Uma cena indesejada

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— Já chamei um táxi para vocês.

— Obrigado, lady Sacha. Não precisava se incomodar.

— Não é incômodo nenhum, Setsu. Iori deve está vindo.

— Ele demora muito.

— Igual o irmão dele. Sempre querendo ser perfeitos.


Mostrei um sorriso, sem saber ao certo se ela era diferente deles. Ainda me lembrava do casamento arranjado e das pilhas de sacolas de compras, mas decidi não comentar, afinal ela era a mãe de Iori.


— Setsu querido, Iori está há algum tempo falando de... morar com você, sabe alguma coisa?

— Bo-Bom, ele disse que morar comigo seria o meu presente de formatura e que depois iríamos nos casar.

— E você tem algo em contra? Sei que ele não costuma perguntar antes de agir.

— Na verdade, até hoje não processei direito. Isso tudo é muito novo, mas... acho que com ele pode funcionar.

— Eu esperava que meu filho fosse se casar com uma burguesa, mas assim como o Aoi ele acabou escolhendo um homem.

— Conheci o Natsume, é um bom garoto.

— Sim, é verdade. Ele é o único que bota alguma coisa na cabeça do meu filho.

— Iori me contou um pouco sobre quando ele saiu.

— Me machucou, mas... é a vida. Filhos vêm ao mundo para voar, e ao menos Iori escolheu um homem rico.


Novamente lhe mostrei um sorriso forçado sem saber ao certo o que fazer, até que finalmente vi pelo canto do olho Iori se aproximar de nós e rapidamente me levantei da poltrona, agradecendo mentalmente pela conversa ter acabado. Sempre quando conversava com a senhorita Sacha sentia-me como em uma eterna entrevista de emprego onde eu tinha que ser cuidadoso e perfeito em tudo. Era como se ela me aceitasse por pequenos detalhes estereotipados, e que se acabasse sabe lá como, o meu namoro seria negado.


— Do que estavam falando? — perguntou Iori. — Não começou tudo de novo, não é mãe?

— Imagina, eu adoro o Setsu. Estávamos falando sobre o futuro de vocês.

— Eu já cuidei disso.

— Eu só quero ajudar, Iori. Por que não escolhemos uma casa digna de vocês dois?

— Acho que posso cuidar disso sozinho.

— Mas a mamãe conhece lugares que você não conhece. Não vai ser legal?


Arregalei os olhos ao notar que Iori tinha ficado em silêncio, aceitando a proposta da mãe para a minha infelicidade. Algo me dizia que essa dupla não me deixaria em paz por um longp tempo, dando-me calafrio na espinha só de imaginar.


— Ótimo! Vou fazer a lista — falou Sacha, animada. — Você vai ver, vai ser incrível.

— E-Eu acho que o nosso táxi já chegou. Até logo, lady Sacha!


Segurei a mão do Iori e puxei ele para longe da mãe, atravessando a chique entrada grega antes de adentrar o táxi. Por fim, o alívio veio ao meu peito, deixando-me desfrutar do breve passeio. Quando chegamos no shopping, andamos pelos corredores lentamente, observando as roupas na vitrine enquanto as írises de mel novamente criticavam as vestimentas mentalmente, formando um sorrisinho na minha boca.

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