1 - A cidade que sempre chora

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"Seu jutsu criou uma conexão entre o corpo do Madara e o seu. Foi assim que eu te encontrei. [...] Você não está sofrendo danos físicos, mas morrerá se não cortar sua conexão com Madara. [...] Você me lembra daquela mulher. Posso te dar um pouco do meu poder para que você consiga quebrar a conexão. Esse é o preço pela sua vida e a do seu filho. Você está disposta a pagar?"

"Rumpff!!" Ahmya acordou em sobressalto. Embora fosse mais uma memória do que um pesadelo, o sonho lhe ocorreu como um mal presságio.

A guerra havia acabado há quatro anos e, desde sua absolvição como criminosa internacional, ela evitava pensar nos assuntos daquela época.

É claro que a decisão que a kunoichi tomou naquele dia a acompanharia pelo resto de sua vida. Mas... por que se lembrar disso agora?

A líder de Amegakure terminou de se levantar, se vestiu e subiu para o terraço, acima da cabeça da estátua principal anexada à torre mais alta da cidade, o lugar que ela se referia como casa há quatorze anos.

Observar a vila à qual tanto se dedicara e, depois de tantas mudanças, finalmente respirava o ar do progresso, tornou-se um hábito que a ajudava a pensar.

A mulher de longos cabelos vermelhos, parte deles soltos, outra parte presa em um coque no topo da cabeça, pele clara e vestindo um manto negro com uma estreita faixa vertical vermelha e preso por um cinturão cinza com detalhes marrons, inclinou o corpo, apoiando os braços sobre a grade baixa que marcava os limites do terraço.

O sol nascia por trás dos arranha-céus e a chuva da manhã não tinha começado. A cidade ainda descansava, quase não se podia ver alguém nas ruas.

"Mamãe!!!" o menino de cabelos escuros e grandes olhos negros, com recém completados três anos, correu entusiasmado em direção à mãe. Ele tinha um sorriso aberto e gentil no rosto.

"Bom dia!" ela se agachou para se aproximar à altura da criança "Por que você se levantou tão cedo?"

"Eu não sei..." ele hesitou e seu sorriso desapareceu "Eu tive mais um pesadelo. Uma sensação ruim... lá no fundo da minha mente".

'Shisui também sentiu... ou talvez...'

Ahmya afastou seus braços oferecendo um abraço. Assim que Shisui se acomodou, ela ergueu-o no colo e se levantou. Os dois observavam a paisagem.

Nada estava fora do habitual, talvez fosse melhor apenas começar o dia.

"E então, o que você quer para o café da manhã?" a mulher falou gentilmente como a mãe amorosa que costumava ser.

"Dangos!!" ele sorriu entusiasmado "Você pode me contar a história de quando você e o papai lutaram no exame chunnin?"

Ahmya trabalhava muito e contar histórias para o filho durante os momentos que compartilhavam, principalmente as refeições e a hora de dormir, era uma forma encontrada pela mãe para se aproximar da criança.

As histórias sobre Itachi eram as favoritas de Shisui.

"Essa história de novo?!" a mãe riu, ela já não calculava mais quantas vezes tinha narrado esse episódio para o filho "Que tal se hoje eu contasse sobre como o Yahiko-sensei e a Akatsuki salvaram uma vila inteira de um bando de mercenários sem derramar uma única gota de sangue?"

"Não!" o pequeno protestou "Eu quero a história do papai!"

"Tudo bem..." Ahmya caminhou para o interior do prédio ainda com o filho nos braços "Mas quero algo em troca. Quero que faça um desenho bem bonito para ilustrar essa história."

"Certo!!" Shisui sinalizou um jóia com a mão firmando o compromisso.

Pouco depois, a expressão do menino tornou-se repentinamente melancólica. Ele voltou o rosto para baixo "Mamãe... porque você nunca fala sobre como o papai morreu?..."

Com as palavras do filho, a Uzumaki sentiu uma forte fisgada em seu coração. Mas tentou responder sem transparecer sua dor.

"Meu amor..." ela voltou o rosto para a criança "Seu pai estava muito doente e... ele está em paz agora. Dor, sofrimento... o Itachi-kun não sente mais essas coisas... do outro lado."

Ahmya colocou a criança no chão e se ajoelhou diante dela.

Mesmo que nunca tenha o conhecido, Shisui sustentava grande admiração pelo pai, descrito por sua mãe e por seu tio como um grande herói do mundo shinobi.

"Um dia a morte chega para todas as pessoas. E é natural ficarmos tristes por não termos alguém que amamos por perto. Mas o Itachi-kun nos amou de todo o coração e partiu desejando que você tivesse uma família e uma vida feliz. Isso é o mais importante que você precisa saber sobre seu pai."

Shisui mirou o rosto da mãe e sorriu timidamente, ainda um pouco melancólico. Ahmya levou as pontas dos dedos às costelas da criança, fazendo cócegas e arrancando algumas gargalhadas. Ao final, o menino tinha de volta seu habitual e doce sorriso.

"Quem chegar primeiro na cozinha ganha mais dangos." a mãe sorriu de uma forma divertida ao lançar o desafio. Logo depois o corpo dela cintilou [1] e ela desapareceu.

"Ei!!! Isso não é justo!! Você nem gosta de dangos!" Shisui protestou enquanto corria alegre, movendo-se habilmente com os braços para trás, entre os andares da torre mais alta de Amegakure.



***

NOTAS:

1 - Cintilação corporal é uma técnica que combia uso de chakra e habilidades físicas para gerar deslocamentos em alta velocidade. É a mesma técnica utilizada por Uchiha Shisui e Haku, que de tão rápidos superavam a velocidade do processamento de imagnes no cérebro das pessoas, dando a impressão de que estavam em vários lugares ao mesmo tempo, e pelos Anbus e shinobis mais experientes, quando eles parecem desaparecer de uma vez.

Uzumaki Shisui shinden - o legado de ItachiOnde histórias criam vida. Descubra agora