A fisioterapia escolar (parte um)

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Um suspiro escapou dos meus lábios, fazendo parte da minha coleção de dias horríveis que passei. Já fazia mais de uma semana desde a última vez que vi Iori, e ele ainda não tinha me mostrado nenhum sinal de vida. A caminho da empresa eu tinha passado na biblioteca, mas ele também não tinha pisado naquele lugar. Às vezes eu até chegava a cogitar que era uma brincadeira de pique-esconde, onde que se eu parasse para viver ele poderia brotar de algum canto como costumava fazer, mas isso estava demorando muito para acontecer.

Isso já estava me enlouquecendo. Ele não podia simplesmente entrar e sair da minha vida sem avisar, como eu ficava nessa história? Ele surge um dia, joga o meu amor por Hiragi no lixo quando me levou pra cama, me provoca reações, aparece durante um evento importante de trabalho, invade a minha casa sem autorização, e agora desaparece? Eu não conseguia nem mesmo pensar em pisar naquele bar porque me lembrava dele. Até o direito de recordar a minha juventude com o Hiragi ele tinha tirado de mim.


Adolescentes eram realmente demônios que sugam a nossa paz.


— Nossa, sua cara está horrível — falou Nobunaga, recebendo completamente a minha ignorância. — Que tal a gente sair para beber um pouquinho?

— Nem pensar.

— Uou, Minagawa negando uma cerveja? Alguém para o mundo que a coisa está feia.

— Por que você não me deixa em paz e vai cuidar da sua vida?

— Calma aí, eu só estava brincando.


Me levantei da mesa e fui até a bancada próxima, preparando um chá de camomila para acalmar os nervos. Se continuasse desse jeito, eu explodiria a qualquer momento, e não queria que um problema acontecesse, ainda mais dentro da empresa.


— O que está acontecendo aqui? — uma nova voz surgiu dentro do cômodo. — Normalmente vocês são tão alegres.

— Parece que o seu cachorrinho acordou com o pé esquerdo — provocou Nobunaga.

— Cala a boca, Nobunaga. — me virei para a mesa. — Hiragi, olha só o que ele está fazendo comigo.


Forcei uma cara chorosa e corri para o gerente, encaixando o meu corpo em seus braços. Só ele seria capaz de aliviar o peso em meus ombros com suas mãos acolhedoras e palavras gentis. Talvez o amor que eu tenho por ele poderia falar mais alto e me cegar novamente, forçando-me a esquecer todas as coisas ruins que estavam acontecendo ao meu redor, porém até mesmo os seus braços me recordavam do quente momento da cama empoeirada.


— O que houve com você? — ele perguntou baixinho enquanto eu o abraçava ainda mais, tentando esquecer daquele quartinho. — Sempre foi tão animado.

— Eu estou tendo pesadelos, Hiragi. Me ajuda, por favor. Só você pode resolver isso.

— E esse pesadelo tem nome? — fiquei em silêncio, escutando-o soltar um suspiro. — Vem, senta na cadeira.


Ele me guiou até a cadeira e eu me sentei, vendo-o se aconchegar na minha frente.


— Por que não me conta como é esse pesadelo, Minagawa?

— É com... um demônio. E-Ele fica se fazendo de bonzinho e depois some, e quando finalmente acho que me livrei, ele aparece, e agora... ele some de novo.

O Ouro SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora