulho da porta rapidamente surgiu, e depois uma e outra vez. As batidas contra a madeira eram tão frenéticas que o meu cérebro pulava a cada estrondo, causando uma palpitação latejante dentro dos meus tímpanos pelo som irritante.

E novamente uma outra pontada.


— Mas que merda!


Me levantei as pressas e puxei a porta com tudo, assistindo um vulto loiro pular em meus braços. Pisquei a fim de processar o que estava acontecendo e coloquei a mão no ombro de Iori, mas ao sentir seu corpo tremer em meus braços, suavizei o toque, escutando sons baixinhos acompanhados pela respiração rouca, aumentando a minha preocupação. Ele estava... chorando?


— Iori... o que aconteceu?


Passei os braços ao redor do seu corpo e trouxe ele mais para o meu corpo, alisando as costas dele a fim de confortá-lo. Não era normal ele estar naquele estado, dissipando quaisquer resquício de raiva do nosso último encontro, substituindo pela minha clara preocupação. Embora eu quisesse perguntar, duvidava que ele teria forças para responder do jeito que estava.


O elevador abriu, revelando um homem de cabelos pretos e olhos castanhos se aproximando de boca aberta, tentando capturar o ar que lhe faltava.


— Desculpe Minagawa, ele foi muito rápido. Não consegui segurar ele.

— Eric? O que-...? Vocês não deveriam estar na escola?

— Sim, mas... acabaram nos dando uma notícia e o Iori veio direto pra cá.

— Que notícia?


Eric abaixou a cabeça e senti algo mover relutante em meu torço, vendo o dono dos fios amarelos me encarar com os olhos inchados a dizer entre soluços:


— O Mael, ele... ele morreu.


Um frio congelou todo o meu interior, fazendo-me agarrar Iori com força, ouvindo-o chorar novamente pelo amigo. Era difícil acreditar que aquele jovem saudável tinha partido tão cedo, porém o que mais me machucava era saber que a dor que Iori sentia não podia ser retirado, açoitando o meu coração doloroso.


Ergui o olhar para Eric, tentando transmitir o olhar mais calmo possível sem que meus braços parassem de acariciar Iori, — Mas o que aconteceu? Ele parecia tão bem.

— Não sabemos, o Azaias só ligou pra escola e pediu para a gente ver ele no hospital.

— E-Eu não quero ir sozinho — soluçou o loiro em meus braços — Por favor, vem comigo Minagawa.

— É claro que vou, não vou te deixar sozinho agora — sussurrei na esperança de passar um pouco de tranquilidade para ele, mas sabia que não tinha funcionado.

O Ouro SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora