Há uma região nobre, próximo das montanhas onde eu moro que está conservando famílias tradicionais. Geralmente são idosos, as raízes e o início de tudo do nosso lugar. São os primeiros de muitas linhagens que conseguem ficar naquele povoado que, com o passar do tempo, se tornou uma localidade assustadora, tenebrosa, sombria e composta de paredes negras como a noite, monumentos horripilantes assemelhando-se a cadáveres, todos os tipos de vegetais em decomposição e mumificados, para assim, preservar o horror do tempo.
Como cuidador conhecido e desejando fugir do vasto inverno previsto, deixei a minha pobreza onde hábito e aceitei o trabalho para cuidar de uma anciã, uma senhora que está com o pé direito à beira da morte, em um casarão. O contratador me explicou que eu teria a companhia de alguém, uma mulher de meia idade responsável pelos medicamentos e alimentação, que cuidará da comida apropriada para a patroa deitada em sua cama, impossibilitada. Ao chegar na região, para começar minha nova experiência moribunda, pude perceber o quanto são assustadoras as características que as pessoas descreveram-me. As lembranças pareciam superstições e exagero até eu estar no mesmo lugar para sentir e apreciar de perto como é. Sei que a sensação é a mesma que eles descreveram: um lugar sem barulhos, sem vida, terra onde os animais não sobrevivem e nem qualquer tipo de natureza, a beleza fugiu daqui há muito tempo. E, se você precisar ficar nesse lugar, vai lutar com sua própria mente para não sucumbir.
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Um casarão muito bonito, trazendo detalhes de artistas antigos, um estilo clássico vitoriano. Cada traço e cômodo precisamente esculpido, é notório que existiu um amor em cada momento disso, eu pude apreciar cada ângulo e canto sendo esquecidos, mas preservando o espírito de quem modelou. Como de se esperar, quase solitária, havia uma outra mansão um pouco mais distante. Fui recebido pelo filho da dona que tomarei conta, meu patrão. Um médico renomado, que procurava alguém para ajudar a velha, sua mãe, durante mais ou menos um mês.
Naturalmente já havíamos combinado tudo pelo telefone, mas existia algo em particular que ele queria compartilhar pessoalmente. Diante da sua figura, ele apenas fitou-me com os seus olhos escuros e proferiu às seguintes palavras:
- Como pode perceber, esse lugar é desagradável e caminha em declínio. Apesar das circunstâncias, minha genitora insiste em ficar aqui. Eu não posso negar, ainda mais sabendo que ela pode morrer a qualquer momento. Há várias superstições sobre as casas serem assombradas pelos espíritos dos que já se foram, e você deve ter percebido o quanto esse lugar é doentio só de respirar esse ar pesado. Existe algum problema...? Além do mais, quero que esteja pronto quando conhecer a minha mãe pessoalmente.
Minha resposta se resumiu em revirar os olhos e bocejar, mostrando que eu estava irritado com a sua descrença. Eu, particularmente, odiava quando alguém duvidava do quanto poderia ser bom em algo.
