58 - O nascimento de uma nova lenda

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Shisui prendeu seu cabelo em um alto rabo de cavalo e amarrou o fukumen vermelho, tampando toda a parte do rosto abaixo dos olhos. Ele moveu a cabeça, observando as paredes, móveis e objetos ao seu redor. Seu quarto na torre mais alta de Amegakure parecia menor do que antes.

Talvez ele tivesse crescido, talvez apenas tivesse deixado o tempo passar e não reparou quando deixou de precisar de ficar nas pontas dos pés para observar pela janela, quando seu futon já não era tão espaçoso quanto antes, quando perdeu o interesse em fazer do encanamento antigo da torre um tobogã para se divertir com seus amigos.

Ele olhou para a mesa de estudos e a prateleira acima dela. Os livros emprestados de Hanae já tinham sido devolvidos, deixando um espaço vazio entre os seus enfileirados.

Os porta retratos guardando registros de uma realidade que já não existia mais. Itachi vestido com uma manta negra estampada com nuvens vermelhas; um Shisui de sete anos sorridente ao lado da mãe; o bebê de cabelos e olhos negros no colo de Shisui, ao lado de Sasuke e Sakura; a cerimônia alegre do casamento de Naruto; os jovens amigos entusiasmados depois de reunirem-se na vila da Pedra para o exame chuunnin... os membros do time dois.

Estas últimas eram as fotografias mais abundantes. Variadas poses, cenários, caras e bocas. Apenas uma coisa era invariável, Haruo, Hanae e Shisui pareciam indiscutivelmente felizes em cada uma das imagens de momentos compartilhados.

Não era permitido que os Ronins carregassem objetos pessoais passíveis de identificação consigo durante as missões. Mas não existia nenhuma regra contra fixar fotografias no interior de seu armário, na base do Centro de Inteligência Nagato na qual serviria.

Ele retirou uma fotografia em que aparecia ao lado de seus melhores amigos do porta retrato e a guardou no bolso interno de novo kimono. Depois apanhou sua katana e a amarrou embainhada no obi envolto em sua cintura.

Shisui estava pronto, ou quase. Depois de adentrar a mais profunda escuridão, ele já não conseguia habitar a luz ou talvez temesse andar sob o sol novamente. O esquadrão Ronin era formado pelos shinobi de Amegakure que se moviam pelas sombras. Sem rosto, sem nome, sem laços... apenas missões. Aquele era o lugar onde Uzumaki Shisui desejava estar.

Ele foi aprovado com nota máxima em todos os testes de admissão. Como era de se esperar, Ahmya não permitiu que o filho atuasse nas investigações sobre o laboratório do Dr. Ishii, dado o envolvimento emocional dele com o caso. Por mais que quisesse descobrir toda a verdade por trás da morte de seu melhor amigo, Shisui aceitou a decisão sem protestar, certo de que qualquer insistência seria um argumento a mais para que a Chisaikage mudasse de ideia.

Dadas as notas do Uzumaki, o diretor do Centro de Inteligência o permitiu escolher um campo de atuação dentre os trabalhos executados pela categoria. Ele optou pela mediação de conflitos e pacificação nas áreas do mundo onde a violência ainda era a realidade predominante. Um trabalho que o faria passar bastante tempo afastado de Amegakure, o que, no fim, era o seu desejo.

O jovem deixou o quarto sem saber quando voltaria ali. Ao passar pelo saguão foi recepcionado por Ahmya, Sasuke e Hanae. Cada um deles se despediu à sua maneira.

Hanae com uma porção de recomendações, fez o amigo prometer que a escreveria ao menos uma vez por semana. Ahmya pediu que o filho se cuidasse e o abraçou com tanta força que Shisui quase não pode respirar. Sasuke, como sempre, foi curto e objetivo nas palavras emitidas com austeridade "Espero que você encontre o que está procurando.".

Depois da despedida, Shisui seguiu sozinho para a abertura da torre que dava para a cabeça da estátua de um camaleão, anexada ao prédio.

Os pingos da chuva recochetearam em seu corpo. Seus olhos percorreram a paisagem sempre cinza, a arquitetura hostil com encanamentos à mostra e prédios pontiagudos que pareciam querer perfurar os céus. Ele não sabia dizer se sentiria saudade daquele lugar.

Shisui já tinha perdido aquela pequena luz quente e frágil que chamam de 'esperança'. O que veria ou enfrentaria como Ronin, o que viria a seguir, já não perturbava. Ele sequer tinha um sonho para perseguir.

Dali em diante, ele usaria seu poder para livrar o mundo dos conflitos que ainda restavam, se aproveitando de sua posição para subjugar as pessoas que ainda desejassem o mal. Talvez assim, pudesse quitar a dívida deixada por sua própria maldade e, um dia, alcançar o direito de juntar-se a Haruo do outro lado.

"...a guerra o seguirá onde quer que você vá."

As últimas palavras do Dr. Ishii não eram uma novidade para o Uzumaki. De alguma forma, como uma intuição desde a primeira vez em que seus olhos tornaram-se roxos e foram preenchidos por seis anéis, Shisui soube que nunca se livraria da dor e da guerra enquanto vivesse. Mas ele não se importava mais. Desde que as pessoas que amava estivessem distantes e, consequentemente, seguras, a guerra poderia segui-lo e até encontrá-lo, porque agora ele já estava pronto.

Apenas uma coisa importava agora, pagar por seus pecados enfrentando o inferno na terra, até que a morte o alcançasse, para que sua dor finalmente encontrasse um fim.

Do alto da torre mais alta de Amegakure os olhos do jovem uniformizado giraram, sua pupila ficou menor e rodeada por três tomos. O horizonte cinza em seu campo de visão tornou-se vermelho como o sangue.

'Haruo-san, eu ainda preciso me tornar digno de te encarar nos olhos outra vez. Agora eu consigo ver uma forma de apagar os conflítos sem tirar vidas... como você sempre fez. Então peço, por favor, espere por mim.'

Shisui saltou da torre de encontro ao seu destino.

Uzumaki Shisui shinden - o legado de ItachiOnde histórias criam vida. Descubra agora