Pov. Juliana
Respira. Respira, Juliana. Você precisa se acalmar e não pensar sobre o assunto. Havia dois dias que Gerson tinha vindo conversar comigo.
Nós crescemos juntos, éramos vizinhos e amigos. Ainda somos, na verdade. Porém eu sempre nutri um sentimento por ele, e ele acabou sabendo disso no meu aniversário de 15 anos, quando eu confessei que gostava dele. A gente se beijou e foi ali que aconteceu meu primeiro beijo. Depois disso nossa amizade foi aumentando, mas logo ele conheceu a Greice. Se envolveu com ela e dessa relação nasceu a Giovanna. Foi um período difícil pra mim. Eu gostava dele, e ele sabia. Então saber que ele seria pai de uma menina com uma outra mulher me machucou. Mas tudo mudou quando a Gi nasceu. Eu peguei um carinho e um amor tão grande por ela, que parecia ter nascido de mim. Meio que a contragosto da mãe, me tornei madrinha dela, fazendo com que a relação com a pequena só aumentasse.
Depois disso, o Gerson acabou o que tinha com a Greice, mesmo ela sempre aparecendo na casa dele e estando bem presente na família. A partir daí, acabamos ficando mais tempo na presença do outro. Até que a gente se envolveu mais do que já estava envolvido. Há um ano nós estamos namorando. E tudo estava dando tão certo. Fui aprovada no curso de medicina, a carreira dele decolando, a Gigi sempre presente em nossas vidas. Éramos uma família feliz.
Mas éramos ou somos?
Gerson tinha recebido uma proposta para jogar no Olympique de Marseille, da França. De início eu tinha ficado feliz por ele, era uma boa proposta. Mas eu sabia que ele não estava tão apressado em fechar essa contratação, o Flamengo era a casa dele, o time que ele torcia e vibrava. Deixar isso tudo, era deixar um pedaço dele para trás.
Foi nesse exato momento que minha ficha caiu. Ele não estaria deixando apenas o Flamengo, ele estaria me deixando também.
E foi há dois dias que ele me falou que tinha aceitado e que iria assinar o contrato amanhã.
Eu estava evitando esse assunto, desde o momento que veio a tona na imprensa. Mas eu sabia que agora não poderia mas evitar. Era dolorido, mas eu precisava fazer isso.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Gerson, perguntando se poderia vir aqui em casa. Ele logo me respondeu, afirmando que em 10 minutos estaria aqui.
Vesti uma roupa confortável e desci as escadas. Eu morava com meus pais e meu irmão mais novo, mas naquela hora eles não estavam em casa, tinham ido jantar na casa de uma tia. Eles me chamaram, mas inventei uma cólica, apenas para aproveitar aquele momento.
Em poucos minutos Gerson chegou, o que abri passagem para ele entrar em casa.
— Oi, neguinha! — Ele me deu um selinho, logo indo sentar no sofá.
— Oi, preto!
Sentei ao lado dele.
— Então, por que me chamou aqui?
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Dreams
Fanfiction"Usar a imaginação é a única forma de você poder realmente ir a qualquer lugar" (Ann Patchett)