O problema de ter criado uma OnlyFans

22 7 2
                                    

Texto +18


Parece que irei começar naquele clichê dizendo "estava sem um trampo", "queria uma grana extra para pagar as dívidas", mas não. Não exatamente assim, sou graduada em enfermagem, trabalhava e ganhava muito bem. No entanto, a nossa cabeça é confusa... a rotina chega e o cansaço parece uma tortura. Por mais que estivesse literalmente bem, como já citado, não era isso que desejava para mim, foi a escolha dos meus pais a minha profissão. Quando o tempo começa a chegar, você sente que está deixando alguma coisa passar, e eu precisava entrar em uma aventura. Sempre tive uma aparência boa, um corpo que não aproveitei da melhor forma possível, então queria tirar umas "férias". Simplesmente criei uma conta no OnlyFans.


No início, compartilhava fotos com decotes ousados. Isso foi atraindo o público que estava crescendo, eu sabia ser ousada, tinha todos os materiais se é que você me entende: corpo e rosto. Sem mencionar que minha aparência era bem mais jovem do que minha idade, dá para imaginar o tipo de gente que vai aparecer. Não entrei nos fetiches mais doentinhos, alguns que vou nem escrever aqui, para não ter nenhum público jovem demais, que deseje pesquisar na internet. É bem nojento, e quando eu digo "nojento", é algo que você não vai esquecer.


Depois de um tempinho administrando minha conta, os meus apreciadores de conteúdo foi desejando mais coisas ousadas. Adorava maquiagens, decidir mudar meu estilo para algo que posso classificar como "garota vítima de agressão". Você não imagina quantos caras, e algumas mulheres, pedem para você ficar mandando áudio chorando, gemendo de dor e fingindo que está sendo agredida por alguém...


A recompensa veio de forma assustadora, eles estavam pagando muito bem e solicitavam coisas específicas, acreditando que aquela maquiagem toda em fotos eram realmente verdadeira. Eu explicava na bio que o meu marido fica excitado com esse tipo de coisa, espancando-me, lamentava e fazia um ótimo drama diante dele, mas, no fundo, adorava. Alguns caras me insistiram para gravar coisas, por exemplo, um vídeo lavando pratos, olhando para a tela e dizendo que "sentia muito por tais coisas", outros desejavam que eu comesse coisas da minha casa, uso de roupas e, na maioria dos casos, apenas solitários querendo conversar, etc. Três deles eram os vip"s, mais específicos e eram os que eram mais generosos com a carteira.


O cliente, que eu não vou escrever o nome, apenas colocar a inicial, F, me pedia para todas as noites, antes das dez, para ir ao banheiro e ter certeza que ele estava "limpo" e tirar uma foto de frente ao espelho sem camisa e sorrindo. Ele era sempre específico para estar "feliz na foto". Em certas ocasiões, quando não estava muito bem e exausta, as fotos não saiam muito boas, e ele parecia notar isso, claramente aborrecido, digitando alguma coisa como: essa não está como as outras", "infelizmente, não me agradou muito", "não precisa se preocupar, sei que vai se esforçar amanhã", etc. Esse tipo de comentário.


Fora o cara das fotos no espelho, tinha os outros dois, era uma mulher e um homem. Não dei descrições minhas, não falei sobre onde morava, meu verdadeiro nome ou qualquer tipo de informações que eles pudessem me encontrar, óbvio que eu nunca tive redes sociais, isso era mais um obstáculo para o meu público mais obsessivo. Nunca fui estúpida, tinha medo que alguns dos meus meus apreciadores na internet decidissem quebrar a barreira entre nós.


O oposto disso tudo era que eles falavam muito sobre eles, por exemplo, a P, que ficou evidente nas nossas mensagens sentir algum tipo de paixão pelos meus hematomas. Estava sempre conversando as coisas que estava sentindo e o seu desejo íntimo de tomar um chá comigo, explicando o que sentia uma "química" entre nós duas. Ela mostrou as suas redes sociais, e eu criei uma fantasma para conhecer um pouco de si e do seu trabalho, ganhava muito bem em um escritório gigantesco da cidade. Não parecia ser uma psicopata, apenas mais alguém com os seus desejos obscuros.

Grite!Onde histórias criam vida. Descubra agora