Um ricaço me contratou para fazer ASMR particular

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Recebi a mensagem no meu e-mail direcionado apenas para contratos de trabalho, com uma proposta bem diferente das quais já recebi desde que criei o meu canal de ASMR. Pelo que foi dito, alguém queria me pagar para fazer sessões de ASMR em particular. Antes mesmo que eu formasse a minha opinião sobre, ele, ou ela, escreveu-me que pagaria R$ 2.000,00 em cada visita à sua casa, e que eu receberia caso aceitasse a proposta, o transporte de ida e vinda direto na minha porta, em completa segurança.


O valor proposto é muito maior do que ganho em um mês postando vídeos no YouTube. Eu poderia fechar o mês em apenas um dia, satisfazendo os desejos de algum ricaço, foi o que eu imaginei. Pensei muito na possibilidade de cair em uma armadilha, mas a tentação de aceitar aquela oportunidade falou mais alto. É claro que eu estava com um pé atrás, antes mesmo de saber o que realmente faria na ocasião.


Respondi que sim, e o contratante logo encaminhou-me as instruções necessárias para caso eu desistisse antes de começar o trabalho:


"Você precisa comer na minha presença tudo que for colocado na mesa, sem exageros da minha parte, claramente conheço os limites. Não poderá rejeitar o que vai ser colocado ou deixar de comer. Caso contrário, não vai ganhar um centavo, mesmo que falte apenas um pedaço do que vai receber;


Como de se esperado, na ocasião em que for marcado os nossos encontros, deverá fazer um regime, para evitar que alguma das opções posteriores sejam quebradas;


Esteja pronta no horário marcado, sem imprevistos;


O nosso contrato é particular. Não irá poder compartilhar as informações com ninguém, não importa o laço afetivo que você tenha com outras pessoas;


Pode levar o seu material de trabalho, microfone, se achar necessário. No entanto, tenho o meu próprio equipamento sofisticado."


Depois de concordar com os termos e fazer uma ligação para conversar diretamente com a pessoa, que aparenta ser alguém de certa idade, fechamos o acordo. Estou aguardando o ponteiro do relógio marcar sete horas, para receber a chegada do chofer que irá vir me buscar pontualmente.


Um pânico percorreu meu corpo quando vi aquela limousine aproximando-se na esquina, faltando apenas um minuto para o horário marcado. É claro que estou ansiosa e algo na minha cabeça está gritando, desde bem cedo para, na ocasião que finalmente chegar ao local, ficar em alerta para caso precise lutar ou fugir, se eventualmente perceber que estou em alguma encrenca.


A limousine parou em frente a minha porta. Aqui onde vivo, não é um local que esse tipo de luxo é habitual. Por essa razão, algumas pessoas ficaram bisbilhotando de suas casas o carro em frente à minha residência. Logo, um homem alto e magro saiu ajeitando o seu chapéu, o sujeito carregava um rosto magro e olhos fundos, um pouco assustador, assemelhava-se inclusive ao personagem Tropeço, mordomo da Família Addams.


Assim que ele abriu a porta de trás, eu entrei, tentando formar um sorriso simpático no rosto, respirei fundo, tentando acalmar o meu sistema nervoso sem parecer que eu não estava pronta para o serviço.

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