1° Capítulo

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Era 6 da manhã e minha avó já estava brigando comigo:
- Eu te avisei pra acordar mais cedo, você sabe que para chegar até lá demora 1 hora e a aula começa ás 7:00.
Eu sabia disso, mas ainda estava na esperança dela desistir de me encaminhar para aquele horrível colégio, eu sei que nunca fui lá, mas já dá para imaginar como é ruim, ainda mais para alguém como eu.
Por incrível que pareça, aquela hora já fazia sol por lá.
- Já estou quase pronta D/c, só mais uns minutinhos.
Só de pensar que eu só ia poder falar com o Fred nos finais de semana, me dava vontade de chorar.
Coloquei uma roupa bem gótica com um all star, prendi o cabelo deixando alguns fios caindo (acho lindo isso) e um brinco de cruz de ponta cabeça.
- Pronto.
Falei com aquela cara de quem não estava nada animada para aquela "bela" experiência, mas fazer o que se eu ainda vivia as custas dela, só tinha que obedecer mesmo né.
- Você vai DESSE jeito Niv?
Falou ela dando ênfase no "desse".
- Sim uai, porquê? acha que esta roupa está me deixando muito comportada? eu acho que vou por uma roupa mais extravagante e passar um batom vermelho então.
Eu disse brincando, não era para ela levar TÃO a sério...
- Se você continuar, eu vou ser obrigada a te deixar lá até nos finais de semana, e pode trocar essa roupa que neta minha não anda igual piranha comigo.
Ela realmente era muito exagerada, só estava aparecendo um pedacinho da minha barriga com aquele cropped.
Vontade de falar "piranha não, puta" só acho que ela estava bastante irritada para mais uma brincadeirinha, sem contar que se desse um taque cardia nela ela morria na hora, ou pelo menos ela fingiria do jeito que é dramática.
Me lembrou aquela música "Postura de Dama".
Eu estava torcendo para ter alguma "piranha" (como diz ela) no colégio com quem eu pudesse conversar sobre essa situação constrangedora. Apesar de gostar mesmo é de ficar a maior parte do tempo sozinha, o ser humano é muito difícil de se lidar, então eu geralmente não fazia a menor questão de me enturmar (um dos motivos principais pelo qual a Dona Catarina quis me pôr lá).
Antes de ir, me despedi da vizinha (uma das poucas amigas que tinha), do Thor (meu cachorro), do meu altar, e das outras pequenas coisas que tinha em que me apeguei (sim, eu sou materialista e daí?).
No caminho a gente foi ouvindo Hey Jude dos Beatles no carro (sim, a Dona Catarina dirigia por mais velha que ela fosse), oque me fez chorar lembrando do Fred (um pouco só, logo lembrei de que lá ia ter várias meninas, e acho que não seria impossível de encontrar uma que me atraísse dentro desse tempo naquele colégio infernal), ele não pôde se despedir de mim.
Eu já sentia que aquele ano seria *INESQUECÍVEL*.

𝒰𝓂 𝓉𝑒𝓂𝓅𝑜 𝒶𝓃𝓉𝑒𝓈...
"Querido diário (que clichê) hoje 23/04, o Fred (sim, aquele guri que eu não gostava  e depois dei com a língua nos dentes beijando o próprio) me pediu em namoro, e por mais que eu não seja apaixonada por ele, eu aceitei já que a gente fica a algum tempo.
Ele disse que posso ficar com outras garotas, eu achei meio machista, porque ele disse logo em seguida: -"Somente garotas".
A vó Catarina adorou toda as vezes que ele veio aqui pra gente namorar (claro que essa parte ela não sabe, a gente esperava ela capotar na soneca depois do almoço), ela fez chá pra gente, conversou bastante com o Fred, enfim...ela amou ele.
É isso Davin, quando tiver mais notícias eu atualizo, beijinhos.

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