- Você que é a Nivane?
Era uma freira com cara de fumante, que pela cara não estava muito alegre em me ver.
- Sim...
Olhei com cara de quem esperava mais palavras vindas da boca dela, mas pela cara já não era muito bom esperar nada não.
- Hm, falta pouco tempo pro almoço.
- Eu sei.
Respondi curta enquanto ela saía do quarto levando consigo minha tensão escondida por trás do rosto.
- Pelo visto ela não gostou muito de você, eu a apelidei de M.d.m (maconheira da morte), a mulher tem uma cara de que a qualquer minuto pode te estrangular, e ao mesmo tempo cara de quem fumou um back e está super rilex. Você não vai se arrumar não?
- Eu já estou arrumada, acha que é muito simples esse batom preto?
- Simples de mais pra mim borrar.
Caralho, deu um gay panic.
- Respondendo a sua pergunt...
Antes que eu pudesse terminar ela me interrompeu.
- Mudando de assunto?
- Eu namoro sim.
Disse sem ar nos pulmões.
- Não sei por que, mas não acredito.
- Bom... aí é problema seu.
Aff, falando igual aqueles héteros top cheio de ego.
- Ah para, você tem muito cara de lésbica safada que beija qualquer pessoa que vê pela frente. Como você mesma disse pra freira: puta.
- E você de sem noção.
Ela ficou em silêncio até eu pedir ajuda pra encontrar o lugar onde todos almoçam.
Batom preto, cabelo tampando o decote da blusa que recém tinha posto quando entrei no quarto, meia arrastão e bota. Isso fez com que as freiras ficassem me olhando como se fosse o pecado em pessoa.
- O diabo encarnado.
Caty disse com tom de correção como se lesse minha mente enquanto prendia os curtos cabelos, porra aquilo deixava ela tão... sexy. Ela também era o diabo encarnado, ou melhor, Lilith encarnada, tinha muita correlação já que entidade é associada a mal-estar que era exatamente o que Caty me trazia quando se aproximava muito ou falava algo absurdo. Ela tinha cara de meiga a minutos atrás quando a vi pela primeira vez, e agora já a vejo totalmente diferente? Estranho isso.
Segundos antes de tentar me levantar da mesa pra subir pro quarto pegar meus materiais, um padre apareceu.
- Nivane?
- Uhum, Tatyword?
- Sim, prazer em tê-la no colégio Sion.
- Obrigada.
Falei com cara de desinteresse, já que o mesmo me parecia estranhamente familiar e principalmente tarado. Será possível que não existia santos ali? Pelas barbas do profeta, se a D/c visse isso...
- Então, daqui uma semana chega a última futura freira (falou com um sorriso no rosto), ou não, e ela vai ficar no quarto de vocês. Ah... passe na minha sala às nove, antes de dormir.
- Eu hein.
Disse baixo somente para Caty escutar enquanto ele saía.
Eu até gostei de saber que teria mais uma guria com quem eu pudesse quem sabe dividir minhas frustrações futuramente quando confiasse já que não tinha quase nenhuma amiga.
Aquela semana passou tão rápido e tranquila, os estudos de química e ensino religioso estavam moleza, mamão com açúcar para mim...
- Oi, sou a Niv, então você que é a futura nova última freira do ano a entrar?
Eu critiquei a Caty quando fez isso, e agora era minha vez de ser cringe como ela, aff. Eu não era sempre assim tão rabugenta reclamando, só não estava na minha melhor fase dentro de um lugar que é totalmente o contrário de onde eu queria estar, minha vontade era estar pulando uma fogueira pelada, comemorando Lupercália com o Fred, bebendo vinho a luz da lua, transando até meu pulmão dar bug por não ter mais ar. Mas a única coisa que eu podia fazer era estudar pra caralho, entender todos os pecados cristãos, comer uma comida saudável que nos era dada no colégio e dormir 7 horas por dia. Me diz quem tem bom humor vivendo assim? Quer dizer...sobrevivendo.
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Em busca da verdade
AdventureNiv é uma garota de 16 anos cheia de confusões e questionamentos, vontades e curiosidades, que é enviada para um colégio interno de freiras contra sua própria vontade, durante esse tempo ela tenta aproveitar o máximo sua vida lá dentro e acaba conh...