O escape da luta (parte dois)

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— Não sei do que você está falando.


O homem continuou a beber, segurando o riso. Ele não se importava com a minha presença e muito menos parecia estar arrependido com o que fez, congelando as minhas mandíbulas que se seguravam para não atacá-lo, mas já era tarde demais. Levado pela fúria, cerrei os punhos e mirei a caneca que ele tanto amava, socando-a com gosto.


— Tem tempo para rir agora?


O homem passou a mão pelo rosto, tirando o excesso de fluido que caiu nele com o baque do meu soco. Então, se levantou e pisou com força nos cacos de vidro espalhados pelo chão, simulando a vontade dele de me esmagar. Os músculos do seu braço tomaram mais volume, fazendo a minha garganta trancar. Nesse momento um choque de realidade tinha passado pelo o meu corpo, fazendo um arrependimento passar pelas minhas veias. Eu não tinha forças para lutar com ele e muito menos Iori tinha pedido para fazer algo assim, mas quando eu percebi já estava na frente dele. Era um caminho sem volta.


— De-Desculpa, só vim... pedir que não mexesse com o meu namorado — falei, vendo o rosto do homem. — Você sabe, isso é crime.

— E por isso quebrou o meu copo? Sabe o que faço com nanicos como você?


Virei para a mesa longe de mim, assistindo os olhos de mel preocupados por minha vida. Embora eu soubesse que estava indo a um lugar sem saída, saber que eu via esse tipo de coisa e não fazia nada era insuportável. Eu precisava fazer alguma coisa, nem que fosse para mostrar a mim mesmo que eu não passava de um covarde.


— Vo-Você atacou o meu namorado no banheiro. Isso não é certo.

— Se você acha que não é, deveria pedir explicações pra ele. Ele estava dando em cima de mim.

— Isso não é verdade. Você machucou ele no banheiro!

— Como pode saber disso? Nem estava lá.

— Eu acredito nele.

— Você é um idiota, cara. Eu estava na minha até agora e você vem me incomodar com isso.

— Então deveria ter continuado. Não vou deixar que se meta com o Iori.

— Iori? Ah, agora ficou claro. Você acha que tem chance, né?

— Eu sou o namorado dele! Deixa ele em paz.

— Esse cara não tem namorado, Don Juan. Aquele ali não passa de uma puta. Só dei a ele o que ele queria.

— Seu... Seu desgra-...!


Senti algo contra a minha face e as minhas costas curvaram, jogando-me contra o chão. Olhei para cima com dificuldade e cerrei os punhos ao ver o homem gargalhando da minha situação, pisoteando a minha dignidade. Estava claro que comparado com o meu adversário eu estava em desvantagem, mas não podia mostrar que estava amedrontado.

Amaldiçoei-me mentalmente pela brilhante ideia que tive e levantei do chão, sentindo os ossos do meu corpo gritarem por socorro. Quando finalmente consegui me sustentar, coloquei a mão no rosto e massageei o maxilar, tentando suportar a dor.


— Já se cansou de brincar, nanico? — me perguntou o homem. — Desista. Acha mesmo que vai me vencer?

O Ouro SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora