Estou com medo da mulher em estado vegetativo

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Estava no estágio de ficar acordada e dormindo quando as batidas começaram, tentei pular da cama, minha respiração presa no meu peito enquanto lutava para tirar o cobertor de mim, ele pareceu ter ganhado vida própria e estava me prendendo, controlado por forças sobrenaturais. A confusão e horror dominaram e um suor frio correu pelo meu pescoço quando caí no chão.


As batidas estão vindo do outro lado do quarto. É impossível estar vindo de lá, eu estou sozinha em casa com a minha paciente, uma mulher em estado vegetativo.


Me atrapalhei no interruptor e liguei as luzes do meu quarto. As batidas estavam ficando mais frenéticas e rápidas, uma seguida da outra, os intervalos estavam menores. Eu precisava chegar ao quarto.


No corredor, que divide a porta do seu quarto e o meu, gritei! Minha voz ecoou pelo breu da noite, e as batidas pararam de repente. Tenho certeza que estava ouvindo de lá.


Assim que girei a maçaneta e dei um tapa no interruptor, encontrei a senhora Mélanie deitada, os aparelhos próximos da sua maca. Não sei o que eu esperava ter encontrado. Só pude desfrutar de um suspiro de alívio, sem perceber que estava prendendo a respiração o tempo todo.


Estou há poucos dias cuidando de uma paciente em estado vegetativo. É uma mulher na casa dos seus trinta e poucos anos. A sua família alugou uma velha e antiga casa que fica dentro, praticamente do centro, pessoas com dinheiro. Explicaram que seria mais digno para a mulher ficar em uma residência do que "apodrecer" em um hospital e contrataram uma enfermeira especializada para a situação do tipo. Nunca tinha me deparado com algo assim em toda minha vida, eu sei que o despertar de alguém nessa condição é impossível na maioria das vezes.


Me aproximei dela para ter certeza que estava tudo bem e não encontrei nada. Imaginei que poderia ser movimentos involuntários extremamentes fora do comum, pois manter movimentos involuntários, como a respiração e o batimento cardíaco, os estímulos externos, como os sons, continuem chegando até ao cérebro, a pessoa não os consegue interpretar e, por isso, não tem qualquer reação. Não encontrei nada anormal. Talvez eu estivesse tendo mais um pesadelo, imaginei quando decidi voltar para ao meu quarto.


Mais tarde, na mesma noite, as batidas continuaram. Levantei mais uma vez, indo direto ao quarto. É uma casa antiga, madeira ruim, todos os meus passos pareciam ecoar por toda a resistência no escuro. Girei a maçaneta da porta com cuidado, saboreando um medo de encontrar um invasor. Como na primeira vez, antes que eu chegasse, talvez os meus passos denunciando ao que ou quem estivesse pregando uma peça em mim, foi suficiente para fazer com que parasse.


As coisas começaram a ficar estranhas dentro da casa na mesma semana, sei que parece aquele velho clichê de casa mal-assombrada, e eu sou cética suficiente para não acreditar nessas coisas, mas os detalhes chamaram minha atenção.


O que percebi no início foram objetos sumindo, acompanhados de outras coisas. Nas madrugadas, quando as batidas que eu passei a tentar ignorar não estavam me aterrorizando no meu quarto, tanto era o ranger do assoalho, como se alguém estivesse caminhando dentro da casa. Nessas ocasiões, eu não queria sair para encontrar seja lá o que for. É claro que nas primeiras ocorrências, liguei para a polícia. Eles vieram e fizeram buscas, mas não encontraram nada. Até disseram que eu poderia estar solitária em uma casa tão antiga. Também explicaram que nesses locais os ratos podem se passar por pessoas e a madeira tem "vida própria".

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